A vida de Francisco Rolão Preto (1896-1977) conta-nos a história de um homem de fortes convicções que sempre se opôs a Salazar e ambicionava para Portugal uma outra política que não a ditadura militar instituída a partir de 1926.
Inspirado no fascismo italiano, quando este se transformou numa força política, Rolão Preto criou o Movimento Nacional-Sindicalista, anunciado como antidemocrático, anticomunista, antiburguês, antiparlamentar, nacionalista, corporativista e familiar. Era o partido da extrema-direita, dos portugueses que vestiam camisas-azuis, faziam a saudação romana e que tentariam por diversas vezes derrubar o regime. O grupo foi perseguido, alguns membros aderiram à União Nacional, o partido de Salazar, e o líder acabou preso e forçado ao exílio em Espanha.
Em 1934 o Nacional Sindicalismo era proibido por decreto, mas no ano seguinte os nacionais-sindicalistas tentaram mais uma vez derrubar o regime. O golpe falhou e o movimento dos camisas-azuis, como ficou conhecido, extinguiu-se.
Até ao 25 de Abril, Rolão Preto, homem da direita radical, haveria de continuar sempre na oposição a apoiar os dissidentes do Estado Novo: o General Norton de Matos, Quintão Meireles e Humberto Delgado. Com a Revolução, rendeu-se aos princípios democráticos e tornou-se dirigente do Partido Popular Monárquico, um reencontro com os tempos da sua juventude em que foi um defensor ativo da Monarquia e um dos fundadores do Integralismo Lusitano, que estaria mais tarde na base do Nacional-Sindicalismo. O fechar de um ciclo.
As suas principais obras foram reeditadas por José Melo Alexandrino, professor universitário que quis assim recuperar o pensamento de uma figura nacional que marcou o século XX português e que, a título póstumo, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique.
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