ORGULHO EM SER DE ESQUERDA! Lutamos pelo “belo, pelo justo e pelo melhor do mundo!”
Segue a carta de Olga Benário, escrita à véspera de sua morte:
LUTEI PELO JUSTO, PELO BOM e PELO MELHOR DO MUNDO!
Assim Olga Benário sintetizava sua trajetória num momento extremo da vida: “Lutei pelo belo, pelo justo e pelo melhor do mundo!”
Segue mais abaixo a última carta escrita por Olga, na véspera de sua morte, em 1942, dirigida à filha Anita e ao seu companheiro Luís Carlos Prestes. Olga, que morreu na câmara de gás do campo de concentração de Ravensbrück após ter participado do levante comunista de 1935 no Brasil e ser extraditada, é exemplo de dedicação à causa revolucionária e do internacionalismo proletário.
Em momentos de refluxo, de ofensiva conservadora e de certa pasmaceira generalizada da militância e do pensamento comunistas, vale lembrar dela e do exemplo de tantos outros combatentes que, na vida e na possibilidade da morte, souberam manter-se firmes na certeza de que lutavam “pelo justo, pelo belo e pelo melhor do mundo”.
Nos últimos meses os militantes de esquerda têm sido colocados numa condição estranha: de gente que prenuncia, na prática, as possibilidades de uma sociedade mais justa, passaram a receber epítetos hostis e, inclusive, foram diagnosticados com uma doença estranha: a esquerdopatia – seja lá o que isso signifique…
Mas o desagravo é necessário! Na verdade, sinceramente, sinto muita pena dessa gente histérica que se volta contra a esquerda… É uma gente mesquinha, egocêntrica, raivosa… Dá a impressão de ser gente muito infeliz. Eu sempre acreditei que aqueles que não são capazes de um mínimo gesto altruísta são profundamente infelizes. Essa tristeza e a frustração se expressam pelo grunhido raivoso, gente que baba de ódio a tudo que cheire a trabalhador e sobre mínimas melhorias das condições de vida dos trabalhadores.
Eles distorcem informações, não estudam nada, falam de coisas que não conhecem… Marionetes disciplinadas do que há de mais sórdido na direita, defendem, por vezes sem saber, a exclusão social, o preconceito que mata, a fome e até sua própria exploração. Lutam por sua própria escravidão como se lutassem pela liberdade…
Os militantes de esquerda são gente de outra qualidade. Há, sem dúvida, gente equivocada em qualquer lugar, mas há também um princípio fundamental que pode corrigir distorções, aprumar discursos e práticas, fazer olhar adiante mesmo quando somos obrigados a dar passos atrás: a rebeldia! Rebelar-se significa não aceitar as coisas como são, significa massa crítica diante de todos os problemas, significa estudar muito para entender a realidade que nos cerca, conhecer o passado para não cometer os mesmos erros e entender o presente, significa mesclar a vida entre o tempo necessário para reproduzi-la materialmente e o necessário para transformar a vida de todos. Significa coragem, risco e mesmo não ter tempo para sentir medo, como disse Marighella.
Mas também é alegria! É alegria porque é libertador romper as amarras dessa vidinha besta e preconceituosa, egocêntrica e hedonista, raivosa e que compactua com a miséria. É libertador combater a ordem responsável por tantas misérias.
É claro que essa gente infeliz e raivosa vai falar e reagir mal a um pequeno texto despretensioso como este… Faz parte do papel dessa gente burra. Mas é tempo de reafirmar a importância da militância de esquerda, retirar do nível rebaixado o debate e tocar a luta adiante.
É tempo de reafirmar com orgulho que o horizonte é vermelho e socialista! É tempo de fazer entender a todos que lutamos, como Olga, pelo belo, pelo justo e pelo melhor dos mundos!
E que os coxinhas falem sozinhos, sigam rastejando e comendo poeira enquanto sonham com a varanda gourmet! (de Cesar Mangolin)
"Queridos: Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora.
É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças – ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica… Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.
Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Corformar-me-ia, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?
Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nos últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas.
Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas… Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijo-os pela última vez."
