Então, prá Madeira não vai nada ?
Vinte milhões de euros é, em qualquer caso, muita "massa", mas o mais estranho é que um Governo que faz todos os dias profissões de fé em matéria de cortes na despesa (embora os não pratique) se disponha a pagar à Perella Weinberg tão bela maquia, para assessorar a operação de privatizações na área da energia, tarefa que, aparentemente, pelo menos para a minha santa ignorância, não se reveste de especial complexidade.
Como o ministro Gaspar entendeu por bem eximir-se a explicar os contornos de tão extravagante negócio, em recente audição em comissão parlamentar, com a surpreendente alegação de que se acha no soberano direito de dar ou não resposta às perguntas dos deputados, entendeu, e bem, o deputado do PS, João Galamba, endereçar ao ministério das Finanças, um requerimento a solicitar todos os esclarecimentos necessários sobre o caso. Eu disse "e bem", mas não tenho dúvidas que Gaspar, usando do direito soberano de que se acha investido, nem sequer lhe vai dar troco. É que, com este Governo, a transparência, de que tão abundantemente se reclama, esgota-se com o uso da palavra.
Sendo assim, parece-me de toda a conveniência que se dê conhecimento do caso ao Alberto João, o "companheiro" que, por conta PSD, governa a Madeira desde os tempo dos dinossáurios e que julgo ser a pessoa indicada para pôr tudo em pratos limpos. É fácil perceber porquê: o homem, que é grosso e fala ainda mais grosso, sabendo do caso, é muito capaz de aparecer por aí, um destes dias, a reclamar:
- Mas o que é isto ? Que raio de pulhice é esta? Isto cheira-me a Maçonaria. Então estes tipos dão o euromilhões aos gajos da Perella Weinberg e para a Madeira não vai nada ?
Acha o leitor que estou a exagerar e que o Alberto João não é capaz de um tal discurso ? Ora se é: "pulhice", "maçonaria", "gajos" e "tipos" são expressões, entre muitas outras, que fazem parte das suas orações matinais. E será que tal discurso resulta ? Ou muito me engano, ou não estamos a muitos dias de o ficarmos a saber.
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