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domingo, 31 de maio de 2020

Morte de George Floyd fecha 25 cidades. Mayor de Chicago tem recado para Trump: "São duas palavras, que começam por 'f' e acabam em ' you'"


Pelo menos oito estados acionaram a Guarda Nacional dos EUA e 16 tiveram cidades a impor, na madrugada deste domingo, a ordem de recolher obrigatório para tentarem travar os protestos contra a violência policial que matou George Floyd, um cidadão afro-americano. Milhares de americanos manifestaram-se nas ruas pelo quinto dia consecutivo. Em Los Angeles e Nova Iorque houve carros da polícia incendiados. Donald Trump voltou a falar para condenar os protestos e a mayor de Chicago reagiu: "Vou codificar o que realmente quero dizer. São duas palavras, que começam por 'f' e acabam em ' you'"



Donald Trump chamou “bandidos” aos manifestantes que saíram à rua em protesto pela brutalidade da morte de George Floyd, pela polícia de Minneapolis
CARLOS BARRIA
Na madrugada deste domingo, nos EUA, pelo menos oito estados decidiram acionar a Guarda Nacional do país para tentarem deter os protestos nas ruas contra a violência policial que levou à morte de George Floyd, que já se verificaram em, pelo menos, 30 cidades do país. A ordem de recolher obrigatório (curfew) também foi imposta em mais de 15 de estados. Registaram-se protestos, vigílias ou ajuntamentos em 39 dos 50 que perfazem os EUA.
Na famosa Union Square, em Nova Iorque, dois carros da polícia foram incendiados, como comprovou e fotografou um repórter da "Al Jazeera" presente no local. Enquanto isso, Donald Trump recorria à sua rede social preferida. "Deixem o melhor de Nova Iorque ser o melhor de Nova Iorque", escreveu no Twitter, utilizando a expressão "New York's Finest", usada tipicamente para descrever a polícia da cidade - "não há ninguém melhor, mas têm de poder fazer o seu trabalho", acrescentou.
Em Nashville, no estado do Tennessee, a polícia local disparou balas de borrachas contra os manifestantes para os dispersar, noticiou a "NBC News".
O estado da Georgia foi dos primeiros a decretar a ordem de recolher obrigatório, que vigorará da noite deste sábado até à manhã de domingo.
Em Atlanta, onde se registaram confrontos entre manifestantes e agentes da polícia diante da sede da CNN, a mayor, Keischa Lance Bottoms, justificou a decisão com a violência da noite anterior. "É uma medida extrema", admitiu, horas depois do governador do estado, Brian Kemp, ter declarado estado de emergência.
Outras cidades também decidiram ordenar um recolher obrigatório: Filadélfia e Pittsburg (Pensilvânia), Los Angeles (Califórnia), Seattle (Washington), Cleveland (Ohio), Rochester (Nova Iorque), Miami (Flórida), Milwaukee (Wiscounsin) ou Chicago (Illinois).
Ao todo, contabilizou a "CNN", serão pelo menos 25 cidades espalhadas por 16 estados, uma delas Minneapolis (Minnesota), cidade onde George Floyd morreu, os protestos eclodiram primeiro e o mayor, Jacob Frey, pediu às pessoas que permanecessem em casa.

ABUSO DE FORÇA POLICIAL, MORTE, PROTESTOS E VIOLÊNCIA

Aconteceu na segunda-feira, 25 de maio. Um agente da polícia de Minnesota prendeu a respiração a George Floyd durante cerca de oito minutos, pressionando-lhe o pescoço contra o chão, com um joelho, sem o atender ao seu pedido para o largar. "I can't breathe", disse, repetidamente. Não conseguia respirar. Foi ouvido e visto num vídeo gravado por um telemóvel. Tinha 46 anos.
Derek Chauvin, o agente da polícia que manteve o joelho contra o pescoço de George Floyd, apenas foi detido na sexta-feira, tendo já sido acusado de homicídio em terceiro grau. Alegadamente, Chauvin terá agido contra Floyd por este ter tentado usar uma nota falsificada de 20 dólares. No histórico do agente contavam-se 17 queixas, tendo 16 sido arquivadas. Em 2006, atirou a matar contra um suspeito.
Os protestos deste sábado repetiram a revolta e a tensão das quatro noites anteriores: em Los Angeles, por exemplo, houve três carros da polícia incendiados, reportou a "NBC"; em Nova Iorque, segundo a "Bloomberg", os manifestantes dirigiram-se a uma esquadra, bloqueando as ruas e confrontaram a polícia, acabando com algumas detenções; em Atlanta, viram-se conflitos entre manifestantes e agentes da polícia diante da sede da CNN, que ficou danificada; em Washington, milhares de pessoas juntaram-se diante da Casa Branca.
expresso.pt

