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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Inquilina em Paris condenada a multa de 40.000 euros por usar o Airbnb







Em França, um caso agora julgado em tribunal pode mudar o panorama do arrendamento turístico de curta duração.
Uma mulher foi condenada por subarrendar um apartamento em Paris, em que é inquilina, através da plataforma Airbnb, uma prática que é proibida, apesar de ser corrente.
A arguida, que não quer identificar-se, justifica o episódio: "Foi de boa-fé. Para mim, o importante era continuar a ter um teto. Por isso entrei neste esquema. Era importante poder continuar a ter um teto em Paris, visto a renda ter subido tanto".
Já o advogado do senhorio, Jonathan Bellaïche, pensa que esta sentença pode dar o exemplo: "Penso que vai, necessariamente, dissuadir as pessoas que cometem estes atos ilícitos. Deixam de ter interesse económico em cometer estes abusos e isso vai evitar esta concorrência desleal à hotelaria".
O caso pode abrir um precedente para que se julguem outros casos como este e abalar o líder dos arrendamentos turísticos. Não é o primeiro caso a ser julgado, mas é a maior multa aplicada até agora: 40 mil euros, correspondente ao montante que recebeu do AirB&B.



vídeo
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Piratas modernos e comunidades no mar Veleiros colectivos encontram-se em Lisboa para rumar a sul



O Albarquel, retirado da água num estaleiro da Moita, vê um buraco aberto à martelada na proa. O Carina, tão perto de chegar a Lisboa, não pode senão aguentar ao largo que a tempestade amaine. O Tupamaro, sem cartas marítimas, encalha sucessivamente nos fundos lodosos da margem sul.
As aventuras de três singulares veleiros cruzaram-se em dezembro na foz do Tejo, e Lisboa voltou a ter traços de cidade pirata. Dia 22, solstício de inverno, as três tripulações juntaram-se no GAIA em Lisboa, onde se falou de projectos de vela alternativos.
“Velejar… um hobby de luxo para os privilegiados?”, questionava o convite para o jantar-conversa ‘Piratas modernos e comunidades no mar’. “Cada vez mais projectos e pessoas têm descoberto na vida no mar uma alternativa à sociedade consumista e uma experiência de autonomia e liberdade. Recuperam-se veleiros moribundos, içam-se velas, parte-se sem pressa, derrubam-se fronteiras, experimentam-se formas de vida comunitária e em harmonia com a natureza.”


À abordagem, por ordem alfabética:
O Albarquel encontrava-se inutilizado em Sarilhos Pequenos, sítio do último estaleiro naval de madeira do Tejo. É um impressionante barco de madeira dos anos 50, que transportava sal desde o Sado até Lisboa. Mas tem levado uma vida incomum: resgatado por várias pessoas e para diversas vocações, já viajou pelas Caraíbas, América do Sul, mar da Noruega.
Em dezembro passado, uma trupe de jovens franceses saltou a bordo para o reparar e o fazer navegar até Marselha. A palavra passou de boca em boca e motivou 15 pessoas – a maioria veio à boleia e só se conheceu já sobre o convés do Albarquel. “Somos todas muito diferentes. Algumas têm experiência em construção naval, para outras é a primeira vez num barco”, contam. Durante um mês geriram horizontalmente as reparações do barco, do casco ao alto do mastro, e aprenderam a viver em colectivo no pequeno espaço que outrora continha oitenta toneladas de sal.
Para a chegada a Marselha, “estamos a organizar um projecto de uma semana com refugiados menores, e temos muitas ideias, desde cinema a um atelier de cerveja. Tudo está em aberto, depende dos sonhos das pessoas que se juntarem ao projecto.” Projecto que já adoptou o nome dum pequeno barco vizinho: “Logo se vê”.
Procuram reutilizar tudo o que é possível e limitar os custos, para os quais fazem uma vaquinha entre todas e uma campanha de angariação de fundos. O actual proprietário cede-lhes o Albarquel por pelo menos um ano. “Ainda nem partimos e já ganhámos tanto com esta experiência. Vamos desfrutar, depois logo se vê.”~



