A Carta de Jornal
Chega a carta embrulhada em papel de jornal, não havia escritos no nome mas encontrou as minhas mãos. “Para mim? Não. Engano? Não sei” a humidade das mãos mancharam-se de preto das letras gravadas, marcam-se os dedos salientando as minhas impressões digitais “seja para quem for, agora já tem a minha marca, destinada a alguém desconhecida, saberá que passou pelas minhas mãos… e que importância isso tem… que importância isso tem…”. Sento-me no banco do jardim e desembrulho o papel pela ponta dos dedos, “porque o faço a medo?” Sinto o coração a bater mais forte, sinto a vontade de os olhos fechar antes de saber o que há ali por desvendar. Leio uma, leio duas, leio três vezes as palavras e as lágrimas de suor já não sabem no que acreditar, não sabem o que decifrar… palavras encantadas de um sonho para sempre em forma de corpo para todos os dias “alguém poderá viver-te todos os dias e nesses dias todos saberás que nunca mais serás igual aquela dança, aquela primeira e última dança que se guarda em nós, serás melhor ainda, serás real ainda, serás diferente, ainda que tudo passe, tudo mude, igual nunca mais se é para sempre”.
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