Terão sido emitidos, ao todo, 13 mandados de detenção contra jornalistas e responsáveis do jornal diário
A polícia turca deteve o diretor do jornal da oposição Cumhuriyet, informaram hoje os meios de comunicação social estatais, enquanto a CNN Türk indica que foram emitidos 13 mandados de detenção contra jornalistas e responsáveis pelo diário.
Murat Sabuncu foi detido enquanto as autoridades procuravam pelo presidente da comissão executiva, Akin Atalay, e pelo jornalista Guray Öz, de acordo com a agência noticiosa pró-governamental Anadolu.
Mas, segundo o jornal, que diz ignorar as razões por detrás das detenções, Guray Öz já havia sido detido.
O Cumhuriyet, fundado em 1924, com uma tiragem de cerca de 50 mil exemplares, não é dos diários mais vendidos da Turquia, mas figura entre os mais prestigiados, sendo conhecido pelo jornalismo de investigação e uma linha de oposição ao Governo, com uma posição de centro-esquerda.
Os agentes detiveram Sabuncu na sua residência, alvo de uma rusga, tal como sucedeu com o redator Guray Öz, detido numa rusga à sua casa em Ancara, segundo a edição digital do jornal.
Também foi feita uma rusga à casa de Akin Atalay que se encontra no estrangeiro.
Murat Sabuncu foi nomeado diretor do diário depois da demissão de Can Dündar, jornalista que passou um ano em prisão preventiva acusado de "espionagem" por publicar imagens do que foi descrito como um envio de armas por parte da Turquia para grupos 'jihadistas' na Síria junto à fronteira entre os dois países. Sabuncu está agora fora da Turquia.
"O golpe contra a democracia chegou ao Cumhuriyet", comentou o próprio jornal referindo-se às detenções de hoje, em alusão ao estado de emergência, instaurado após o golpe militar fracassado de julho, o qual facilita as operações contra a oposição turca.
No sábado, um decreto emitido ao abrigo do estado de emergência, ordenou o encerramento de 16 jornais, duas agências de notícias e três revistas, a maioria relacionados com o movimento da esquerda turca, uma corrente política a que o Cumhuriyet não está ligado.
Segundo o diário pró-governo Sabah, as operações contra o Cumhuriyet surgem no âmbito de uma investigação às atividades do jornal relacionadas com o movimento de Fethullah Gülen, que o Governo acusa de ter fomentado a alegada tentativa de golpe de Estado de julho passado, e com militantes da causa curda.
O Governo turco lançou em julho uma purga contra os suspeitos de ligações a Fethullah Gülen, com a oposição a acusar o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de se aproveitar da situação para ajustar contas com os seus detratores.
A Repórteres Sem Fronteiras classifica a Turquia no 151.º lugar (em 180) do índice mundial de liberdade de imprensa.
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