O Carina diz-se uma “passerelle flutuante utopista”. No porão do elegante barco em madeira vem uma âncora, uma vela e várias ferramentas para o Albarquel. Uma forma de transporte que é muito cara à sua tripulação. Em Setembro passado, resolveram resgatar uma velha tradição da Bretanha: “colhemos 600 quilos de cebolas biológicas que transportámos pelo mar, e vendemo-las pelas ruas da costa inglesa enquanto tocávamos música”.
“É uma forma de poesia política”, dizem. “Hoje os cargueiros representam 80% das trocas mundiais, mas destroem a vida marinha. Com o Carina, mostramos uma forma alternativa de mover bens e ideias à vela. Gostávamos de transportar coisas para apoiar espaços colectivos.”
Durante o verão, o grupo de amigos reparou o barco no estaleiro da associação AJD – ponto focal dos projectos de vela alternativos em França. Pagam a empreitada com trabalhos sazonais e uma campanha de crowdfunding.
Navegam numa “missão artística”. Acordeão, bandolim, clarinete e guitarra fazem parte do material de bordo. Antes de partir, encenaram “A sopa”, uma peça sem texto, para poder ser apresentada em portos, teatros ou praças e compreendida para lá de barreiras linguísticas.
A rota está em aberto, mas surpresa não será se seguir por Marrocos, Senegal, Cabo Verde. “Queremos enraizar em cada porto para conhecer pessoas e participar na vida local. Esta não é só uma forma de viajar, é todo um mundo, onde o horizonte é imenso, onde os elementos são os únicos mestres”.


O Tupamaro, veleiro indigente com nome de guerrilheiro sul-americano, não deixa de dar nas vistas: seja ao tentar entrar à bolina com a sua vela de estai meio desfeita pelo estreito canal da doca de Alcântara, seja ao atracar em plena Ribeira no centro do Porto, com a sua tripulação pé-descalça a emocionar a turba de turistas.
É um dos barcos do colectivo Jean-Batollectif/ve : uma quinzena de pessoas com vontades comuns: navegar, reparar barcos, criar sinergias, fazer espectáculos, grupos corais, cantinas… Colectivizaram quatro veleiros, recuperados gratuitamente aos antigos proprietários, que não lhes davam uso.
No Tupamaro foram cinco a deixar a Bretanha e atravessar o golfo de Biscaia – para buscar o calor doutras latitudes, arejar dos meios militantes, partilhar a arte da vela com quem a quiser descobrir e se juntar à dinâmica colectiva em torno do Albarquel.
Os três veleiros vão zarpar juntos de Lisboa e em frota rumar a sul, até cada um seguir desenhando no espelho do mar sua própria aventura.
logoseve.jimdo.com
Outros projectos:
AJDbelespoir.com
Alternative World Sailing Communityalternativesailing.org
Recla-Marcofradiareclamar.wordpress.com
Festina Lentefestinalente2016.net

Texto de Francisco Colaço Pedro [franciscocolacopedro@gmail.com]

www.jornalmapa.pt

ESTA SOCIEDADE CANALHA





Demonstram por vezes dar alguma atenção às pessoas, colocam o sorrisosinho ensaiado que lá por dentro é de desdém e por fora nada mais do que um esgar de desprezo quando alguém os solicita, lhes pede ajuda, por não saber ou por não poder.
Esta sociedade hipócrita, fria, calculista, materialista e sobretudo egoísta onde os valores se esfumaram, onde o altruísmo é raro e o cinismo é a bandeira que acena de dentro dos dois buracos, os olhos.

Falam dos tempos passados onde realmente o povo , a maioria, vivia na miséria mas tinha o sentido da inter ajuda e se respeitava quando se cruzava na rua, quando de vizinhança, quando companheiros de trabalho.mas não os praticam hoje.

Tudo é plástico, artificial, falso, timbrado com a marca da hipocrisia, da imbecilidade e sobretudo da inveja.

Inveja do carro, inveja da casa, inveja do telemóvel, inveja dos sapatos, do vestido etc etc

Os valores, os nucleares, a educação, a sabedoria, a cultura popular vai morrendo com os mais velhos que mesmo não frequentando universidades lutaram por elas, mesmo sofrendo a ditadura lutaram pela liberdade, mesmo analfabetos, muitos, ensinaram e ainda ensinam como se deve ocupar o nosso lugar no mundo.

António Garrochinho

Que medidas valem mais no bolso dos portugueses?

Em 2019 continuarão a sentir-se os efeitos de medidas de anos anteriores. 