COMO IDOSO ACHO REPUGNANTE



Agostinho Lopes
Como idoso acho repugnante


Ou a suma hipocrisia. Há coisas que fazem revolver as tripas, sem ser comida estragada. No Público de 02MAI20 vem publicada a Opinião colectiva de um conjunto de ilustres personalidades sob o título «Sem os idosos não há futuro». Para lá do exagero da negação, mas que se percebe para dar força à mensagem a transmitir pelo texto, acoberta-se uma hipocrisia imensa. Tão vasta como as últimas décadas de neoliberalismo galopante e militante.
Subscrevem a dita Opinião, para lá de cidadãos respeitáveis, de cuja boa fé não duvido, outros com responsabilidades directas e indirectas em todas as situações e problemas sofridos pelos idosos no contexto da pandemia. De facto, inaceitáveis.
Mas ver gente como Romano Prodi, Filipe González, Hans Gert Pöttering e outros, lamentar, choramingar pela situação dos «idosos» – arrepiados pelo «número dramático de mortes nos lares», «preocupados com as tristes histórias dos massacres de idosos nos lares» –, advogar a necessidade de «superar» a «institucionalização» e exigir a revisão dos «sistemas públicos de saúde», para impedir o surgimento de «um modelo perigoso que favorece um «serviço de saúde selectivo» que considera a vida do idoso como residual», e etc. (que as citações podiam continuar) – daria uma enorme vontade de rir se não fosse tão horrorosamente lamentável.
Não é que os responsáveis pelos baixos salários e pensões de reforma, colocando no limiar da pobreza e da sobrevivência milhões de habitantes da população europeia, e por políticas de urbanismo e habitação subordinadas à especulação imobiliária e financeira, impedindo que milhares de famílias tenham os rendimentos e a casa com meios e condições para albergar e cuidar dos seus ascendentes, «choram» pela «institucionalização»!?
Não é que os responsáveis por políticas sociais de orçamentos mínimos e que promoveram (e promovem) a privatização, tanto quanto possível, de funções sociais dos Estados a favor do capital privado e de instituições ligadas às cadeias de caridade assistencial das igrejas, ou seja, de lares que são na sua maior parte «armazéns de idosos» (por contraposição aos hotéis residenciais de idosos onde vivem os da minoria que têm grossos rendimentos ou patrimónios, reforçando na 3ª idade a já fortíssima desigualdade social existente na população activa), «choram» pelas coisas horríveis que aconteceram nos lares com a pandemia!?
Não é que os responsáveis pela mercantilização da saúde, pelas restrições financeiras dos serviços públicos de saúde, como o SNS, pela privatização realizada (e em curso) de áreas completas de serviços médicos e hospitalares – ver a ofensiva do grande capital em Portugal – «choram» pela adopção (inaceitável, ilegal e imoral) de critérios de valorização mercantil dos utentes e hierarquização correspondente no acesso aos tratamentos!? (Esqueceram-se de dizer que com os doentes ricos não terão dilemas morais nem necessidade de optar, porque haverá sempre um lugar num hospital privado... onde serão tratados).
Não é que os responsáveis pela troika que cá chegou e todas as outras troikas, os responsáveis pelos Pacto de Estabilidade, Pacto Orçamental, pelos Tratados de Maastricht e de Lisboa, pelo Euro e os seus dogmas monetaristas e neoliberais, pelos seus mandamentos do défice e da dívida pública, responsáveis pela desvalorização salarial, pelo congelamento das reformas, por políticas sociais anémicas e estrangulamento dos serviços públicos de saúde, acabam a chorar lágrimas de crocodilo pelos «velhinhos»!? É demais.
Idoso que sou, quero declarar repugnante, não a Opinião, mas a lata política de alguns dos que a assinam. Mas se insistirem em publicitá-la, juntem à subscrição, pelo menos, os nomes de Blair, de Merkel, de Delors e outros franceses e alemães e de outras nacionalidades... e, já agora, de uma lista imensa: Cavaco Silva, Guterres, Durão, Portas e sucessores



