Passos promete plano de contenção inédito em 50 anos
Passos Coelho avisa que a fase mais difícil das medidas de austeridade ainda está para implementar Luís Forra, Lusa
O primeiro-ministro e líder do PSD garante que o Governo tem cortado despesa todos os dias. Na festa social-democrata, em Quarteira, Pedro Passos Coelho afirmou que a contenção pedida a todos os ministérios “não tem paralelo nos últimos 50 anos” e falou de um corte de “quase 10 por cento da sua despesa corrente em apenas um ano”. Para evitar um clima de conflito em Portugal, apelou à “concertação e diálogo” com patrões e sindicatos.
"Nós estamos a passar pela maior prova que um país em democracia tem memória de ter realizado, cortando quase 10 por cento da sua despesa corrente em apenas um ano", declarou o primeiro-ministro ontem à noite, na Quarteira.
"O corte de despesa que foi solicitado a todos os ministros, a toda a administração do Estado, não tem paralelo nos últimos 50 anos", acrescentou em jeito de resposta às críticas que apontam para os contínuos aumentos de impostos e poucas ações no que respeita à máquina do Estado, no âmbito do plano de austeridade definido com a missão internacional da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
O primeiro-ministro prometeu apresentar um plano de cortes na despesa do Estado até ao final do mês, que contemplará todas as áreas incluindo a saúde. Pedro Passos Coelho apontou para um corte de 15 por cento até ao final do ano, só possível de cumprir se os profissionais de saúde pensarem diariamente “como é que podem atender os seus pacientes (….) gastando menos".
Passos Coelho alertou que a fase mais difícil do programa de austeridade ainda falta implementar. "Vamos ingressar no coração do plano mais duro das tarefas que vamos realizar", disse e deu como exemplo as "alterações à legislação laboral, cortes na despesa importantes do Estado, que não vão deixar as coisas como antes, e acabar com institutos públicos e fundações, aquilo a que chamámos a gordura do Estado".
Justificações
Na Festa do Pontal, que em Quarteira assinala o fim das férias de verão e o intensificar da atividade política, Passos Coelho justificou o aumento de impostos e a introdução do imposto especial no subsídio de Natal pelo agravamento da recessão internacional e "um desvio" nas contas públicas.
Passos Coelho sublinha que "não houve nenhum país que em tão pouco tempo tivesse ousado propor-se reduzir a despesa do Estado desta maneira e ao mesmo tempo lançar uma reforma estrutural que volte a trazer o crescimento, como nós estamos a fazer".
Reclamando que o trabalho efetuado durante o seu mandato "restaurou a credibilidade de Portugal" e permitiu que a avaliação da troika "fosse positiva", Passos Coelho reivindica que isso aconteceu porque o "Governo foi ambicioso e decidiu ir mais além” do que o preconizado no memorando de entendimento.
Apelo aos parceiros sociais para evitar clima de conflito
Poucos dias após os motins em várias cidades inglesas, o Chefe de Governo avisou ontem os parceiros sociais que é necessário evitar um clima de conflito em Portugal.
Passos Coelho alertou que a fase mais dura de austeridade ainda está para chegar. Por considerar que os desafios do futuro implicam uma base alargada de acordo para os próximos anos, apelou à união entre patrões e representantes dos trabalhadores.
"O caminho da conflitualidade que temos visto aparecer noutras sociedades pode ter uma justificação em cada uma delas, mas não é o caminho que nós desejamos para Portugal. Desejamos o caminho de concertação e de diálogo", declarou Passos Coelho.
Procurando a unidade de "empregadores ou empregados", o primeiro-ministro defendeu a importância de um clima "concertação e diálogo" e não "conflitualidade". "Estamos todos nas vossas mãos, pequenos ou grandes empresários, trabalhadores do setor público ou privado. Este Governo não terá cinismos nem hesitações", afirmou.
Passos Coelho anunciou que será apresentada, até ao final do mês, “em cima do acordo realizado em março por outro governo, uma base mais alargada de acordo social para os próximos três anos".
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