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sábado, 26 de novembro de 2016

Lobo amanteigado





Antes da vitória de Trump nas eleições dos EUA, segundo sondagens, Portugal era o país do mundo onde o candidato republicano era mais rejeitado. Afinal, se calhar, as sondagens também não estavam correctas.

Alguns dos que antes diziam que Trump era um maluco, racista, misógino, etc., agora dizem: “Deixa lá ver o que é que ele vai ser. Se calhar, até é um tipo fixe.” Tudo o que Trump disse até agora leva uma esponja por cima e vamos partir do zero. É o tipo de proposta que a Melania pode aceitar, porque tem uma boa mesada, mas para mim não chega.

Basta olhar para os canais americanos de TV, e para alguma da nossa comunicação social, parece que deitaram um amaciador de nazis nos media.

É um momento estranho, este que atravessamos. Há um partido de extrema-direita, que apoia Trump, e que se sente à vontade para reclamar a supremacia branca (e que questiona se os judeus serão realmente seres humanos) e alguns media têm medo do politicamente correcto e chamam-lhes “alt-right” e nacionalistas em vez de lhe chamarem nazis, não vão eles ficar ofendidos. Como o lobo já nem se dá ao trabalho de se disfarçar de ovelha, resolvem amanteigar o lobo.

“Alt-right” é só um nome moderno para o mais feio que há no mundo desde que o mundo existe com gente. Se o Hitler aparecesse agora, diria que não era nazi – “Sou Jew-delete.”
Vamos lá ser claros. Quem é que faz manchete, como se fosse grande surpresa, “Extrema-direita celebra vitória de Trump com saudações nazis!”?! São nazis. Se festejassem com balões, é que era esquisito.

O jornal online Observador fez a melhor tradução de sempre de “Heil Trump” – “Avé Trump!” Fica meiguinho. Parece a procissão das velas.
Há neonazis a uns quarteirões da Casa Branca (e até há alguns lá dentro), mas a atitude de alguns media e comentadores perante as imagens de malta a festejar a vitória de Trump com saudações nazis, e outro tipo de manifestações xenófobas que temos visto, anda ali entre o “não é bem isso que ele queria dizer” (talvez por medo de enfrentar o horror) e o tentar justificar o injustificável.

Dá para imaginar um diálogo entre um desconfiado e um trumpista “bem intencionado” enquanto assistem às imagens do comício dos trogloditas do “Alt-right”:
– Mas eles estão a fazer a saudação nazi?!!
– Não, isto é o final, são alongamentos.
– Mas…, mas eles, agora, gritaram “Heil Trump!”
– O Lone Ranger também dizia “Heil Silver!”
– Acho que era “Hi-Yo”, Silver…
– É a mesma coisa.
– Ele disse: devemos questionar se os judeus são mesmo pessoas?!
– A que horas é o jogo?
– Eia, olha para aquilo! Eles estão a desenhar uma suástica!
– Parece, mas não é. É um jogo do galo para disléxicos.
– Mas está ali um busto do Hitler!
– É do Chaplin a fazer de Adolfo. São saudosistas do cinema mudo.
– Se calhar, tens razão, não são nazis. Vamos à festa dos anos 80?
– Não dá. Já tenho marcada uma dos anos 30.

top 5
Making America uber alles again

1. Ben Carson convidado para a Administração de Trump – mas tem de se maquilhar de mimo.

2. Wi-Fi gratuito em todos os autocarros e eléctricos de Lisboa no primeiro semestre 2017 – autocarros vão viajar no tempo, de modo a chegar a horas.

3. Terrorista detido em França tentou recrutar em Portugal para o Daesh – mas não conseguiu. Neste país, ninguém quer fazer nada. Até para arranjar quem apanhe azeitona é uma maçada.

4. Rampas de garagem pagam taxa em estradas nacionais – é pôr escadas e comprar um todo-o-terreno.

5. Restaurantes portugueses ganharam nove estrelas Michelin – antes isso que de Davi, que só iam trazer chatices.

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 25/11/2016)

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