A maioria das mortes ocorreu por asfixia, sendo que 16 das vítimas mortais foram decapitadas. Os confrontos, que se prolongaram por cinco horas, começaram quando os reclusos que integram uma das fações invadiram a ala onde se encontravam detidos os elementos de uma organização criminosa rival. O ministro da Justiça pede prisão perpétuaO balanço mais recente do violento confronto entre reclusos de fações rivais, esta segunda-feira, numa prisão brasileira aponta para pelo menos 57 mortos. O motim ocorreu no Centro de Recuperação Regional de Altamira, localizado no sudoeste do estado do Pará, no nordeste do Brasil. Os confrontos prolongaram-se durante cinco horas.
A maioria das mortes ocorreu por asfixia, sendo que 16 das vítimas mortais foram decapitadas, segundo informou o Sistema Penitenciário do Pará. “Foi um ato dirigido. Os presos chegaram a fazer dois agentes reféns, mas logo foram libertados, porque o objetivo era mostrar que se tratava de um acerto de contas entre as duas fações e não um protesto ou rebelião dirigido ao sistema prisional”, afirmou o superintendente Jarbas Vasconcelos em comunicado.
O governo estadual do Pará revelou ter-se tratado de uma disputa entre duas fações criminosas pelo controlo da unidade prisional. A Polícia Militar conseguiu conter a rebelião e passou o resto do dia a fazer a recontagem dos reclusos e a avaliar os danos provocados na unidade.
MORO PEDE PENAS “PARA SEMPRE” PARA LÍDERES DAS FAÇÕES
Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, a cúpula de segurança do Pará já previa o confronto entre fações naquele que é considerado o maior motim deste ano no Brasil. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou pretender que os líderes das fações cumpram penas “para sempre” em prisões federais.
As autoridades referiram que os confrontos começaram pelas 7h00 da manhã, hora local (meio-dia em Lisboa), quando os reclusos que integram uma das fações invadiram a ala onde se encontravam detidos os elementos de uma organização criminosa rival. Alguns dos reclusos atearam fogo no local, o que provocou a morte de diversos detidos devido à inalação de fumo.
MUITOS RECLUSOS, POUCOS AGENTES E SEM VALÊNCIAS
A prisão em causa apresenta condições classificadas como “péssimas” num relatório do Conselho Nacional de Justiça. A sua capacidade é de 163 vagas mas, até esta segunda-feira, 343 reclusos cumpriam pena no estabelecimento prisional, ou seja, mais do dobro. Além da sobrelotação, o documento aponta o reduzido número de agentes face ao número de detidos e a ausência de um bloqueador de telemóveis e de valências como uma enfermaria, uma biblioteca, salas de aula e oficinas de trabalho.
O Pará é o quarto estado mais violento do Brasil e tem registado o avanço das milícias num fenómeno que só encontra paralelo no Rio de Janeiro, escreve a “Folha”. Em nenhum outro estado as organizações criminosas estão tão organizadas e dominam áreas tão vastas, que vão desde a oferta de serviços de televisão por cabo a serviços de segurança.
OUTROS MASSACRES EM PRISÕES BRASILEIRAS
O jornal elabora uma lista com “outros grandes massacres” em prisões brasileiras. No topo encontra-se Carandiru, em São Paulo, quando, em 1992, a polícia entrou no estabelecimento prisional após um confronto generalizado e matou 111 pessoas. Logo a seguir vem Manaus, onde, no Ano Novo de 2017, uma série de rebeliões fez 67 mortos numa semana.
Na terceira posição surge o motim desta segunda-feira em Altamira, que, segundo o balanço mais recente, se saldou em 57 vítimas mortais. A prisão já tinha sido, de resto, palco de uma rebelião em setembro do ano passado que terminou com sete mortos.
Ainda neste ano de 2019, rebeliões em quatro prisões de Manaus provocaram 55 mortos em dois dias.
expresso.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário