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domingo, 18 de setembro de 2011
Estado deve milhões de euros a construtores algarvios
18-09-2011
A construção civil atravessa grandes dificuldades em todo o país, com mais de um milhar de empresas encerradas no último ano, mas o problema é sentido com mais força no Algarve, disse uma associação do setor.
O delegado regional do Algarve da Associação de Empresas de Construção Civil e Obras Públicas (AECOPS), Manuel Gonçalves, disse que “o setor da construção atravessa um gravíssimo o problema porque não tem possibilidade de fazer o escoamento do produto que tem para comercialização” e “o Estado tem dificuldades em promover o investimento e lançar obras públicas a concurso”, assim como em pagar a execução das já concluídas.
“Há, não só da parte da administração central como das autarquias locais, valores que, no seu conjunto, representarão cerca de dois mil milhões de euros de dívidas. Se o Estado pagasse, criaria uma bolsa e permitiria às empresas manterem-se mais uns tempos sem recorrer aos mecanismos das falências e insolvências, como está a acontecer um pouco por todo o país”, precisou.
Manuel Gonçalves disse que em setembro, relativamente ao mesmo período de 2010, foram registadas “1446 empresas que deixaram a sua atividade a nível nacional”, mas deste valor “cerca de 87 por cento, ou seja, 1360 empresas em números redondos, são da área geográfica da AECOPS, de Leiria/Castelo Branco até ao sul, o que significa que a região sul tem sido a mais afetada pela crise no setor da construção”.
“O grande número de empresas que tem vindo a deixar a atividade provoca simultaneamente um aumento do número de desempregados da construção civil, que representam neste momento cerca de 14,4 por cento do bolo total nacional e, na região do Algarve, que é aquela que tem sido a nível da atividade a mais penalizada, representa qualquer coisa como 26 por cento do número total de desempregados da região”, frisou.
Gonçalves disse também que houve uma “redução muito acentuada do número de fogos licenciados” em setembro, comparativamente ao período homólogo de 2010, com uma quebra de “31 por cento a nível nacional, de 33 por cento na área geográfica de atuação da AECOPS e, mais uma vez, na região do Algarve, o montante de redução anda na ordem dos 61,8 por cento”.
Houve também, segundo o dirigente da AECOPS, uma quebra “drástica” na venda e comercialização de fogos, estando esta relacionada com as dificuldades na obtenção de crédito bancário por parte das famílias, mas também “com os valores cada vez mais reduzidos das avaliações” feitas pelos bancos.
Gonçalves acrescentou que a falta de crédito “traduz-se numa redução da ordem dos 79 por cento na comercialização de fogos, um valor realmente assustador para o total que ainda existe na região com necessidade de ser comercializado”.
A quebra verificada nas Obras públicas foi também de 73 por cento no Algarve e de 39 por cento do total a nível nacional, situação que tem reflexos “extremamente negativos na falta de atividade das empresas”, disse.
“Se rapidamente não forem tomadas medidas que permitam ter algum relançamento da atividade, nomeadamente com a modificação da lei do arrendamento, com a criação dos chamados fundos imobiliários de investimento e do pagamento das dívidas às empresas, estamos realmente numa situação muito complicada”, afirmou Manuel Gonçalves, referindo-se a um conjunto de propostas que a associação propôs ao Ministério da Economia para revitalizar o setor.
Observatório do Algarve
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