Notável a determinação de Louise Michel, a professora cuja coragem tanto se revelara nos dias de batalha campal durante a Comuna de Paris e logo deportada, com muitos dos seus camaradas, para o arquipélago da Nova Caledónia, no Pacífico Sul, entre a Austrália e a Nova Zelândia.
Se as autoridades francesas julgavam domar-lhe a combatividade nos distantes antípodas, bem se enganaram, porque a revolucionária logo ali organizou profícua tertúlia com outros intelectuais colocados na mesma condição e conseguiu melhor estruturar a sua ideologia. Mas não só: indignada com a má sorte destinada aos que os carcereiros entendiam comportar-se mal, isolando-os e agredindo-os, não cessou de denunciar tal situação, quer junto do governo de Paris, quer nas cartas trocadas com Victor Hugo, sabendo-o capaz de influenciar a opinião pública com os seus aclamados textos.
Nos sete anos, que durou a deportação, Louise entrou, igualmente, em contacto com os habitantes originais daquelas ilhas, os canacas, cuja língua e cultura procurou conhecer e divulgar. Ao contrário da mistificação, sobre eles sugerida pelo poder colonial, eram bem mais civilizados do que difundiam os que lhes apontavam hábitos antropófagos.
Não admira que, quando os canacas se revoltaram em 1878, Louise os tenha defendido, vendo-os portadores de ideais tão pertinentes quanto os da Revolução de 1871, dado combaterem contra as expropriações decididas pelos brancos para os espoliarem das melhores terras de cultivo.
Regressada a França, Louise Michel prosseguiria a militância política até as forças a abandonarem e a morte a encontrar aos 75 anos,
De fibra semelhante à da cabecilha da Comuna de Paris foi Emmeline Pankhurst, sufragista escocesa que, nas primeiras décadas do século XX, bateu-se ativamente pelo direito das mulheres em participarem na eleição dos seus governantes. Frequentemente presa foi sua a ideia de preparar três dezenas de companheiras com a recém divulgada arte marcial japonesa (o Jiu-jitsu) para que lhe servissem de guarda-costas dificultando as intenções policiais em recolocarem-na atrás das grades. O combate memorável de 1914, em que as valentes lutadoras enfrentaram trezentos polícias, causou tal escândalo que a opinião publica colocou-se decididamente do lado de quem mostrara tal coragem perante a prepotência do poder. Quatro anos depois, superada a Grande Guerra, e mesmo só beneficiando as mulheres com mais de 30 anos, a luta de Emmeline e das suas cúmplices, conheceu finalmente o merecido sucesso.
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