Das novidades, as mais «valiosas» são o aumento das pensões e o fim do pagamento especial por conta.

Deputados do PS, PCP e PEV aprovam na generalidade a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2018, na Assembleia da República, em Lisboa. 3 de Novembro de 2017
O Orçamento do Estado para 2019 será votado na generalidade no final do debate que se inciou ontem à tarde e que se pronlonga durante todo o dia de hoje. Deverá ser aprovado com os votos a favor do PS, do BE, do PCP, do PEV e do PANCréditos
Os orçamentos do Estado são sempre recheados de números, que, no entanto, nem sempre são a melhor medida para avaliar as medidas que lá estão previstas.
Ainda assim, pegámos no relatório do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) para perceber quais são aquelas que, tendo efeito na vida dos portugueses, têm um maior volume financeiro previsto pelo Governo.

Fim da sobretaxa e escalões do IRS devolvem 300 milhões

Nenhuma delas está no OE2019, mas como o acerto de contas no IRS é sempre feito em meados do ano seguinte, parte do efeito vai ser sentido em 2019. O fim da sobretaxa vai implicar a devolução de 144 milhões de euros cobrados a mais neste ano e o aumento do número de escalões vai resultar na devolução de 155 milhões de euros.

Descongelamento das progressões vale 274 milhões

O Governo insistiu que o descongelamento das progressões nas carreiras da Administração Pública entrava em vigor em Janeiro de 2018, mas os seus efeitos eram faseados ao longo de dois anos. Assim, os trabalhadores vão ter uma valorização no próximo ano, que o Executivo estima em 274 milhões de euros.
No entanto, há um problema por resolver que, apesar de ter efeito orçamental, não deve entrar no OE2019. Depois de uma década de salários congelados, os trabalhadores da Administração Pública exigem aumentos no próximo ano e o Governo, depois de meses a negá-los, já os admite. No entanto, os valores em cima da mesa até agora nas negociações com os sindicatos continuam muito longe das aspirações dos trabalhadores.

Mais 137 milhões para aumentos reais nas pensões

Pelo terceiro ano consecutivo, as pensões mais baixas vão ter um aumento extraordinário, que garante que todos os pensionistas têm uma subida mínima de dez euros (ou seis, no caso das pensões que foram actualizadas entre 2011 e 2015).
A medida, estimada em 137 milhões de euros para o próximo ano, tem permitido recuperar grande parte do poder de compra perdido durante o congelamento imposto pelo anterior governo do PSD e do CDS-PP.

Fim do PEC liberta 100 milhões na tesouraria das PME

O fim da obrigatoriedade do Pagamento Especial por Conta já estava anunciado em orçamentos anteriores, mas só no próximo ano se vai concretizar. São 100 milhões de euros que o Governo estima perder em receita, mas a maior fatia deste valor vai para a tesouraria das micro, pequenas e médias empresas que, actualmente, pagam imposto antecipado, mesmo que venham a registar prejuízos.

66 milhões para trabalhadores com longas carreiras

A eliminação do corte do factor de sustentabilidade (que actualmente é de 14,5%) para os trabalhadores que aos 60 anos tenham 40 ou mais anos de descontos vai chegar plenamente no próximo ano. O Governo prevê um verba de 66 milhões de euros para a medida, que vai ser implementada com atraso, já que o compromisso do Executivo era que entrasse em vigor em Janeiro deste ano.

Crianças e jovens vão ter mais 58 milhões em abono

No abono de família, há um misto de consolidação e de novos avanços. Em Julho do próximo ano será concluída a trajectória de aumento do valor até aos três anos de idade, que passa a ser igual ao primeiro ano de vida.
Em 2019, o valor entre os três e os seis anos vai ser reforçado, deixando de haver um quebra abrupta após os 36 meses. No caso do 4.º escalão, que tinha sido eliminado pelo anterior governo e que corresponde a um casal com um filho com salários médios superiores a 650 euros, as crianças passam a ter direito ao abono até ao seis anos, em vez dos actuais três.


