Charlotte tem seis anos e vive como todas as crianças francesas dessa idade... ou quase, porque nasceu sem a mão esquerda. Esta deficiência não é de origem genética nem se deve a medicamentos nem a droga. A mãe é médica e não tem explicações. Na mesma aldeia, três outras crianças nasceram com malformações semelhantes.
"Provavelmente, nunca terei respostas para a minha filha. O que podemos é identificar os fatores que favorecem estas malformações, prevenir e agir quanto às gravidezes futuras", diz Isabelle, mãe de Charlotte.
Há conhecimento de 14 casos, todos concentrados em zonas específicas de França. Só num raio de 17 quilómetros à volta da aldeia de Druillat, no leste do país, há sete casos, uma incidência 58 vezes superior à normal. Único ponto comum: Todas estas crianças nasceram em zonas rurais, o que faz imediatamente desconfiar dos pesticidas. O alerta foi dado por Emmanuelle Amar, epidemiologista, até há pouco diretora do registo que recenseia todos os casos de malformações na região de Lyon.
"Não sabemos como se deu a exposição aos produtos perigosos. Por via alimentar? Pela água? Pelo ar? Não sabemos. Há, em todos os casos, a suspeita de que uma qualquer substância no ambiente em que as mães viviam foi suficientemente forte para impedir o braço de se formar", diz a especialista.
Há sete anos que as autoridades francesas estão a ser alertadas sobre este assunto, em vão. Emmanuelle Amar foi despedida e a estrutura que dirigia ameaça ser fechada. A ministra da saúde, Agnès Buzin, anunciou que seria criado um grupo de trabalho, no âmbito da Agência Francesa de Saúde Pública, a mesma que durante muito tempo se recusou a debruçar sobre estes casos. A eurodeputada ecologista Michèle Rivasi está desconfiada.
"Será que esta equipa vai inegrar os conhecimentos que tem Emmanuelle Amar? Mas se a suprimimos, se ela não regressa ao posto? Eu não tenho garantias de que tenhamos acesso aos resultados", diz a eurodeputada.
"Emmanuelle Amar não exclui recorrer do afastamento a que foi sujeita, com base na lei Sapin, que protege os denunciadores. Está a ser discutida uma diretiva europeia para assegurar essa proteção, mas não deve ser adotada antes do fim da legislatura, em maio", conclui a repórter da euronews Anne-Lise Fantino.
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