Mário Crespo e os ricos
Mário Crespo é uma espécie de jornalista de que muita gente gosta, alguma não gosta e outra detesta. Encontro-me, orgulhosamente, no último grupo. Tudo na figura de Mário Crespo me irrita. O abjecto e mal disfarçado ultra reacionarismo, o ar convencido e a cara patética com que fica sempre que quer ser mais polémico, arrogante, ou simplesmente engraçadinho.
Há duas noites a fórmula funcionou mais uma vez. Comentando a actual crise e as possíveis soluções para ela, quis ser provocador... mas a máscara lá lhe escorregou novamente para a indigência. Dizia o craque: «claro que nestas alturas aparece sempre a solução milagrosa... a celebre frase “os ricos que paguem a crise”»... e carregou no (falhado) ar escarninho.
Por uma vez, sem que isso me faça seu “companheiro” em espécie rigorosamente nenhuma de jornada, estou de acordo com ele. Também acho a frase infeliz. Também acho que o dinheiro dos nossos muito ricos, ainda que todo junto, não resolve a crise. Por isso nunca concordei com a estafada palavra de ordem “Os ricos que paguem a crise!”
Aquilo que eu quero, aquilo por que me bato e para que estou disposto a contribuir, por mais modesta que seja essa contribuição, é para ver o dia em que se cumpra uma outra palavra de ordem:
Os ricos que paguem pela crise!
Que paguem por esta crise, pelas anteriores, por décadas de crises, por séculos de fortunas obscenas construídas sobre a exploração, a miséria, o suor e, quantas vezes, o sangue de milhões de seres humanos, ao longo da História.
É isso que tem que parar! É por isso que os ricos têm que “pagar”... mesmo sabendo que o seu dinheiro não chega. Porque não há dinheiro que pague! É por isso que, quando chegar o dia, quero que esses, os obscenamente ricos, os que tudo tiveram, que tudo roubaram ao trabalho alheio, finalmente paguem... mas com o lombo!
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