Olga
Fonte: Instituto Luiz Carlos Prestes
Careciane dos Santos Almeida (google +)
FILME DE OLGA: https://www.youtube.com/watch?v=xr8-d8Jj-9Y
FILME (141 MINUTOS)
BIOGRAFIA SUCINTA DE OLGA BENARIO
Munique e Berlin
Olga Benario nasceu no dia 12 de fevereiro de 1908 em Munique no seio de uma família judia. Seu pai era advogado e membro do partido SPD (Partido Social Democrata da Alemanha). Já Olga Benario era considerada uma “agitadora comunista” como consta nos registros da polícia de Munique. Ela mudou-se para Berlin-Neukölln aos 17 anos onde foi membra atuante na Liga da Juventude Comunista (KJVD).
Ilegal em Moscovo e Europa
Após participar na organização de um plano espetacular de fuga para o camarada e também seu namorado, Otto Braun, que estava em prisão preventiva em Moabit, Olga Benario fugiu para Moscou, e em seguida, foi delegada a participar do 5o. Congresso Mundial da Juventude Internacional Comunista. Na França e Grã-Bretanha ela trabalhou para o movimento revolucionário dos operários. Porém foi na União Soviética que ela recebeu treinamento militar.
Brasil
Em 1935 Olga Benario, por ordem do Comintern (Internacional Comunista) em Moscou, acompanhou o brasileiro revolucionário Luís Carlos Prestes em viagem para o Rio de Janeiro, com o objetivo de organizar a insurreição de 1935, que veio a falhar. Tanto Olga quanto Luís Carlos Prestes acabaram sendo presos em 1936.
Extradição para a Alemanha-Nazista
Apesar dos protestos internacionais contra a deportação de Olga Benario, que já estava com gravidez avançada em Setembro de 1936, as autoridades brasileiras aprovaram assim mesmo a sua extradição junto a Gestapo.
Campo de Concentração e Assassinato
No início do ano de 1938 Olga Benario foi separada de sua filha, Anita Leocádia Prestes, e levada inicialmente para o campo de concentração de mulheres de Lichtenburg. Depois, foi obrigada a passar mais 3 anos no campo de concentração de Ravensbrück antes de ser enviada para o “Hospital Psiquiátrico” de Bernburg, onde Olga foi assassinada com monóxido de carbono.
Enquanto o pai de Olga já havia falecido em Janeiro de 1933, tanto a sua mãe Eugenie como o seu irmão Otto não conseguiram escapar dos campos de concentração. Ela morreu em Theresienstadt, e ele em Auschwitz. Felizmente, a filha de Olga foi criada pela sua avó paterna, Leocádia Prestes, no México. Foi somente em 1945 no Brasil que ela veio a conhecer o seu pai.
www.galerie-olga-benario.de
OLGA
Militante política do Partido Comunista Alemão desde os 15 anos de idade, em Moscou, Olga recebeu treinamento político e militar pela escola Lenin e foi a primeira esposa de Luís Carlos Prestes.
Olga Benario Prestes nasceu de uma família judia em Munique na Alemanha em 12 de fevereiro de 1908. Seu pai Leo Benario era um advogado social democrata e um liberal de ideias avançadas. Sua mãe Eugenie era uma dama da alta sociedade que não apoiava as ideias da filha que, em 1923, aos 15 anos, entrou para a Juventude Comunista.
Olga Benarioe Luis Carlos Prestes,
como Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar:
detalhe do passaporte português falso
apreendido no mesmo dia que o líder foi capturado.
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Em 1925 Olga vai para Berlim onde continua sua militância.Em 1926 é presa por traição mas liberada poucas semanas depois. Em 1928 lidera uma cinematográfica investida ao tribunal para liberar seu companheiro Otto Braun. Os dois fogem então para Moscou onde Olga é aclamada, faz treinamento militar e carreira no Comintern.
Em 1934 Olga é designada para garantir a chegada segura ao Brasil do líder comunista Luís Carlos Prestes onde lideraria a Intentona Comunista de 1935. Deveriam se passar por marido e mulher para facilitar seu disfarce. Na longa viagem se apaixonam.