De foicebook

"O livro dos abraços" de Eduardo Galeano


As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata
.
— Eduardo Galeano, no livro “O livro dos abraços”. tradução Eric Nepomuceno. Porto Alegre: L&PM, 2002

sábado, 30 de maio de 2020

História insólita de Portugal: quando a Coca-Cola tentou derrubar Salazar



A história tem destas estórias... Sabia que a Coca-Cola tentou derrubar Salazar apoiando o General Humberto Delgado? É mais uma história insólita de Portugal.
coca-cola
Primeiro estranha-se, depois entranha-se”, este foi o slogan publicitário criado por Fernando Pessoa, em 1928, para o lançamento da Coca Cola em Portugal. Em plena ditadura militar, onde já pontificava a austeridade do ministro das finanças, Oliveira Salazar (que Pessoa abominava), o projecto foi recusado, com a justificação que criava “habituação”.

Fernando Pessoa, autor do slogan da coca-cola
Fernando Pessoa, autor do slogan da coca-cola

O argumento não é completamente despropositado. A Coca Cola surgiu como resposta ao sucesso de um vinho de origem italiana, Vinho Marianni, produzido à base de cocaína. Vem à memória a frase de Frédéric Bartholdi, criador da Estátua da Liberdade, que referiu que se o vinho Marianni tivesse sido inventado mais cedo teria projectado uma estátua muito maior. Até 1929, a cocaína resistiu na composição química da Coca Cola, razão pela qual a resposta das autoridades portuguesas até pode ser considerada progressista.

Salazar
Salazar

Já em pleno Estado Novo, a empresa voltou à carga. O concessionário para a Península Ibérica, um russo de ascendência americana mas radicado em França, tentou por todas as vias convencer o senhor de “S. Bento”  a autorizar a comercialização da popular bebida americana. A última das quais, oferecendo uma “comissão” ao presidente do Conselho. Parece que Salazar, cordialmente, disponibilizou os préstimos dos seus seguranças para o acompanharem imediatamente ao aeroporto
A terceira démarche foi, imagine-se, através do financiamento de uma campanha eleitoral. A frase “obviamente demito-o”, proferida por Humberto Delgado na campanha presidencial de 1958, não foi apenas um sinal de luta contra a ditadura, pois resultou de uma “exigência” da Coca Cola (com o envolvimento da CIA), como justificativo para tão generosa oferta. Álvaro Cunhal, que detestava Delgado, chamou-lhe o General Coca Cola…

Publicidade da coca-cola

Esta tentativa foi tão frustrada com as restantes, não deixando de ser elucidativa da força que as grandes multinacionais detêm e as vias que utilizam para que prevaleçam os seus interesses.
A Coca Cola entraria legalmente em Portugal (nas colónias consumia-se através de contrabando com países vizinhos) em 1977, 49 anos após a primeira tentativa, sem que a sua entrada não tenha sido vista com desconfiança pelas hostes comunistas, agitando a conhecida bandeira da luta contra o imperialismo americano. Esta foi a única batalha ganha pela Coca Cola, numa altura em que o país se começava a recompor do agitado processo revolucionário, e em que era evidente a atitude de maior abertura ao exterior.
Humberto Delgado: o General Sem Medo
Era norma da oposição aproveitar os raros períodos eleitorais (no caso das eleições para a presidência da República apenas de sete em sete anos) para fazer campanha contra o regime, organizando comícios e distribuindo propaganda, com discursos relativamente formais dos candidatos e dentro das limitações que lhe eram impostas. Um pouco antes do dia das eleições os candidatos desistiam. Era isso que tinha acontecido nas presidenciais anteriores com Norton de Matos (em 1949) e Quintão Meireles (em 1951 em resultado da morte do presidente Carmona) e era previsível que o mesmo viesse a acontecer em 1958.

