- Apenas um momento
- E tudo aconteceu num momento, um notável momento. Como todos os momentos, aquele não parecia ser diferente de qualquer outro. Mas na realidade, aquele momento particular não foi como nenhum outro. Naquele segmento de tempo algo espetacular ocorreu. Enquanto as criaturas da terra caminhavam ignorantes, Ele chegou. O céu se abriu e colocou seu bem mais precioso no inicio de uma forma humana.
DE JON LENNON
Pouco depois de meia-noite do dia oito para o dia nove de dezembro de 1980, o doutor Stephan Lynn, chefe da emergência do Hospital Roosevelt, na esquina da Nona Avenida com a Rua 59, em Nova York, saiu para falar com o batalhão de jornalistas aglomerados do lado de fora. - John Lennon foi trazido num carro de policia para o pronto socorro do Hospital Roosevelt esta noite, pouco depois das 23 horas. Ele estava morto ao dar entrada. Extensos esforços para ressuscitá-lo foram feitos mas, a despeito de transfusões e outras medidas, não foi possivel salvá-lo. Ele tinha sete ferimentos a bala no braço esquerdo, no peito e nas costas. Houve danos significativos nos principais vasos do peito que provocaram maciça perda de sangue, o que provavelmente resultou na sua morte. O óbito foi declarado às 23h 07m.
(Obs. A time line dos acontecimentos é meio estranha. Ele teria saído do estúdio 22h30, chegou no Dakota às 22h50. A polícia chegou rápido, pegou Lennon, levou pra o hospital onde morreu às 23h 07. Tudo num período de 17 minutos.Tempo curto para tanta coisa acontecer)
Às duas da madrugada, o porta-voz da policia, James T. Sullivan, falou com centenas de jornalistas apinhados na sala de imprensa do 20º distrito na Rua 82 Oeste.
No dia oito de dezembro, John Lennon cortou os cabelos ao estilo Teddy Boy do começo da carreira dos Beatles e voltou para posar numa sessão de fotos com a fotógrafa Annie Leibovitz, ilustração de uma entrevista dada à Rolling Stone no dia 5, na promoção do álbum Double Fantasy. Deu uma entrevista para a RKO Radio e, por volta de quatro da tarde, saiu com Yoko para o estúdio Record Plant de carona com a equipe da RKO porque sua limusine não apareceu. Quando ia entrar no carro, Mark Chapman chegou perto dele e estendeu uma cópia de Double Fantasy. John autografou e perguntou “É só isso que você quer?” (Chapman declarou mais tarde que pensou em matá-lo naquela hora, mas a gentileza de John o desarmou). Dai seguiu para o estúdio onde trabalhou até 10 e meia da noite na música de Yoko Walking On a Thin Ice. Yoko sugeriu que jantassem num restaurante vizinho, a Stage Deli, mas John disse que queria voltar ao Dakota primeiro. “A última coisa que ele teve na cabeça foi ver Sean antes que fosse dormir,” disse Yoko.
Centenas de pessoas se aglomeraram na frente do Dakota assim que a notícia se espalhou, cantando Give Peace A Chance. Muitos choravam, portavam velas e bastões de incenso. Lá dentro Yoko ligou para Paul McCartney e para Mimi, a tia que tinha criado John. Ringo, que estivera com John dois meses antes, pegou um avião nas Bahamas, com a noiva Barbara Bach, para Nova York e foi direto para o Dakota. Julian Lennon, filho do primeiro casamento, veio do País de Gales. Paul McCartney, pálido e abatido, falou com a imprensa na saída do Air Studio e pediu todo apoio a Yoko. Um comunicado dele emitido mais tarde disse que as diferenças entre os dois, na reta final dos Beatles, de 1968 a 1970, eram coisas do passado e que estavam se tornando grandes amigos outra vez. George Harrison estava gravando quando recebeu a noticia. Interrompeu e foi para casa. Mais tarde, num comunicado, disse: “Depois de tudo que passamos juntos eu tinha e ainda tenho um grande amor e respeito por John. Estou atordoado. Roubar uma vida é o roubo mais definitivo. O corpo de Lennon foi cremado dia 10 de dezembro no Ferncliff Cemetery em Hartsdale, Nova York. Não houve velório.
Mark Chapman alegou que vozes em sua cabeça mandaram matar John Lennon. Avaliações psiquiátricas decidiram que ele era perfeitamente são e podia ser julgado. No dia 24 de agosto de 1981, ele foi condenado a uma pena de 20 anos à prisão perpétua. No ano 2000, quando se completaram os 20 anos, ele pediu liberdade condicional pela primeira vez. Este e outros cinco pedidos foram negados. No ultimo pedido, em agosto deste ano, Chapman disse à junta de condicional que encontrou Jesus na prisão. Que está em paz, que sua vida mudou graças à experiência na prisão. “Achei que, ao matar John Lennon, eu me tornaria alguém. Em vez disso, me tornei um assassino e assassinos não são alguém,” disse ele. A junta de condicional decidiu que o gesto “premeditado, sem sentido e egoísta de conseqüências trágicas torna sua libertação inapropriada e incompatível com o bem estar da comunidade. Libertá-lo diminuiria a seriedade de seu crime e abalaria o respeito à lei.” Chapman está na Penitenciária de Attica, cidade no município de Wyoming, estado de Nova York. Tem bom comportamento, é auxiliar na biblioteca e recebe visita íntima anual de 44 minutos de sua mulher, Gloria Hiroko Chapman, residente no Havaí.
No dia anterior ao crime, um domingo, Chapman viu John Lennon pela primeira vez depois de dias de vigília à frente do Dakota (ele chegou a fazer um agrado a Sean Lennon, quando este saiu para passear com a babá). Ele começou a tirar fotos. Lennon não estava num bom dia, brigou e correu atrás dele para tomar a máquina. Yoko: - Gritei para John não fazer aquilo. Ele não pegou a câmera e, quando voltou, disse “Se alguém me acertar, vai ser um fã.”
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