Pela evolução do número de imigrantes em Portugal, parece que o passado está a ser retomado, depois de uma curta interrupção.
Mas a realidade pode ser outra.
Em pouco menos de dez anos, iniciou-se uma alteração de fundo no perfil dos nossos imigrantes. Não se trata já de discutir o que será o futuro, porque ele está já a ser vivido de acordo com o que foi pensado para este pequeno terreno à beira-mar, em que ainda vivemos: ser uma fonte de mão-de-obra especializada, pronta a deslocalizar-se para o centro europeu, e em compensação tornarmo-nos no lar de idosos da Europa.
Olhando para os dados facultados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e atentando ao fluxo de imigrantes que chega em cada ano, é possível verificar-se já mudanças claras.
Primeiro, dez países da Europa ocidental passaram de 14 para 35% dos fluxos anuais de entrada. Mesmo sem países nórdicos nem do leste europeu, esses dez países eram residuais em 2010, mas em 2017 foram o motor da imigração em Portugal. Passou-se de uma entrada de 7 mil pessoas em 2010 para 21,6 mil em 2017. Três vezes mais! E não se está a falar apenas de pequenos e pobres países. Só o Reino Unido, a França e a Itália concentraram quase dois terços dos imigrantes europeus ocidentais. Mas há a Espanha (13%), a Alemanha (9%), a Holanda (6%).
Aos países ocidentais, deve se somar ainda os imigrantes de três países nórdicos - Dinamarca, Suécia e Finlândia - que passaram de 223 pessoas em 2010 para 1514 em 2017; e seis países do leste europeu (Rússia incluída), que estão a perder o seu momento - de 11,2 mil em 2010 para 5,6 mil em 2017. Juntando todos, os imigrantes desses 19 países aumentaram o seu peso em oito anos: de 36 para 47% dos fluxos de imigrantes.
Por isso, os PALOPs perderam peso - de 17 para 11%. E o Brasil, apesar de continuar a fornecer contigentes crescentes de mão-de-obra a Portugal, viu o seu peso reduzir-se de 32 para 19%. Os asiáticos estão em subida lenta. Só a China e a Tailândia passaram de 3,8 para 4,8%. E assiste-se já a uma subida das zonas em guerra - Síria e Turquia são os principais países fornecedores. Mas já há entradas igualmente vindas da Eritreia, Irão, Iraque, etc.
Quem são, pois, estes europeus que nos estão a invadir?
Quando se olha para a distribuição das pessoas que adquiriam a nacionalidade portuguesa - que constitui um universo que não se sobrepõe ao do fluxo anual de imigrantes apurado pelo SEF - verifica-se uma mudança interessante. Para a totalidade dos imigrantes que se tornaram portugueses, vindos de todos os cantos do mundo, parece estar a ocorrer nestes oito anos um ligeiro envelhecimento.
O grupo com idades superiores a 50 anos passou de 11% em 2010 para 22% em 2017. Aqueles com idades mais activas - de 25 a 50 anos - representavam 66% em 2010 e passaram para 55%. Os mais jovens, com idades até 25 anos, desceram de 25 para 20%.
Mas olhando para os dados dos imigrantes da Europa, essa evolução é ainda mais patente.
O peso dos imigrantes com idades acima de 50 anos subiu de 9 para 25% do total do grupo que recebeu nacionalidade portuguesa, enquanto os que tinham idades entre 25 a 50 anos desceu de 66 para 55%. Verifica-se ainda uma redução substancial dos que tinham menos de 25 anos: de 25 para 20%. E os jovens que vêm, são cada vez menos menores (possivelmente filhos de imigrantes), mas mais jovens em idade universitária, que - a julgar pela tendência actual do que acontece aos nacionais - poucos ficarão por cá, dada a elevada diferença salarial entre Portugal e o centro da Europa.
Por outras palavras, Portugal parece estar a favorecer um tipo de imigrantes que são mais europeus, mais velhos e com menos filhos. Será que isto interessa a Portugal, aos portugueses, à sustentabilidade do país, ao seu rejuvenescimento, à sua manutenção como país? Ou será que vamos ser um parque em que reformados europeus vêm passar aqui os seus últimos dias?