Humberto Delgado

É aqui que Humberto Delgado surge como um fenómeno inesperado. Não só profere uma frase surpreendente, que iria ficar célebre, como garante que vai até ao fim, até ao dia das eleições. A frase célebre foi proferida a 10 de Maio de 1958, numa conferência de imprensa no café Chave d’Ouro. A uma pergunta do jornalista Lindorfe Pinto Basto, da agência France-Press – “Sr. General, se for eleito Presidente da República, que fará do Sr. Presidente do Conselho?” – Humberto Delgado respondeu: “Obviamente demito-o!”
Tal afirmação, que será banal no discurso político actual, era impensável na época para a maioria dos portugueses. Prova disso é a reacção de satisfação dos defensores do regime: uma declaração daquelas liquidava Delgado em termos eleitorais porque “o País não tolera que se toque em Salazar”.

Humberto Delgado
Humberto Delgado

A garantia de que ia até às urnas (o que criava desde logo enorme expectativa sobre os resultados que pudesse vir a ter) e a coragem de afrontar directamente Salazar, aliados a um discurso empolgante (demagógico, segundo os apoiantes do regime) vão despertar um entusiasmo como nunca tinha existido em eleições anteriores.
Delgado corre o país, atingindo recantos onde não era habitual ver-se um candidato a presidente mas onde a sua fama já tinha chegado, o que lhe garante sempre banhos de multidão, acompanhados de confrontos com a polícia. Frequentemente atravessa cidades, vilas e aldeias a pé, num inédito estilo de campanha inspirado no que tinha visto nos EUA.

Humberto Delgado
Humberto Delgado

Tal como Salazar, também a oposição inicialmente desconfiou deste antigo colaborador do regime. O PCP, que chegou a pensar ser a candidatura de Delgado resultado de um conluio entre Salazar e os serviços secretos americanos e ingleses para dividir a oposição, vence a desconfiança e dá-lhe o seu apoio a 30 de Maio, no “Pacto de Cacilhas”.
Em plena campanha os apoios abrangem assim um leque que vai desde os comunistas aos antigos nacional-sindicalistas, passando naturalmente pelo centro, ou seja, pelos monárquicos e pelos velhos republicanos. O “furacão Delgado” acabou não só por surpreender o regime como a quebrar rotinas entre a oposição, indo ao encontro das suas melhores expectativas: dezenas ou centenas de milhares de apoiantes nas ruas.

www.vortexmag.net


Argentina. 50 anos depois, o orgulho de ter sido











Lembro-me sempre de uma nota que apareceu em um jornal "progressista" da época, para fugir dos trágicos acontecimentos da ocupação por um grupo de militantes no quartel de La Tablada, em janeiro de 1989, um conhecido jornalista de "esquerda" intitulado : "Me arrependo de ter estado" e, por trás do papelão, começou uma série de acusações repugnantes contra os jovens e não tão jovens que eles sucumbiram sob as balas do exército e da polícia. O cara queria que eles não confundissem seu passado "esquerdista" com aqueles "ilusórios" e não disse uma palavra sobre os genocídios.0 0