A Caixa já dá lucros, mas está cada vez mais longe dos portugueses


Os créditos concedidos a actividades especulativas durante anos são, agora, um dos maiores entraves ao desenvolvimento do banco público
Desde 2008 foram encerrados mais de 300 balcões da Caixa Geral de Depósitos em todo o País
A administração liderada por Paulo Macedo anunciou ontem os resultados do terceiro trimestre de 2018, que mostram um lucro de 369 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. O resultado no mesmo período do ano passado foi um prejuízo de 47 milhões de euros.
Mas a passagem de prejuízos para lucros não foi feita de forma limpa. Até Setembro, o banco público tinha empurrado para a saída 509 trabalhadores, prevendo aumentar o número em mais 62 até ao final do ano. A isto, soma-se o encerramento de 65 agências por todo o País até ao momento e Paulo Macedo revelou que a intenção é fechar mais 11 até Dezembro.
Desde que a actual administração entrou em funções, no final de 2016, fecharam 195 agências da CGD com atendimento presencial e saíram 301 trabalhadores, só em Portugal. Na última década, os números ascendem a menos 310 agências e 1915 trabalhadores.
Na apresentação dos resultados de ontem, o ex-ministro da Saúde do anterior Governo, Paulo Macedo, afirmou que a administração do banco público já prevê pagar dividendos no próximo ano, admitindo que possam rondar os 200 milhões de euros.

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O MISTÉRIO DAS CRIANÇAS SEM BRAÇOS





Charlotte tem seis anos e vive como todas as crianças francesas dessa idade... ou quase, porque nasceu sem a mão esquerda. Esta deficiência não é de origem genética nem se deve a medicamentos nem a droga. A mãe é médica e não tem explicações. Na mesma aldeia, três outras crianças nasceram com malformações semelhantes.
"Provavelmente, nunca terei respostas para a minha filha. O que podemos é identificar os fatores que favorecem estas malformações, prevenir e agir quanto às gravidezes futuras", diz Isabelle, mãe de Charlotte.
Há conhecimento de 14 casos, todos concentrados em zonas específicas de França. Só num raio de 17 quilómetros à volta da aldeia de Druillat, no leste do país, há sete casos, uma incidência 58 vezes superior à normal. Único ponto comum: Todas estas crianças nasceram em zonas rurais, o que faz imediatamente desconfiar dos pesticidas. O alerta foi dado por Emmanuelle Amar, epidemiologista, até há pouco diretora do registo que recenseia todos os casos de malformações na região de Lyon.
"Não sabemos como se deu a exposição aos produtos perigosos. Por via alimentar? Pela água? Pelo ar? Não sabemos. Há, em todos os casos, a suspeita de que uma qualquer substância no ambiente em que as mães viviam foi suficientemente forte para impedir o braço de se formar", diz a especialista.
Há sete anos que as autoridades francesas estão a ser alertadas sobre este assunto, em vão. Emmanuelle Amar foi despedida e a estrutura que dirigia ameaça ser fechada. A ministra da saúde, Agnès Buzin, anunciou que seria criado um grupo de trabalho, no âmbito da Agência Francesa de Saúde Pública, a mesma que durante muito tempo se recusou a debruçar sobre estes casos. A eurodeputada ecologista Michèle Rivasi está desconfiada.
"Será que esta equipa vai inegrar os conhecimentos que tem Emmanuelle Amar? Mas se a suprimimos, se ela não regressa ao posto? Eu não tenho garantias de que tenhamos acesso aos resultados", diz a eurodeputada.
"Emmanuelle Amar não exclui recorrer do afastamento a que foi sujeita, com base na lei Sapin, que protege os denunciadores. Está a ser discutida uma diretiva europeia para assegurar essa proteção, mas não deve ser adotada antes do fim da legislatura, em maio", conclui a repórter da euronews Anne-Lise Fantino.



VÍDEO

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Organizar a resistência e unir as forças populares, democráticas e patrióticas contra o fascismo!


