Por mil anos depois da queda do Império Romano do Ocidente, o Império Bizantino se manteve fortalecido. Antigo e poderoso, logo se tornou conhecido como um labirinto de intrigas e segredos. Confira alguns:
10. Assassinatos de imperadores
Como os bizantinos sabiam que um governante impopular sempre podia ser substituído, uma série de imperadores morreram de assassinatos violentos.
Constante II foi espancado até a morte com uma saboneteira enquanto tomava seu banho. Miguel III perdeu as duas mãos tentando bloquear uma espada. Nicéforo Focas foi advertido de um plano para seu homicídio e ordenou uma busca pelo palácio, mas sua esposa tinha escondido os assassinos em seu quarto, que nenhum guarda se atreveria a vasculhar. Eles esfaquearam Nicéforo naquela noite. A morte mais espetacular, no entanto, foi de Leão V, o Armênio (foto). Emboscado no dia de Natal por assassinos disfarçados de um coro de monges, ele usou uma pesada cruz do altar de uma igreja para se defender até que seu braço foi cortado e ele foi derrubado. Os assassinos, em seguida, jogaram seu cadáver em um banheiro.
9. Mutilação de rivais
Os bizantinos acreditavam que a desfiguração desclassificava candidatos ao trono. Como resultado, os imperadores muitas vezes mutilavam seus rivais ao invés de simplesmente matá-los.
Cegar era uma prática popular, bem como cortar narizes e línguas. Nos últimos anos, a castração tornou-se a prática mais comum. João IV Láscaris viveu durante 40 anos depois de ser cegado. Já a Imperatriz Irene (foto) mandou cegar seu próprio filho rebelde no quarto onde ela tinha dado à luz a ele. O jovem morreu de seus ferimentos pouco tempo depois.
Basílio Lecapeno foi castrado quando menino para impedi-lo de causar problemas quando crescesse. Com o trono inalcançável para ele, Basílio tornou-se um cortesão poderoso e governou por uma série de imperadores fantoches.
8. Justiniano II
O aterrorizante imperador Justiniano II foi derrubado pela primeira vez no ano 695. Rebeldes cortaram seu nariz e sua língua antes de exilá-lo para a Criméia. Implacável, Justiniano fugiu para a terra dos czares e começou a traçar um retorno ao poder. O novo imperador subornou os czares para assassinar seu convidado, mas Justiniano foi advertido desse plano e pessoalmente estrangulou os homicidas, antes de partir para a Bulgária em um barco de pesca.
Formando uma aliança com o cã búlgaro, Justiniano voltou a Constantinopla com um exército, executando uma terrível vingança sobre os seus inimigos. Recuperando o trono, ele governou por mais seis anos, usando um nariz de ouro e um intérprete para traduzir os murmúrios de sua língua cortada. Eventualmente, sua crueldade cresceu demais, e ele foi derrubado novamente em 711. Desta vez, seus oponentes o mataram.
7. Brigas de poder
Hoje, a palavra “bizantino” pode se referir a uma atmosfera de confusão e intriga, o que foi certamente verdade no tribunal de Constantinopla. Lá, eunucos e cortesães disputavam influência e imperadores governavam através de favoritos poderosos.
Em um exemplo do século IX, o eunuco Estaurácio ajudou a já mencionada Imperatriz Irene a cegar seu próprio filho. Estaurácio logo foi derrubado pelo eunuco Aécio, que planejava fazer de seu irmão o imperador. Mas Aécio falhou em se proteger contra o ministro das Finanças Nicéforo, que orquestrou um golpe e reinou como imperador até que os búlgaros converteram seu crânio em um copo.
Esta sequência de ardis durou até Constantinopla cair. Mesmo quando os otomanos já estavam reunidos em volta dos muros da cidade, disse-se que o Grão-Duque Lucas Notaras continuava a fazer esquemas para garantir posições de corte lucrativas para seus filhos.
6. Guerra Civil
No século IX, Miguel I foi forçado a renunciar seu trono por um trio de seus generais: Leão V, o Armênio, Miguel II, o Amoriano, e Tomás, o Eslavo. Leão V tornou-se imperador. Mas, quando se desentendeu com Miguel, seguidores do Amoriano mataram o governante no Natal. Tomás, o Eslavo se revoltou contra Miguel, o que provocou uma guerra civil que enfraqueceu muito o império contra os árabes.
Problemas semelhantes surgiram no século X, quando a rebelião de Bardas Focas foi derrotada pelo general Bardas Esclero. Quando o eunuco Basílio Lecapeno tramou contra Esclero, ele começou sua própria revolta em autodefesa. Lecapeno liberou Focas da prisão e o colocou no comando contra Esclero. Focas o derrotou.
Em seguida, Esclero, Lecapeno e Focas uniram-se contra o jovem Basílio II Bulgaróctone (foto). Com tantas lutas internas por poder, Basílio garantiu seu sucesso. Mais tarde, se tornou famoso por cegar milhares de prisioneiros e enviá-los de volta à Bulgária.
