Os bons velhos tempos em que o patrão podia dizer ao trabalhador “ponha-se na rua” só porque lhe apetecia estão de volta.
O Governo vai propôr (impôr) o despedimento por não cumprimento de objectivos ou quebra de produtividade, o que equivale a aceitar que tudo serve para despedir. É mais do que sabido que o patronato e seus acólitos, entre os quais se incluem os rapazes do PSD e do CDS que estão hoje no Governo da nação, nunca aceitaram os direitos e garantias alcançados pelos trabalhadores depois de Abril de 1974. Custa-lhes conviver com a contratação colectiva, com um regime restritivo de despedimento, com garantias que, antes de mais, são garantias civilizacionais conquistadas em séculos de luta dos povos.
As propostas (imposições) agora apresentada provam que o carácter do capital e dos seus detentores nunca muda. Apenas se disfarça com novas roupagens e linguagens que enganam muitos durante muito tempo, mas nunca conseguirão enganar todos durante todo o tempo.
Não sou especialista em direito laboral, mas não é difícil perceber que abrir a possibilidade de despedir com justa causa causa com base no incumprimento de objectivos individuais ou quebra de produtividade é das coisas mais fáceis deste mundo. O mais tenebroso ainda é que queiram pôr os trabalhadores a pagar os seus próprios despedimentos.
O Presidente da República continua, entretanto, sem nos dar cavaco sobre os limites aos sacrifícios que nos querem impor e que há bem pouco tempo tanto o incomodavam…
Por isso se instala cada vez mais aquele sentimento de náusea que o Manuel Augusto Araújo invocava lá mais atrás.
A grande questão de hoje reside, fundamentalmente, em saber como transformar esta náusea em algo de mobilizador e capaz de mudar algo.
Participar na jornada de luta marcada pela CGTP para dia 1 de Outubro talvez seja um bom começo…
PS – Já depois de encerrada a escrita deste post descobri uma reacção de Bagão Felix, insuspeito ex-ministro do CDS, homem de direita sem mácula e que diz ISTO sobre estas fantásticas propostas
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