A fotografia foi captada no início da semana durante um protesto em Gaza e não tardou a tornar-se viral, com comparações à icónica representação da revolução francesa de 1830 e até a David e Golias
Em tronco nu, camisola amarrada à cintura, bandeira palestiniana numa mão, uma fisga na outra, o jovem fotografado por Mustafa Hassona na passada segunda-feira, 22, destaca-se da densa coluna de fumo negro resultante da queima de pneus.
A'ed Abu Amro, o protagonista, tem 20 anos, mora em gaza,e acaba de se tornar um símbolo dos protestos contra o bloqueio israelita, com a imagem a ser partilhada milhares de vezes desde então.
Todas as semanas, o jovem participa em protestos contra o bloqueio imposto à Faixa de Gaza há mais de 10 anos e, conta, nem se apercebeu que, desta vez, estava um fotógrafo junto a ele. "Fiquei surpreendido por esta fotografia minha se ter tornado viral", acrescenta A'ed Abu Amro, em declarações à Al Jazeera, relatando que foram os amigos que o alertaram.
"Quando um Miguel Ângelo com uma câmara capta um David em ação contra Golias", lê-se num dos tweets mais populares.
"A bandeira é a mesma que levo sempre para todos os protestos em que participo. Os meus amigos fazem troça, dizem que era mais fácil atirar pedras sem ter uma bandeira na outra mão, mas habituei-me a ela", relata ainda, assegurando que, se morrer durante uma destas manifestações, quer ser enrolado na mesma bandeira.
Além do alívio do bloqueio israelita imposto, os palestinianos exigem o direito de regresso às terras de onde fugiram ou foram expulsos quando o Estado hebreu foi criado em 1948. "Estamos a exigir o nosso direito a regressar e a protestar pela nossa dignidade e pela dignidade da geração futura".
Laleh Khalili, professora da Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, também partilhou a foto no Twitter, a par com a pintura de Delacroix "La Liberté guidant le peuple" ("A Liberdade guiando o povo"), uma comemoração da revolução de julho de 1830 que ditou a queda de Carlos X.
Desde o início dos protestos, em março, morreram pelo menos 205 palestinianos e mais de 18 mil ficaram feridos.
visao.sapo.pt
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