«O documento sobre Operações Nucleares foi publicado online pelo Pentágono na semana passada e logo depois removido. (...) Os especialistas encaram este documento como uma mudança substancial na política militar dos Estados Unidos, sobretudo nos pontos de vista sobre a política de guerra nuclear. Consideram que o documento não se concentra já na dissuasão nuclear, passando a defender a doutrina do primeiro ataque nuclear como sendo dissuasora da própria guerra. De acordo com analistas em Washington, o facto de os ataques nucleares passarem a ser vistos como “preventivos”, como uma cura potencial para os conflitos, é muito preocupante.»
«A nova doutrina política adoptada pela Junta dos Chefes de Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos encara a utilização de armas nucleares como uma maneira de criar “condições para a obtenção de resultados decisivos e a restauração da estabilidade estratégica”.
O estabelecimento da “estabilidade estratégica” tem sido o chavão mais recorrente dos think tank estratégicos norte-americanos e de discursos oficiais, políticos e militares, do Pentágono, da administração e da NATO.
A doutrina militar mais recente adoptada pela Junta de Chefes de Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas avança mais um pouco na definição do conceito de “estabilidade estratégica”, associando-o à garantia de vitória dos Estados Unidos nos conflitos em que se envolvem, nem que seja através do recurso a armas nucleares.
Rompe-se o equilíbrio do terror
Rompe-se, deste maneira, um equilíbrio entre os grandes poderes militares que tem tido como princípio tácito o de não recorrer a armas de extermínio massivo. Os Estados Unidos quebram-no com a pretensão de garantir o domínio inquestionável que não conseguem através de armamento convencional.
Especialistas e analistas em Washington têm vindo a debruçar-se sobre o tema salientando que a incapacidade norte-americana para vencer de forma convincente as guerras recentes está a revelar-se um problema com potenciais efeitos ainda muito mais graves do que as próprias guerras.
Os receios manifestados relacionam-se com a doutrina política agora adoptada pela Junta dos Chefes de Estado Maior e que procura antídoto para o facto de as forças militares dos Estados Unidos não conseguirem vencer conflitos convencionais, apesar dos extraordinários gastos distribuídos por diversas zonas do planeta. Os chefes de Estado Maior norte-americanos dos diversos ramos chegaram à conclusão de que a maneira de ultrapassar a situação de “empate técnico” é usar armas nucleares nas guerras em que os Estados Unidos se envolvem; a guerra nuclear passa a ser considerada como garante das “condições para obter resultados decisivos e a restauração da estabilidade estratégica”.
“Apenas para uso oficial”
O documento sobre Operações Nucleares foi publicado online pelo Pentágono na semana passada e logo depois removido. Uma vez já aprovado pela Junta dos Chefes de Estado Maior passa a ser um documento “apenas para uso oficial”.
Os especialistas encaram este documento como uma mudança substancial na política militar dos Estados Unidos, sobretudo nos pontos de vista sobre a política de guerra nuclear. Consideram que o documento não se concentra já na dissuasão nuclear, passando a defender a doutrina do primeiro ataque nuclear como sendo dissuasora da própria guerra. De acordo com analistas em Washington, o facto de os ataques nucleares passarem a ser vistos como “preventivos”, como uma cura potencial para os conflitos, é muito preocupante.
Primeiro ataque “preventivo”
Durante a guerra fria, os acordos entre os Estados Unidos e a União Soviética estabeleciam o princípio segundo o qual as duas potências se comprometiam a não fazer o primeiro ataque. O método funcionou como dissuasor de conflitos nucleares. Porém, acabada a guerra fria há alguns anos que os Estados Unidos e a NATO vêm utilizando as suas “doutrinas defensivas” para instalarem mecanismos ofensivos contra os potenciais rivais. A nova doutrina acaba com o mito da militarização com intuitos “defensivos” para apostar na teoria do primeiro ataque “preventivo”.
Bombas em “miniatura”
A nova doutrina surge num momento de grande aposta militar nas chamadas bombas nucleares de baixo rendimento, isto é, os engenhos com capacidades de extermínio da ordem de metade ou um terço das bombas que foram usadas em Hiroxima e Nakasaki, em 1945.
Os defensores desta “miniaturização” alegam que as bombas deste tipo provocam menos riscos ao ser utilizadas, uma vez que dizimam apenas as zonas de incidência e os efeitos não se repercutem a longas distâncias, como acontece com os engenhos de maior poder explosivo.
Cientistas nucleares têm vindo a considerar esta tese como “primária”, uma vez que não é possível conter em áreas restritas a disseminação das partículas radioactivas libertadas pelas explosões.
Pressão sobre o Congresso
O documento da Junta de Chefes de Estado Maior não deixa claro se a doutrina está directamente relacionada com as armas nucleares de baixo rendimento, cujo financiamento é tema de grande debate no Congresso. Numerosos congressistas manifestam preocupação com o facto de a criação destas armas favorecer muito mais rapidamente o recurso ao nuclear.
Por isso, a adopção desta doutrina e a importância dada ao nuclear para garantir a “estabilidade estratégica” não pode ser desligada do facto de este assunto estar pendente no Congresso.
