Que quem já é pecador sofra tormentos, enfim! Mas as crianças... *
(Primeira imagem, Paulo Alegria / segunda imagem, Joel Calheiros)
Seguindo a sua velha esperteza saloia de canibalizar os rituais pagãos e vender a ilusão de que aquelas práticas, quase sempre tão obscuras como as mentes em que, ao arrepio da História, ainda habitam, têm qualquer ligação com o cristianismo... a Agência Ecclesia dá a notícia (com indisfarçável satisfação) do retomar da “fé aliada à tradição” de São Bartolomeu do Mar, conhecida por “Banho Santo”.
Obedecendo a uma qualquer lógica medieval que para eles fará sentido, os “peregrinos” acreditam que o ritual do “banho santo”, envolvendo galinhas pretas, água do mar, violência e crianças, ajudará estas a ficarem livres do diabo, dos demónios, da gaguez, da epilepsia... provavelmente, até fará regressar o perdido abono de família.
E pronto. Numa orgia abrutalhada em que as crianças, quase sempre aterrorizadas, são enfiadas nos braços de indivíduos completamente desconhecidos, que riem alarvemente (tal como a família, diga-se) enquanto as mergulham à força nas ondas... os espíritos acabam por se afastar, provavelmente para não terem que assistir ao triste espectáculo.
Claro que, no fim, apesar de tudo isto ser um direto insulto ao próprio Cristo e à sua pregada relação de carinho com os mais pequenos, há sempre sacerdotes católicos disponíveis para abençoar esta aberração... fingindo acreditar na farsa.
* O Augusto Gil não fez nada para entrar neste post. A culpa é inteiramente minha!
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