Em contraste com esse pensamento, orgulho-me de ter abraçado as bandeiras do peronismo revolucionário e de me juntar a Montoneros, precisamente neste 50º aniversário do Aramburazo, que junto com o Cordobazo são duas datas importantes na luta popular de nosso povo. .
Muito foi dito sobre o Aramburazo tentando contar "outra história" diferente da real, mas o que está claro é que sua execução (a do genocídio e fusilador Aramburu) foi celebrada em todos os bairros peronistas e por todos aqueles que sofreram durante anos o rigor repressivo da ditadura que os executados em Timote representavam. Foi um evento fundamental, registrado de surpresa na agenda da Resistência Peronista. Uma maneira de dizer "aqui estamos nós, eles não nos derrotaram", nem os mortos no bombardeio de 16 de junho de 55 na Plaza de Mayo. nem as execuções de José León Suárez, nem o plano de Conintes, nem 4161. Nem todos os mortos na luta que antecedeu aquele 29 de maio de 1970.
Nesse quadro de militância pronta para retroceder golpe por golpe, como eles não podiam se orgulhar de ter companheiros dispostos a dar tudo de si pelos outros, que eram os melhores de uma ninhada de jovens que não evitavam o treinamento teórico, mas ao mesmo tempo? Eles foram os primeiros a implementar essas idéias, boquete livro por livro, conversa por conversa, na prática constante. Aqueles meninos e meninas que, por um lado, ouviram Moris, Tanguito ou Sui Generis e Los Jaivas, e entre o trabalho e os estudos, fomos às forças armadas onde necessário, alfabetizando ou lutando pela falta de água nas favelas (como agora ) ou dispostos a acrescentar esforço e sacrifício para lutar ao lado dos mantenedores do Impenetrable e do Santa Fecino Chaco ou dos produtores de cana-de-açúcar de Tucumán. Mas também todos eles,
Era uma época em que nenhum de nós lutava por acusações ou regalias, mas para atacar o céu com tudo, vire a tortilla definitivamente "para que os pobres comam pão e as merdas ricas". Fomos a cada uma das iniciativas de militância que tivemos que participar com a alegria de saber que tínhamos uma razão e uma causa que não foram inventadas, mas que correspondiam a todo um processo histórico de construção revolucionária. Não éramos reformistas nem possibilistas, acreditávamos pouco e nada nas eleições, porque sempre que eles queriam votar, eles nos proibiam. Muito menos eles nos convenceram com a palavra "democracia" porque, assim como agora está sendo usada para mascarar governos autoritários e repressivos, longe de qualquer sensibilidade popular. Defendemos o peronismo porque era a expressão mais palpável de ter dado aos mais humildes o que ninguém jamais imaginara, mas ao mesmo tempo estávamos prontos e dispostos a dar um salto qualitativo e pensar em viver em uma pátria socialista. Lemos Galeano e Benedetti, mas mais ainda os discursos de Evita com os quais coincidimos de A a Z. Por sua vez, admiramos Fidel, Che e a revolução cubana, o Vietnã de Tio Ho ou a China de Mao, o grande timoneiro.
E nessa caminhada, é claro, ser Montonero foi uma consequência de ter jogado pouco antes com os ensinamentos da Resistência Peronista, juntamente com outros irmãos de luta, como Cacho El Kadri, Gustavo e Pocho Rearte, ou as "tias" que os canos na sacola do mercado, de modo que a sabotagem das empresas tivesse a cor da rebelião contra o gorila. Foi ao mesmo tempo, tendo participado das manifestações pungentes de cada um dos 17 de outubro proibidos, ou pintado nas ruas "Perón ou Muerte", que era como dizer "estamos indo com tudo pela Revolução". Ser montonero também aconteceu por estar nas ruas lutando contra a polícia montada, atirando pregos miguelitos nas greves, gritando para que o metalúrgico Felipe Vallese aparecesse sequestrado pela juta ou repudiasse no final dos canos, quando Perón foi retirado do avião no aeroporto brasileiro de Galeão. Escusado será dizer que os dias furiosos do Cordobazo, Sitrac-Sitram ou Rosariazo.
Ser montonero ou montonera também teria militado no Peronismo Base e na FAP, reivindicando ontem como hoje a alternativa independente da classe trabalhadora e do povo peronista, sem burocratas ou traidores, organizando-se de baixo e lutando. Ou ser testemunhas e protagonistas das rebeliões dos novos trabalhadores com a CGT dos argentinos, ou das experiências da imprensa popular divulgadas ou escritas no diário Compañero, na CGTA ou no Cristianismo e Revolução, bem como posteriormente na Agência de Notícias clandestinas.
Não havia tempo para ficar entediados naqueles anos, e assim como em cada reunião ou em cada compromisso, poderíamos arriscar nossas vidas se fosse cantada, sabíamos como ir à clandestinidade quando precisávamos mergulhar nela, uma maneira de resistir com dignidade a evitar a derrota com a qual o inimigo nos ameaçou. Assim, crescemos, aos poucos, amadurecendo e endurecendo a cada queda de um ou de um parceiro, chorando silenciosamente, mas ao mesmo tempo cerrando os punhos e prometendo a nós mesmos que continuaremos e continuaremos.
Hoje, 50 anos após o lançamento insurgente, continuamos a abraçar as mesmas bandeiras do nacionalismo revolucionário popular, do marxismo e do cristianismo da libertação. Honramos nossos e nossos caídos. Lembramos de Fernando Abal, Gustavo e Emilio, Lino, Carlón, Sordo, Cabezón, Dardo, Emilio Jauregui, Rodolfo Walsh e Paco Urondo, Norma Arrostito e a negra Diana Alak, Turco Haidar e María Antonia , ao negro Eduardo Marín, a Pelusa Carrica e Irma, a Pepa e Patricia, mas também à gorda Cooke, a Alicia Eguren, a Cacho El Kadri, a Gustavo e Pocho Rearte, a Ongaro, a Jorgito Di Pasquale, a Ricardo de Luca e Garaicochea gorda, tia Tota, Borro, Framini e Julio Troxler, Robi e Benito. A todas as compas do Movimento Villero Peronista e às da Frente Peronista Crippled. Com eles,