Em 1934 Olga é designada para garantir a chegada segura ao Brasil do líder comunista Luís Carlos Prestes onde lideraria a Intentona Comunista de 1935. Deveriam se passar por marido e mulher para facilitar seu disfarce. Na longa viagem se apaixonam.
Com o fracasso da revolução Olga e Prestes são presos e separados.
Olga e Prestes são levados a depor |
Grávida de Prestes, Olga empreende uma grande luta para ter sua filha no Brasil. Mas o governo Vargas como uma vingança pessoal contra Prestes se empenha e Olga, grávida de 7 meses, é deportada para a Alemanha Nazista.
Lá é levada à prisão de mulheres da Gestapo no número 15 da Barnimstrasse.
Anita Benario Prestes |
Na madrugada de 27 de novembro de 1936, exatamente um ano após a fracassada revolução, nasceu Anita Leocádia, um bebê gorducho e saudável.
Leocádia, mãe de Prestes, fazia uma grande campanha na Europa pela libertação de seu filho, sua nora e neta. Por causa disso Olga teve permissão de permanecer com sua filha enquanto pudesse amamentá-la.
Quando Anita tinha 14 meses ela foi retirada de Olga e entregue à avó Leocádia, fato que Olga só soube depois.
Em 1938 Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg e em 1939 para Ravensbrück, o único grande campo exclusivo para mulheres.
Lá Olga foi líder de bloco e deu aulas para as outras presas. Em fevereiro de 1942 Olga foi levada com outras 200 prisioneiras para a câmara de gás de Bernburg onde foi executada.
“Lutei pelo Justo, pelo Bom e pelo Melhor do Mundo.”
Olga Benario Prestes / 1908 - 1942“Lutei pelo Justo, pelo Bom e pelo Melhor do Mundo.”
Extradição de Olga Benario
O Habeas Corpus (HC) 26155, integra o arquivo permanente do STF, por meio do qual a alemã e judia Olga Benario, então esposa do militar e político do Partido Comunista Brasileiro Luís Carlos Prestes, pediu um indulto para não ser extraditada para a Alemanha. A extradição foi concedida pelo Supremo e Olga, acusada de crimes políticos pelo Governo de Getúlio Vargas no período do Estado Novo, foi devolvida ao país de origem. Datado de 3 de junho de 1936, o documento apresenta pedido para que Olga Benario não fosse expulsa do país. Ela estava presa na Casa de Detenção do Rio de Janeiro, acusada de participar da Intentona Comunista de novembro de 1935 e por ser considerada perigosa à ordem pública e nociva aos interesses do país. No HC, a defesa argumentou que a extradição era ilegal, pois ela estava grávida e sua devolução à Alemanha significaria colocar o filho de um brasileiro sob o poder de um governo estrangeiro.
OlgaBenario - sua biografia
A primeira biografia de Olga Benario foi escrita por Ruth Werner e publicada na Alemanha Oriental em 1961 pela Verlag Neues Leben, com reedição em 1984.
Fernando Morais publicou uma nova biogragia sobre ela em 1985, intitulada “Olga” e lançada pela Editora Ômega, com relançamento 1994 pela Companhia das Letras (estimou-se, em 2005, que a Companhia das Letras vendeu mais de 170 mil exemplares do livro, que foi considerado um sucesso editorial).
Emocionante carta de Olga a seu companheiro Prestes e à sua pequena Anita, escrita na prisão, às vésperas de sua execução no campo de concentração.
Vídeo do filme brasileiro: Olga
VÍDEO
Fernando Morais publicou uma nova biogragia sobre ela em 1985, intitulada “Olga” e lançada pela Editora Ômega, com relançamento 1994 pela Companhia das Letras (estimou-se, em 2005, que a Companhia das Letras vendeu mais de 170 mil exemplares do livro, que foi considerado um sucesso editorial).
Emocionante carta de Olga a seu companheiro Prestes e à sua pequena Anita, escrita na prisão, às vésperas de sua execução no campo de concentração.
Vídeo do filme brasileiro: Olga
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23 de setembro, sua extradição / 23 de abril, morte na câmara de gás...
glaucialimavoz.blogspot.pt
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