E, como se pode notar, esta é uma estratégia que já está em curso. E que, ao que parece, está a ser abraçada fortemente pelo governo nacional, sem oposição, com medidas de atracção, até já contestadas por outros países.
Nada dizer sobre isto, apenas adia o problema, que se prolongará até sermos inúteis.
Mas a realidade pode ser outra.
Em pouco menos de dez anos, iniciou-se uma alteração de fundo no perfil dos nossos imigrantes. Não se trata já de discutir o que será o futuro, porque ele está já a ser vivido de acordo com o que foi pensado para este pequeno terreno à beira-mar, em que ainda vivemos: ser uma fonte de mão-de-obra especializada, pronta a deslocalizar-se para o centro europeu, e em compensação tornarmo-nos no lar de idosos da Europa.
Olhando para os dados facultados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e atentando ao fluxo de imigrantes que chega em cada ano, é possível verificar-se já mudanças claras.
Fonte: SEF |
Aos países ocidentais, deve se somar ainda os imigrantes de três países nórdicos - Dinamarca, Suécia e Finlândia - que passaram de 223 pessoas em 2010 para 1514 em 2017; e seis países do leste europeu (Rússia incluída), que estão a perder o seu momento - de 11,2 mil em 2010 para 5,6 mil em 2017. Juntando todos, os imigrantes desses 19 países aumentaram o seu peso em oito anos: de 36 para 47% dos fluxos de imigrantes.
Por isso, os PALOPs perderam peso - de 17 para 11%. E o Brasil, apesar de continuar a fornecer contigentes crescentes de mão-de-obra a Portugal, viu o seu peso reduzir-se de 32 para 19%. Os asiáticos estão em subida lenta. Só a China e a Tailândia passaram de 3,8 para 4,8%. E assiste-se já a uma subida das zonas em guerra - Síria e Turquia são os principais países fornecedores. Mas já há entradas igualmente vindas da Eritreia, Irão, Iraque, etc.
Quem são, pois, estes europeus que nos estão a invadir?
Quando se olha para a distribuição das pessoas que adquiriam a nacionalidade portuguesa - que constitui um universo que não se sobrepõe ao do fluxo anual de imigrantes apurado pelo SEF - verifica-se uma mudança interessante. Para a totalidade dos imigrantes que se tornaram portugueses, vindos de todos os cantos do mundo, parece estar a ocorrer nestes oito anos um ligeiro envelhecimento.
Fonte: INE |
O grupo com idades superiores a 50 anos passou de 11% em 2010 para 22% em 2017. Aqueles com idades mais activas - de 25 a 50 anos - representavam 66% em 2010 e passaram para 55%. Os mais jovens, com idades até 25 anos, desceram de 25 para 20%.
Mas olhando para os dados dos imigrantes da Europa, essa evolução é ainda mais patente.
O peso dos imigrantes com idades acima de 50 anos subiu de 9 para 25% do total do grupo que recebeu nacionalidade portuguesa, enquanto os que tinham idades entre 25 a 50 anos desceu de 66 para 55%. Verifica-se ainda uma redução substancial dos que tinham menos de 25 anos: de 25 para 20%. E os jovens que vêm, são cada vez menos menores (possivelmente filhos de imigrantes), mas mais jovens em idade universitária, que - a julgar pela tendência actual do que acontece aos nacionais - poucos ficarão por cá, dada a elevada diferença salarial entre Portugal e o centro da Europa.
Por outras palavras, Portugal parece estar a favorecer um tipo de imigrantes que são mais europeus, mais velhos e com menos filhos. Será que isto interessa a Portugal, aos portugueses, à sustentabilidade do país, ao seu rejuvenescimento, à sua manutenção como país? Ou será que vamos ser um parque em que reformados europeus vêm passar aqui os seus últimos dias?
E, como se pode notar, esta é uma estratégia que já está em curso. E que, ao que parece, está a ser abraçada fortemente pelo governo nacional, sem oposição, com medidas de atracção, até já contestadas por outros países.
Nada dizer sobre isto, apenas adia o problema, que se prolongará até sermos inúteis.
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