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Aprenda sobre o legado de Maurice Bishop 76 anos após seu nascimento

O líder da Revolução de Granada construiu novas estruturas democráticas e populares baseadas no desenvolvimento económico e social da nação.

A invasão de Granada em 1983 perpetrada pelo governo dos Estados Unidos interrompeu a vida do advogado, político e lutador Maurice Bishop, que liderou um movimento político revolucionário que promoveu importantes transformações sociais na ilha que nesta sexta-feira, 76 anos desde seu nascimento, lembre-se de seu legado.

Em 1972, fundou o partido Movimento para as Assembléias do Povo (MAP), ao qual se juntaram numerosas forças políticas com as quais, em 11 de março de 1973, o Movimento Nueva Joya (MNJ) foi concretizado.
Maurice Bishop nasceu em 29 de maio de 1944 em Aruba, mas aos seis anos de idade seus pais, de origem Granada, decidiram voltar ao país. 
Desde tenra idade, Bishop decidiu que estudaria Direito, uma carreira que estudou na Universidade de Londres até se formar em 1970.

A nova formação política de esquerda se tornaria a principal oposição ao regime autoritário do ditador Eric Gairy, que foi removido em março de 1979 pela oposição liderada pelo MNJ, uma ação que Bispo não endossou.
Em 13 de março de 1979, o Governo Revolucionário Popular (PRG) foi proclamado e o Bispo foi nomeado Primeiro Ministro. Imediatamente estabeleceu relações com Cuba e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e desenvolveu uma série de transformações sociais de natureza socialista.
Como resultado da cooperação com Cuba, começa a construção de um aeroporto internacional em Granada, fato que serviu de pretexto para os Estados Unidos. invadir a ilha alegando que a referida instalação serviria como um enclave militar para a URSS.
A operação militar matou 70 pessoas de Granada, 25 construtores cubanos e feriu 358 outros nativos e 59 cubanos. Em 25 de outubro de 1983, Bishop foi deposto em um golpe patrocinado pelos EUA. e seis dias depois ele foi assassinado junto com outros membros de seu governo.

VÍDEO


Política externa de Granada

O governo do Bispo foi orientado, em nível internacional, por dois caminhos fundamentais: ideologia e assistência ao desenvolvimento, com o objetivo de dar uma visibilidade renovada ao país do Caribe nas Nações Unidas (ONU) e outros. Organizações internacionais.
Nesse sentido, o PRG desenvolveu um programa ativo de articulação com movimentos revolucionários e de libertação na América Latina, África e Ásia, juntou-se ao Movimento de Países Não-Alinhados (NAM) e fortaleceu as relações de cooperação com Cuba e a URSS.