A partir de agora passa a existir uma pressão muito grande sobre os congressistas, que correm o risco de serem acusados de prejudicar o objectivo nacional de “estabilidade estratégica” ao travarem as dotações financeiras para o nuclear.
De qualquer modo, a doutrina política adoptada não discrimina em relação ao recurso a armas nucleares tradicionais ou de baixo rendimento. À partida, portanto, todas poderão ser usadas.»
O estabelecimento da “estabilidade estratégica” tem sido o chavão mais recorrente dos think tank estratégicos norte-americanos e de discursos oficiais, políticos e militares, do Pentágono, da administração e da NATO.
A doutrina militar mais recente adoptada pela Junta de Chefes de Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas avança mais um pouco na definição do conceito de “estabilidade estratégica”, associando-o à garantia de vitória dos Estados Unidos nos conflitos em que se envolvem, nem que seja através do recurso a armas nucleares.
Rompe-se o equilíbrio do terror
Rompe-se, deste maneira, um equilíbrio entre os grandes poderes militares que tem tido como princípio tácito o de não recorrer a armas de extermínio massivo. Os Estados Unidos quebram-no com a pretensão de garantir o domínio inquestionável que não conseguem através de armamento convencional.
Especialistas e analistas em Washington têm vindo a debruçar-se sobre o tema salientando que a incapacidade norte-americana para vencer de forma convincente as guerras recentes está a revelar-se um problema com potenciais efeitos ainda muito mais graves do que as próprias guerras.
Os receios manifestados relacionam-se com a doutrina política agora adoptada pela Junta dos Chefes de Estado Maior e que procura antídoto para o facto de as forças militares dos Estados Unidos não conseguirem vencer conflitos convencionais, apesar dos extraordinários gastos distribuídos por diversas zonas do planeta. Os chefes de Estado Maior norte-americanos dos diversos ramos chegaram à conclusão de que a maneira de ultrapassar a situação de “empate técnico” é usar armas nucleares nas guerras em que os Estados Unidos se envolvem; a guerra nuclear passa a ser considerada como garante das “condições para obter resultados decisivos e a restauração da estabilidade estratégica”.
“Apenas para uso oficial”
O documento sobre Operações Nucleares foi publicado online pelo Pentágono na semana passada e logo depois removido. Uma vez já aprovado pela Junta dos Chefes de Estado Maior passa a ser um documento “apenas para uso oficial”.
Os especialistas encaram este documento como uma mudança substancial na política militar dos Estados Unidos, sobretudo nos pontos de vista sobre a política de guerra nuclear. Consideram que o documento não se concentra já na dissuasão nuclear, passando a defender a doutrina do primeiro ataque nuclear como sendo dissuasora da própria guerra. De acordo com analistas em Washington, o facto de os ataques nucleares passarem a ser vistos como “preventivos”, como uma cura potencial para os conflitos, é muito preocupante.
Primeiro ataque “preventivo”
Durante a guerra fria, os acordos entre os Estados Unidos e a União Soviética estabeleciam o princípio segundo o qual as duas potências se comprometiam a não fazer o primeiro ataque. O método funcionou como dissuasor de conflitos nucleares. Porém, acabada a guerra fria há alguns anos que os Estados Unidos e a NATO vêm utilizando as suas “doutrinas defensivas” para instalarem mecanismos ofensivos contra os potenciais rivais. A nova doutrina acaba com o mito da militarização com intuitos “defensivos” para apostar na teoria do primeiro ataque “preventivo”.
Bombas em “miniatura”
A nova doutrina surge num momento de grande aposta militar nas chamadas bombas nucleares de baixo rendimento, isto é, os engenhos com capacidades de extermínio da ordem de metade ou um terço das bombas que foram usadas em Hiroxima e Nakasaki, em 1945.
Os defensores desta “miniaturização” alegam que as bombas deste tipo provocam menos riscos ao ser utilizadas, uma vez que dizimam apenas as zonas de incidência e os efeitos não se repercutem a longas distâncias, como acontece com os engenhos de maior poder explosivo.
Cientistas nucleares têm vindo a considerar esta tese como “primária”, uma vez que não é possível conter em áreas restritas a disseminação das partículas radioactivas libertadas pelas explosões.
Pressão sobre o Congresso
O documento da Junta de Chefes de Estado Maior não deixa claro se a doutrina está directamente relacionada com as armas nucleares de baixo rendimento, cujo financiamento é tema de grande debate no Congresso. Numerosos congressistas manifestam preocupação com o facto de a criação destas armas favorecer muito mais rapidamente o recurso ao nuclear.
Por isso, a adopção desta doutrina e a importância dada ao nuclear para garantir a “estabilidade estratégica” não pode ser desligada do facto de este assunto estar pendente no Congresso.
A partir de agora passa a existir uma pressão muito grande sobre os congressistas, que correm o risco de serem acusados de prejudicar o objectivo nacional de “estabilidade estratégica” ao travarem as dotações financeiras para o nuclear.
De qualquer modo, a doutrina política adoptada não discrimina em relação ao recurso a armas nucleares tradicionais ou de baixo rendimento. À partida, portanto, todas poderão ser usadas.»
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