5. “Nascidos roxos”
Os bizantinos consideraram o roxo por muito tempo como a cor imperial, com apenas membros da família real podendo utilizar certos corantes desse tom. Eventualmente, um imperador construiu uma sala especial com paredes feitas da pedra preciosa roxa pórfiro. Crianças nascidas nesta sala foram apelidadas de “porfirogênito”, que significava “nascido roxo”.
Tais bebês tinham um prestígio imenso e não deviam se casar fora do império, embora Vladimir de Kiev famosamente exigiu uma noiva nascida roxa como o preço por sua ajuda militar e sua conversão ao cristianismo.
Os nascidos roxos também atraíam grande lealdade do povo. Constantino VII, um porfirogênito, foi derrubado quando menino, mas seu status o protegeu e ele foi autorizado a permanecer como co-imperador por 24 anos.
Os dois últimos bebês nascidos roxos foram as irmãs Zoé e Teodora. Os cidadãos de Constantinopla se amotinaram a cada tentativa de removê-las do poder, e as duas dominaram o império até a morte de Teodora, em 1056.
Como cidadãos da maior cidade da Terra, o povo de Constantinopla não tinha medo de expressar-se, muitas vezes através de violência.
No exemplo mais famoso, fãs das equipes Azul e Verde do popular esporte de corrida de bigas se uniram para liderar uma revolta contra Justiniano I. O imperador estava preparado para fugir, mas o dia foi salvo por sua esposa, Teodora, que proclamou que ela preferia morrer como uma imperatriz a viver como uma plebeia. Os rebeldes foram posteriormente massacrados.
Outro exemplo é de uma guerra civil particularmente sangrenta que foi terminada eficazmente por um motim. O grão-duque Aleixo Apocaucos estava inspecionando sua nova cadeia quando os presos políticos o assassinaram, minando sua facção.
As tendências assertivas dos cidadãos de Constantinopla sobreviveram inclusive a conquista otomana. Sultões chegaram a se encolher dentro do Palácio de Topkapi, enquanto uma multidão enfurecida rasgava seu vizir (ministro nomeado por um soberano de um reino muçulmano) em pedaços.
3. Eunucos
Eunucos serviam o estado bizantino em várias capacidades, de cortesãos a sacerdotes e generais. O eunuco Pedro Focas tornou-se famoso por derrotar um guerreiro cita em um único combate.
Eles não eram vistos como ameaçadores, porque não tinham filhos para herdar seu status. Porém, eunucos como João Orfanotrofo (gerente do orfanato de Constantinopla) tornou-se notório por alavancar seus irmãos em bons cargos. O próprio João tornou-se tão poderoso que toda a sua família foi castrada e exilada por um imperador nervoso.
A castração era tecnicamente ilegal no império. Como resultado, muitos eunucos foram escravizados fora do império quando rapazes e depois castrados antes de atravessarem a fronteira. Mas não era incomum que pais bizantinos pobres castrassem seus filhos na esperança de que esses meninos mais tarde se fixassem em posições lucrativas na corte.
2. Escravos sexuais
Múltiplas fontes do período alegam que eunucos eram frequentemente usados como escravos sexuais, porque mantinham uma aparência jovem. Esta prática era oficialmente proibida, mas a igreja tinha dificuldades em encontrar uma maneira de pará-la sem condenar a própria escravidão (e, assim, o imperador).
O problema é ilustrado em uma história sobre a vida de Santo André, que basicamente coloca a culpa nos eunucos do século X. Um personagem aponta que “se um escravo não obedecer, você certamente sabe o quanto ele vai sofrer, sendo maltratado e espancado”. Mas André insiste que “se os escravos não se curvam às paixões abomináveis de seus mestres, eles são três vezes abençoados, pois graças aos tormentos que você menciona, eles vão ser considerados mártires”.
1. Os zelotes
Em 1341, o Império Bizantino passava por uma de suas guerras civis comuns. O novo imperador tinha nove anos, e João VI Cantacuzeno, amigo de seu pai, foi nomeado regente. A mãe do menino, Ana, e o grão-duque Aleixo Apocaucos formaram uma aliança para usurpar a regência, provocando um enorme conflito.
Desta vez, no entanto, algo diferente aconteceu. Na cidade de Tessalônica, o povo assumiu o controle da aristocracia. Chamando a si mesmos de “zelotes”, estes revolucionários defendiam os direitos dos pobres. Multidões violentas atacaram os ricos, e um conselho destes rebeldes governaram Tessalônica pela duração da guerra civil, permanecendo hostis à nobreza.
Os zelotes só foram derrubados quando João VI Cantacuzeno tornou-se imperador. Alguns dos zelotes convidaram o rei sérvio Estêvão Duchan para tomar a cidade, mas outros acharam esse ato antipatriótico e os combates internos começaram. Cantacuzeno tomou a cidade com facilidade e executou o líder zelote.
Fonte: hypescience.com
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