Alfabetização, educação pública gratuita

O cenário educacional da ilha antes de 1979 representava um cenário de privatização e 90% de analfabetismo.
Maurice Bishop estabeleceu o Centro de Educação Popular com o objetivo de promover uma consciência nacional que interliga a ação individual e o interesse coletivo expresso pelo Estado.
A gratuidade e o amplo acesso ao treinamento educacional foram uma das principais prioridades do governo, com organização e ação em massa. Em julho de 1981, com a colaboração pedagógica cubana, 2.500 pessoas se alfabetizaram e continuaram os esforços para erradicar o analfabetismo e proporcionar uma ampla educação popular.
98% da população sabia ler e escrever. O número de escolas secundárias triplicou e o número de bolsistas no exterior aumentou.

Sindicalização de trabalhadores

Através de uma lei popular, o Bispo consagrou o direito de todos os trabalhadores de formar sindicatos livremente. A Revolução revogou a legislação anti-trabalhadores e deu às organizações de massa a capacidade de mobilizar e reunir-se plenamente.
Dessa maneira, os trabalhadores, pela primeira vez, puderam participar do governo na preparação do orçamento da nação e passaram a receber um terço dos lucros das empresas.

Organização popular

O PRG invalidou o modelo de democracia parlamentar de Westminster para transformá-lo em um modelo de participação popular com conselhos de vila e zonas, envolvendo reuniões públicas e autoridades do estado explicando as condições das comunidades.
Os projetos começam a ser apresentados ao povo antes de serem sancionados, enquanto todos os regulamentos repressivos e ditatoriais impostos por Gairy são revogados.
Cerca de 80% da população se organizou de tal maneira que havia liderança local lidando com problemas sociais, fornecendo uma base suficientemente ampla dentro da linha de abertura de oportunidades para as massas.

Desenvolvimento agroindustrial

Após 450 anos de colonialismo e neocolonialismo, o PRG inaugurou a primeira planta agroindustrial. A pesca era a base essencial da indústria, então a frota nacional de pesca se desenvolveu para fornecer alimentos para o povo.
Ao mesmo tempo, na Escola de Treinamento de Pesca, as pessoas foram treinadas e uma carreira profissional foi aberta sem privilégios.
Por outro lado, a Comissão de Reforma Agrária foi criada com base no princípio de que a terra pertence a quem a trabalha, a fim de eliminar qualquer vestígio de grandes propriedades. Assim, os camponeses se organizaram em cooperativas e aumentaram a produção nacional.

Infraestrutura civil

Em Punta Salinas, leste de Granada, foi desenvolvido o ambicioso projeto do novo aeroporto civil, nacional e internacional. Neste importante trabalho para o comércio da ilha, participaram 350 granadenses e 250 cubanos.
Com esse trabalho de 1.500 metros e capacidade para operações de pequenas e grandes aeronaves, o potencial turístico do território nacional seria mostrado ao mundo.
Por outro lado, em 1982, o único sistema telefônico em Granada foi nacionalizado e acordos de cooperação foram assinados com a República Democrática Alemã para melhorar o serviço telefônico.

Sistema de saúde apoiado por Cuba

Com o apoio da colaboração médica cubana, Granada desenvolveu um sistema de atenção primária à saúde para toda a cidade e, ao mesmo tempo, enviou estudantes para estudar medicina na maior das Antilhas.

Redução do desemprego

O desemprego em Granada era de 49% antes de 1979. Em apenas dois anos e meio de governo revolucionário, mais de 2.000 empregos foram gerados e as taxas de desemprego foram reduzidas para 12%.

Uma sociedade mais humana e igualitária

O governo do bispo aplicou o princípio da igualdade de remuneração ao trabalho igual, lutou pela igualdade e não exploração sexual de mulheres, bem como pelo acesso a moradias decentes nas áreas rurais do país.

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