Alberto João Jardim justifica a dívida com o "ataque financeiro" do Governo socialista através da Lei das Finanças Regionais.
Lusa
Sábado, 20 de agosto de 2011
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O líder do PSD-Madeira está confiante num acordo com o Governo para solucionar a "questão financeira"
Homem de Gouveia/Lusa
O líder do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, disse na sexta-feira à noite que a Região Autónoma da Madeira necessita "urgentemente" de liquidez, acreditando ser possível um acordo com o Governo para solucionar a questão financeira.
"A Madeira tem muito património, graças a Deus, o património que a Madeira tem é mais do que suficiente para cobrir muitas vezes a sua dívida, o problema é liquidez e nós precisamos, urgentemente, dessa liquidez para poder pagar os fornecedores em atraso, para poder terminar as obras que estão em curso", afirmou Alberto João Jardim.
O presidente do PSD-M, discursava no Porto Santo, no tradicional comício que assinala a "rentrée" política do partido na região, ocasião em que explicou que é nesse sentido que "se vai procurar fazer um acordo com o atual Governo da República", de coligação PSD/CDS-PP.
Alberto João Jardim, que há mais de 30 anos preside ao Executivo regional, justificou a dívida da Madeira com o "ataque financeiro" do Governo socialista através da Lei das Finanças Regionais.
Para o dirigente do PSD-M, a situação destruiu o que estava planeado e as "legítimas expetativas" que existiam face à lei que estava em vigor.
"Gente dos partidos" em "sociedades secretas"
"Com este rombo nas finanças da Madeira, eu só tinha duas hipóteses: ou fazia como no boxe, jogava a toalha ao chão e desistia (...) ou então enfrentava-os como enfrentei e aumentei a dívida da Madeira", declarou Alberto João Jardim, referindo que preferiu a "derrapagem financeira" para "resistir à agressão socialista (...) e agora poder negociar com o Governo que é liderado pelo PSD" a ter que se "render e ter parado com tudo".
Às centenas de pessoas que assistiam ao comício, o social-democrata acrescentou que a restauração das finanças públicas da Madeira é um dos quatro objetivos do programa de Governo com que se apresenta, novamente, às eleições legislativas regionais de 9 outubro, que incluem a manutenção do Estado social, a continuação das obras em curso e a concretização das que foram lançadas, e o alargamento da autonomia.
Num discurso de quase uma hora, no qual repetiu as críticas à oposição, sobretudo ao PS e ao CDS, Alberto João Jardim enumerou as conquistas de mais de três décadas de governação, considerou que o atual regime político português "assenta em muitos interesses económicos" e apontou a existência de "gente dos partidos" em "sociedades secretas" que dão "ordens" no que se passa no país.
Jardim mais à esquerda do que há 30 anos
A este propósito, o líder do PSD-M salientou haver "uma coisa esquisita em Portugal", o facto de o novo Governo não ter tocado "na administração socialista da RTP nacional".
"E se não tocou eu quero saber quais são os contratos e quais são os jogos que estão por trás da cortina, eu quero saber se a Maçonaria está por trás deste acordo de manter na televisão os socialistas", exigiu Alberto João Jardim.
O dirigente, que não passou ao lado da crise financeira, admitiu ainda estar hoje mais à esquerda do que há 30 anos depois de ver como o sistema capitalista se "degradou".
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