a harmonia no caos
a imensidão dos sentidos, das vontades, dos quereres, do regressar a criança, quero, é meu, dá-me, agora.
"Não! Portaste mal! Vais de castigo. Não mereces, não podes, assim não. Aguenta. segura. a vida não é assim... pensas o quê?! Prazer?! boa vida?! Amor... Só facilidades... isso é que era bom. A vida é reponsabilidade meu filho, é dura, os mundo é um mostro e se não te metes a pau, comem-te vivo!!!!"
- disseram-te amo-te quando eras pequenina?
- não. mas não foi preciso, eu sentia. E a ti?
- não, tinha 18 anos quando o ouvi pela primeira vez, mas foi a coisa mais estranha que ouvi, parecia daquelas dobragens de telenovela mexicana sabes... hummm hi! depois de algum tempo o meu pai conseguiu harmonizar a palavra e torna-la "sentida", mas ele teve sempre um abraço, um abraço imenso que me deixou sempre segura, sempre senti amor nesse abraço... mas gostei de ouvir, gostei de perceber que ele queria dizer-me.
- e a tua mãe?
- é uma mulher fantástica... ensinei-lhe imensa coisa... hummm! hi! não sei se aprendeu a ser mãe, mas é uma mulher fantástica! E diz que me ama, sim, e é mesmo uma personagem de uma telenovela mexicana... hummm!hi! E se eu pensar bem, também eu sou e todos os outros são! Nunca soube dizer amo-te... uma vez disseram-me que para parecer verdadeiro tens de o segredar ao ouvido num momento importante.
- E essas coisas aprendem-se assim, tás louca ou o quê?! Ou dizes quando sentes ou então não dizes.
- Se assim fosse estavas sempre a dize-lo e tornavas-te naquelas pessoas que muita gente condena por banalizar a palavra.
"Não! Portaste mal! Vais de castigo. Não mereces, não podes, assim não. Aguenta. segura. a vida não é assim... pensas o quê?! Prazer?! boa vida?! Amor... Só facilidades... isso é que era bom. A vida é reponsabilidade meu filho, é dura, os mundo é um mostro e se não te metes a pau, comem-te vivo!!!!"
- disseram-te amo-te quando eras pequenina?
- não. mas não foi preciso, eu sentia. E a ti?
- não, tinha 18 anos quando o ouvi pela primeira vez, mas foi a coisa mais estranha que ouvi, parecia daquelas dobragens de telenovela mexicana sabes... hummm hi! depois de algum tempo o meu pai conseguiu harmonizar a palavra e torna-la "sentida", mas ele teve sempre um abraço, um abraço imenso que me deixou sempre segura, sempre senti amor nesse abraço... mas gostei de ouvir, gostei de perceber que ele queria dizer-me.
- e a tua mãe?
- é uma mulher fantástica... ensinei-lhe imensa coisa... hummm! hi! não sei se aprendeu a ser mãe, mas é uma mulher fantástica! E diz que me ama, sim, e é mesmo uma personagem de uma telenovela mexicana... hummm!hi! E se eu pensar bem, também eu sou e todos os outros são! Nunca soube dizer amo-te... uma vez disseram-me que para parecer verdadeiro tens de o segredar ao ouvido num momento importante.
- E essas coisas aprendem-se assim, tás louca ou o quê?! Ou dizes quando sentes ou então não dizes.
- Se assim fosse estavas sempre a dize-lo e tornavas-te naquelas pessoas que muita gente condena por banalizar a palavra.
não sei se sonhei, se senti, se pensei ou se presenti, nela, na mulher possivel com quem esteja, se foi de ha mais de vinte anos e permanece, se é nova, bonita e inteligente, se o que for.
pensei que não me importa mais vê-la, conhecê-la, até imaginei entregar-lhe um sorriso franco, um aperto de mão, um ou dois beijos, conforme os gostos. se é uma sua escolha, é bonita com certeza... e quem mais do que eu a percebe...não me sentirei mal, não menos do que sou, nem ela o é.
- achas que era ela?
- não faço idéia nenhuma.
- reparaste?
- sim, tinha um olhar triste, muito bonita, mas se for, não gostou de me ver...
- vês... não quero se quer saber, não quero ver, não quero ver, ponto.
- mas até pode nem ser, quero lá saber. as pessoas são todas pessoas. não vou dizer que vai ser como nada se os ver na rua de mãos dadas, mas é que eu não me considero a outra nem a primeira, eu sou eu, uma granda mulher, sem posto. Ponto! Se é para conhecer, terei muito prazer. Se os lugares não estão marcados, então o mercado é livre. Eu não sei fazer o que não tenho vontade, mas daí a condenar os outros... era bom que tudo fosse a nossa medida para sempre, mas não é.
quando nunca aprendemos a demonstrar os sentimentos aos outros, o turbilhão cresce cá dentro, confrontamo-nos com o que somos e com o que gostariamos de ser, de nos ver, de como gostariamos que nos vissem. quero ser melhor, todos queremos, mas é como é isso de ser melhor, qual é o lado melhor do que quero ser.
honestidade disse-me uma, excesso de transparência é complicado disse-me outra. guardei tudo cá dentro que parecia que ia rebentar durante tantos anos e agora é o oposto. mas diz-me, tu, eu, como é queres ser, como é que queres cá dentro. eu quero poder ser eu, como sou, com podres e vazios, com frios e quentes, com dores, com maldades feitas e por fazer, com manipulações e repressões, com infantilidades e responsabilidades acrescidas, com bloqueios, com defeitos, com desejos, com carinho, quero mesmo o carinho, e o respeito. só não quero deixar de ser eu.
foto: Milla Jovovich by Peter Lindbergh.
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