Quotidiano
Sou eu. Sabes quem sou?
Não, não digas nada.
Sei apenas que estou
Acabrunhada.
E se inclino o rosto,
Se pareço uma pirâmide truncada
com sobrecasaca de frio,
é porque não gosto
de puxar o fio
à meada.
(Escadas escuras
subidas dia a dia.
Pernas cansadas
e solas gastas.
Harmonias acabadas
num gesto torvo.
Tremenda nostalgia
de iluminações vastas
e de calçado novo).
Pernas cansadas? Sim.
Magras? Talvez.
Aqui, onde me vês,
já fui assim
...roliça,
como bocejo na hora da preguiça...
Aqui, onde me vês,
não é a mim que me vês.
É a magricela
que sobe aquela
escada de sonhos desiguais
que me constrangem.
- E ainda para mais
os meus sapatos rangem.
Do livro: "Cem poemas Portugueses no Feminino"
Não, não digas nada.
Sei apenas que estou
Acabrunhada.
E se inclino o rosto,
Se pareço uma pirâmide truncada
com sobrecasaca de frio,
é porque não gosto
de puxar o fio
à meada.
(Escadas escuras
subidas dia a dia.
Pernas cansadas
e solas gastas.
Harmonias acabadas
num gesto torvo.
Tremenda nostalgia
de iluminações vastas
e de calçado novo).
Pernas cansadas? Sim.
Magras? Talvez.
Aqui, onde me vês,
já fui assim
...roliça,
como bocejo na hora da preguiça...
Aqui, onde me vês,
não é a mim que me vês.
É a magricela
que sobe aquela
escada de sonhos desiguais
que me constrangem.
- E ainda para mais
os meus sapatos rangem.
Do livro: "Cem poemas Portugueses no Feminino"
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