A beleza da diferença
Somos seres sociais: e, mesmo que inconscientemente, moldamos os nossos pensamentos e maneira de ser, pela sociedade na qual nos inserimos. O que nos leva muitas vezes a fazer uma separação das coisas desta forma: o que é normal aqui é o certo, as outras maneiras de viver estão erradas. Quando isso existe no nosso mundo diário, quando extrapolamos para outras culturas, as coisas tornam-se ainda mais radicais.
Julgamos culturas totalmente diferentes com os nossos olhos ocidentais. Como se fôssemos os donos da razão. Mas para poder "julgar" os outros temos que tirar a nossa capa de preconceitos. Olhamos para os países orientais e pensamos: «que monstros eles têm trabalho infantil. Em vez das crianças brincarem eles vão trabalhar com 12 anos». Mas temos que pensar que a realidade destes países é totalmente diferente da nossa. Cuidado, eu sou contra a exploração infantil. Mas percebo que naquelas condições é o único meio que aquelas famílias têm para se alimentar. É a única realiade que existe. E se pensarmos bem há 50 anos atrás, acontecia exactamente o mesmo no nosso país: os meus pais começaram a trabalhar aos 10 anos. E ainda hoje, em França por exemplo, apontam-nos o dedo pela nossa exploração infantil!
Antes de julgar e criticar, temos que tentar ir mais longe e perceber as outras culturas. Na China comem cão e gato? E depois? Estes animais são considerados lá alimentos e não animais domésticos! Na Índia a vaca é sagrada, e isso faz de nós portugueses umas bestas por comer bitoques? Em África e no Médio Oriente, as mulheres não têm os mesmos direitos que os homens, mas já pensaram que são elas próprias que incentivam esse papel social. Que a grande maioria não vê mal nenhum nisso? Porque é simplesmente a sua cultura?
Não devemos julgar a nossa cultura superior às outras. Somos simplesmente diferentes. E isso é que faz a beleza do mundo. Há injustiças no mundo, claro. Claro que temos que lutar contra elas. Mas em vez de julgar, temos que aprender a conviver com a diferença...
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