imagemComitê Central do PCB
Apesar do crescimento, nos últimos dias, de uma onda democrática em oposição à ameaça representada pela candidatura fascista, confirmou-se a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República. A sociedade brasileira se defronta com um novo momento da dominação capitalista em nosso país. Foi derrotado o ciclo da conciliação de classes, e uma nova fase da política brasileira tem início desde agora.
Conforme se verificou na aprovação do decreto presidencial que criou uma Força Tarefa Nacional para reprimir organizações que “afrontam o Estado brasileiro e as suas instituições”, deixando aberto o caminho para a ampla criminalização dos movimentos sociais e das organizações de esquerda, Temer já governa sob as ordens de Bolsonaro.
As invasões arbitrárias nas universidades realizadas por agentes federais e representantes da Justiça Eleitoral, combinadas com ações truculentas contra a imprensa de esquerda (a exemplo da apreensão do Jornal Brasil de Fato) e entidades que vinham realizando assembleias e atividades contra o fascismo, demonstram que estamos vivendo sob um estado de exceção, que considera crime o claro posicionamento político em favor da livre circulação de ideias e das liberdades democráticas.
O período entre o anúncio do resultado eleitoral e a posse do novo governante pode representar uma séria ameaça à classe trabalhadora, às mulheres, negros e negras, indígenas, LGBTs, imigrantes, nordestinos(as), sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais e organizações políticas de esquerda, com destaque para os comunistas.
Há riscos efetivos de que o ódio e a violência já praticados durante a campanha eleitoral, provocando agressões físicas e várias mortes, sejam disseminados ainda mais fortemente por parte das hordas fascistas incentivadas pelo clã dos Bolsonaro e apoiadores.
Além disso, novos ataques à legislação trabalhista, à previdência pública, à soberania nacional e aos direitos democráticos podem ser desferidos por um governo e um congresso moribundos que desejam mostrar serviço ao novo chefe.
O governo Bolsonaro será um governo fundado numa conjugação de forças reacionárias, entre as quais se incluem setores importantes das forças armadas, um Congresso mais conservador que o atual e um Judiciário controlado. Como se verificou durante a campanha eleitoral no segundo turno, quando várias denúncias de irregularidades e crimes cometidos pela candidatura vitoriosa, a exemplo do “Caixa 2” no financiamento da enxurrada de falsas notícias e propaganda fascista no whatsapp, essas denúncias foram simplesmente ignoradas pelas instâncias máximas da Justiça brasileira.
Estaremos diante de um Estado de exceção institucionalizado, fortemente militarizado, contando com apoio de grupos paramilitares fascistas e do respaldo social obtido pela propaganda ideológica anticomunista e antidemocrática entre vários setores da sociedade. Bolsonaro, para se eleger, construiu uma base social de apoio às suas ideias e propostas neofascistas a partir de setores da alta burguesia e das camadas médias.
Através de um mafioso esquema de propaganda fraudulenta financiado por grandes empresários e disseminada por grupos ultraconservadores, tendo à frente pastores inescrupulosos de igrejas neopentecostais, foi capaz de espalhar a irracionalidade e o ódio e capturar corações e mentes de setores populares e da classe trabalhadora. Conseguiram convencer de que o mal maior a se combater no Brasil é a corrupção do PT, como se este partido tivesse inventado a corrupção, sistêmica no capitalismo, que ocorreu em grande escala inclusive durante os governos militares nascidos do golpe de 1964, quando a censura, o terror e o medo impediam que fosse tornada pública e punida.
O novo governo deverá aprofundar as medidas de criminalização aos movimentos sociais, ao ativismo social e político de todos os matizes e à esquerda em particular. Vai querer fazer avançar rapidamente o processo de privatizações das estatais, a subordinação aos interesses do imperialismo estadunidense e a entrega das riquezas nacionais, conforme o novo presidente anunciou em campanha, dizendo inclusive que a “Amazônia não é nossa”.
Caso aplique de fato o que prometeu durante a campanha eleitoral, Bolsonaro pretende acelerar a retirada dos direitos civis, políticos, sociais e trabalhistas, destruir o Sistema Único de Saúde para favorecer as grandes empresas gestoras dos planos privados de saúde, privatizar a educação pública, implantando os cursos à distância desde o ensino fundamental, além de instituir por lei o famigerado projeto da Escola sem Partido, isto é, da Escola com Mordaça.
O fascismo brasileiro está em marcha, mesclando características dos fascismos tradicionais – como o uso da violência contra a esquerda e o movimento operário organizado, o ódio à razão, à cultura e ao conhecimento, a utilização de símbolos e palavras de ordem xenofóbicas, a ideologia ultraconservadora em todos os campos – com uma proposta econômica ultraliberal e desnacionalizante. Mas eles não jogam sozinhos. Grande parte da população brasileira rejeitou o voto no candidato do PSL.
Por isso, é preciso desde já organizar a resistência, que será dura e difícil, mas que tende a crescer a partir do momento em que as pessoas que acreditaram neste projeto se derem conta de que foram enganadas de forma inescrupulosa. É preciso imediatamente que todas as forças populares e democráticas se unam em torno da construção de uma ampla frente antifascista, que deverá mobilizar os diversos setores sociais descontentes com a eleição de Bolsonaro e aqueles e aquelas que terão seus direitos atingidos pelos ataques que virão.
No interior da frente democrática antifascista (que deverá congregar movimentos, partidos e entidades representativas de um amplo espectro de forças democráticas, progressistas e até liberais) e sobretudo nas lutas populares e no movimento sindical e operário, é preciso prioritariamente fortalecer a unidade das organizações políticas e sociais anticapitalistas e anti-imperialistas em todo o Brasil. Somente a classe trabalhadora organizada derrota o fascismo!
Ousar lutar, ousar vencer!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

