Sócrates falha financiamento mas 150 mil cabras vão combater incêndios
por Isabel Tavares, Publicado em 16 de Agosto de 2011 | A empresa ibérica está à procura de terrenos abandonados nas regiões da Guarda e de Bragança. Não paga em dinheiro, paga com acções
O governo de Sócrates comprometeu-se, através do Ministério da Administração Interna, a financiar com vários milhões de euros um projecto ibérico de combate a incêndios que envolve a compra de 150 mil cabras colocadas em terrenos baldios na região Duero-Douro, num investimento total de 88 milhões. O executivo mudou e a empresa quer agora uma audiência no Ministério da Agricultura, de Assunção Cristas.
Apesar de ser 50% português e 50% espanhol, o projecto avança já em Setembro em Espanha, em Robleda, província de Salamanca, com uma exploração de 970 hectares e um rebanho de 350 cabras. Em Portugal, deverá arrancar em 2012. Para já, uma equipa técnica do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Duero-Douro tem estado a apresentá-lo em sessões públicas de esclarecimento em diversas freguesias de Guarda e Bragança. "Estamos à procura de pessoas que tenham terrenos abandonados, com ou sem infra-estruturas, com um mínimo de dois hectares, e que queiram cedê-los para arrendamento por um período de 15 anos. Como existem na região parcelas muito pequenas, os proprietários podem juntar-se", anuncia a técnica florestal do Self-Prevention, Teresa Pêra.
Em contrapartida, o agrupamento entrega, logo à cabeça, acções da empresa com o valor nominal de 10 euros cada. Um hectare deverá equivaler, em média, a quatro acções, ou seja, a 40 euros, dependendo do tipo de terreno.
A ideia do Self-Prevention não é completamente original. Em África, por exemplo, esta é uma prática mais ou menos comum: usa-se o gado caprino e ovino para comer a massa vegetal que funciona como potencial barril de pólvora em terrenos que estão abandonados.
Quando foi feito o projecto, "os incêndios eram um flagelo", lembra o director-geral do agrupamento, José Luís Pascual. Em Portugal arderam 1,5 milhões de hectares entre 2000 e 2009 e em Espanha 1,26 milhões de hectares.
Este foi o motivo que levou os responsáveis portugueses a pedir apoio financeiro ao executivo de Sócrates. E o secretário de Estado da Administração Interna, Rui Sá Gomes, a assumir o compromisso verbal de pagar perto de metade da verba necessária para pôr o projecto em prática, conta Teresa Pêra.
As eleições antecipadas em Portugal vieram alterar os planos do agrupamento. E a crise económica também. "Ao longo deste tempo fomos fazendo ajustamentos ao projecto. Em tempo de crise, é claro que há outros fogos para apagar e os incêndios deixam de ser prioridade dos governos." José Luís Pascual, que tem 12 anos de experiência nesta matéria, rapidamente compreendeu que era mais fácil adaptar o projecto às circunstâncias. Foi o que fez. E já tem dois grandes investidores, a La Caixa da Catalunha e a Red Eléctrica de España.
Além da holding espanhola, a Exploração Caprina Duero-Douro, S.A., que está em processo de constituição, serão criadas seis outras empresas, três em Espanha, três em Portugal, para explorar leite e derivados. Numa fase mais avançada, está também prevista a criação de uma central de comercialização, empresas de transformação de carne, de produção de rações e de exploração de biomassa, uma plataforma logística de transporte e distribuição e ainda outros serviços.
Cerca de 60% do projecto, que prevê a criação de 558 postos de trabalho, a ocupação de 9000 km2 e um efectivo de 150 mil cabras, deverão estar concluídos entre os segundo e terceiro anos de actividade. O lucro de 37 milhões de euros chegará no sexto ano de actividade.
jornal i
Apesar de ser 50% português e 50% espanhol, o projecto avança já em Setembro em Espanha, em Robleda, província de Salamanca, com uma exploração de 970 hectares e um rebanho de 350 cabras. Em Portugal, deverá arrancar em 2012. Para já, uma equipa técnica do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Duero-Douro tem estado a apresentá-lo em sessões públicas de esclarecimento em diversas freguesias de Guarda e Bragança. "Estamos à procura de pessoas que tenham terrenos abandonados, com ou sem infra-estruturas, com um mínimo de dois hectares, e que queiram cedê-los para arrendamento por um período de 15 anos. Como existem na região parcelas muito pequenas, os proprietários podem juntar-se", anuncia a técnica florestal do Self-Prevention, Teresa Pêra.
Em contrapartida, o agrupamento entrega, logo à cabeça, acções da empresa com o valor nominal de 10 euros cada. Um hectare deverá equivaler, em média, a quatro acções, ou seja, a 40 euros, dependendo do tipo de terreno.
A ideia do Self-Prevention não é completamente original. Em África, por exemplo, esta é uma prática mais ou menos comum: usa-se o gado caprino e ovino para comer a massa vegetal que funciona como potencial barril de pólvora em terrenos que estão abandonados.
Quando foi feito o projecto, "os incêndios eram um flagelo", lembra o director-geral do agrupamento, José Luís Pascual. Em Portugal arderam 1,5 milhões de hectares entre 2000 e 2009 e em Espanha 1,26 milhões de hectares.
Este foi o motivo que levou os responsáveis portugueses a pedir apoio financeiro ao executivo de Sócrates. E o secretário de Estado da Administração Interna, Rui Sá Gomes, a assumir o compromisso verbal de pagar perto de metade da verba necessária para pôr o projecto em prática, conta Teresa Pêra.
As eleições antecipadas em Portugal vieram alterar os planos do agrupamento. E a crise económica também. "Ao longo deste tempo fomos fazendo ajustamentos ao projecto. Em tempo de crise, é claro que há outros fogos para apagar e os incêndios deixam de ser prioridade dos governos." José Luís Pascual, que tem 12 anos de experiência nesta matéria, rapidamente compreendeu que era mais fácil adaptar o projecto às circunstâncias. Foi o que fez. E já tem dois grandes investidores, a La Caixa da Catalunha e a Red Eléctrica de España.
Além da holding espanhola, a Exploração Caprina Duero-Douro, S.A., que está em processo de constituição, serão criadas seis outras empresas, três em Espanha, três em Portugal, para explorar leite e derivados. Numa fase mais avançada, está também prevista a criação de uma central de comercialização, empresas de transformação de carne, de produção de rações e de exploração de biomassa, uma plataforma logística de transporte e distribuição e ainda outros serviços.
Cerca de 60% do projecto, que prevê a criação de 558 postos de trabalho, a ocupação de 9000 km2 e um efectivo de 150 mil cabras, deverão estar concluídos entre os segundo e terceiro anos de actividade. O lucro de 37 milhões de euros chegará no sexto ano de actividade.
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