A institucionalização da velhacaria
Quando um ministro vai à Universidade de Verão do PSD e incita os seus jovens camaradas a estudar porque assim ganharão bom dinheiro e semanas depois suspende a atribuição de prémios quando os premiados já tinham sido convocados não está a adoptar uma decisão política, está a ser velhaco. E está a ser ainda mais velhaco quando tenta limpar a sua face convidando os alunos escolheram acções de caridade onde deverão ser os usados os prémios que deveriam ser. Será que quando os seus filhos têm um bom desempenho estudantil o ministro premeia-os com um mês de Agosto como voluntários no Banco Alimentar contra a Fome?
O ministro pode odiar José Sócrates mas não precisa de levar esse ódio a tudo o que foi feito na educação ao ponto de defraudar expectativas legítimas de milhares de estudantes, manifestando total desprezo pela lei que não lhe permite exercer cargos públicos como se o Estado fosse uma coisa de trazer por casa. Muitos estudantes esforçaram-se tendo por objectivo conseguir os prémios, muitos pais e professores incentivaram-nos, alguns colegas sentiram-se mais motivados e alguns dos colegas calões terão mesmo gozado com eles. Agora, só porque o ministro quer ser coerente com o blogger que foi e não tem sentido de Estado junta-se aos calões e goza com eles. Ignora que muitos deles são estudantes com menos recursos e que iam usar o prémio em material escolar, comprar o PC que os pais não lhe podem comprar ou mesmo comprar a peça de roupa que nunca puderam ter, agora são gozados ao lhes perguntarem quem querem ajudar com seu prémio. É uma pena que a miséria cultural não possa ser considerada, se assim fosse poderiam sugerir que o prémio fosse dado ao ministro, com o seu comportamento revelou-se mais miserável do que qualquer família carenciada deste país.
Este ministro parece ter raiva do que de bom se fez no ensino, chegou a ministro irritado com os relatórios da OCDE elogiando os resultados, cheio de raiva porque muitas escolas foram modernizadas, irado porque as novas tecnologias foram incentivadas. Ignorando que o mais importante é o país e o futuro de gerações de estuantes odeia udo o que foi feito, de forma oportunista dá continuidade a uma boa parte das reformas (avaliação de professores, enceramento de escolas sem qualidade) e revela a sua falta de dimensão humana barafustando com pequenas coisas. Arma-se em defensor da avaliação mas tira os prémios aos que mais se esforçaram para terem avaliações excelentes, detesta tudo o que cheira a tecnologia, odeia os computadores, é um ruralista que aprece tirado de um velho convento no meio da serra para meter o ensino na ordem, o seu ódio a Sócrates leva-o a odiar tudo o que cheire a progresso, ignorando que esse é a maior homenagem que pode prestar a quem tanto odeia.
O ódio de Crato em relação a tudo o que se fez no ensino e que não só foi elogiado por muita gente como significou uma das maiores reformas deste Veiga Simão leva a que este ministro em vez de ter uma política que prove que é melhor do que os seus antecessores opte pela exibição da sua pequenez humana institucionalizando a velhacaria.
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