pcb.org.br

Bolsonaro quer dar licença para matar ao país com mais homicídios do mundo

www.tsf.pt


Uma em cada quatro mortes provocadas por armas de fogo no mundo acontece no Brasil. Para diminuir este número, o novo Presidente aposta em pôr mais armas nas mãos dos cidadãos.


Jair Bolsonaro tenciona mudar a lei das armas ainda este ano, mesmo antes da sua tomada de posse, em janeiro.

liberalização das armas vai ajudar a diminuir a violência e criminalidade , reafirmou esta segunda-feira o Presidente eleito do Brasil, em entrevista à TV Record.


Na prática, qualquer brasileiro com mais 25 anos e sem antecedentes criminais pode ter uma arma em casa, mas o Estatuto do Desarmamento no Brasil, assinado em dezembro de 2003, limita o número de pessoas que tem licença de porte de arma para além de licença de posse de arma.


Apenas militares, policias, seguranças privados e trabalhadores rurais que vivam em locais isolados e sem policiamento podem andar armados na rua.



A procura de armas aumentou nos últimos anos no Brasil, assim como as mortes violentas.


Nos últimos 14 anos, o total de registos de armas aumentou de 5.459 em 2004 para 42.387 em 2017. Segundo a Polícia Federal, há no país 646.127 armas legais nas mãos de civis - mais quase 10 milhões com a polícia e as Forças Armadas.


O Brasil encabeça o ranking mundial de homicídios causados por armas de fogo por ano - em 2017 foram 63,8 mil mortes e até agosto deste ano já se registaram mais de 43 mil, a maioria provocadas por armas ilegais.


Segundo um estudo publicado na revista científica JAMA, uma cada quatro mortes por homicídio no mundo acontece no Brasil, e no Rio de Janeiro até há uma app para saber "onde tem tiroteio" .


Os Estados Unidos, onde existem quase 400 milhões de armas - uma média de 121 por cada 100 pessoas - surgem em segundo lugar neste ranking.



No seu primeiro dia como Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro reiterou a ideia que defendeu ao longo de toda a campanha: é preciso armar os brasileiros.


O possível risco de aumentar o número de pessoas armadas é comparável, diz, ao risco de deixar todos os cidadãos conduzir.

"Se for pensar dessa maneira, tem que proibir conduzir carros no Brasil. Quem quiser ter uma arma, tem que ser responsabilizado por ela. Quem quer fazer maldade não precisa comprar uma arma no mercado. E fácil adquiri-la no mercado paralelo."


"Mais do que garantir a vida, uma arma de fogo garante a liberdade do povo", reforçou.


No seu programa eleitoral, Bolsonaro fala das armas como "instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas". Tudo depende, escreve, "de quem as está segurando: pessoas boas ou más".
Por isso, Bolsonaro prometeu mexer no "Estatuto do Desarmamento para garantir o direito do cidadão à legitima defesa".



Apesar de a maioria dos brasileiros ter eleito Bolsonaro, a maioria dos brasileiros não está de acordo com a liberalização das armas.

Uma sondagem do Datafolha realizada entre os dias 24 e 25 de outubro concluiu que 55% dos brasileiros dizem acreditar que a posse de armas deve ser proibida por representar uma ameaça à vida de outras pessoas. Para 41%, a arma legalizada devia ser um direito do cidadão para legitima defesa. Os restantes 4% disseram não saber.
Quem está satisfeito com a ideia são os vários fabricantes de armamento que já se mostraram interessados a abrir novas fábricas no Brasil.

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