Uns quantos da PSP e da GNR é que sabem. Que perigo!
Mário Centeno anda na baila. É a política, seus estúpidos. As eleições estão a bater à porta e os jornalistas têm de fazer o que melhor sabem em vez do que profissionalmente devem fazer. É a política, seus estúpidos. Não, não vamos dar um níquel para esse peditório. Vamos ver o que acontece e que se reflita na razão e na verdade de uns ou de outros. Sem fretes à oposição, nem a Centeno, nem aos jornalistas que fabricam opinião segundo os seus canhenhos de interesses mais ou menos declarados. Não nos precipitemos.
A PSP e a GNR, os sindicatos e os sindicalistas. Os cidadãos criminosos ou mais ou menos faltosos, infratores desta ou daquela postura, desta ou daquela lei. Infratores do disposto na Constituição da República.
Há cidadãos que não entendem porque existem polícias civis e polícias militares. A maioria considera que é por uma questão de “tachos” para certos e incertos militares. Bem, mas isso são contas de outro rosário. É que a GNR é militar. É? Sim. É… Adiante e venha a “história”.
As fotografias da brigada que capturou três alegados ladrões e agressores de pessoas de idade ali para o norte de Portugal, depois de terem fugido às polícias em pleno tribunal e já com ordem de prisão preventiva ditado por juízo, foram a radiografia dos inconstitucionais procedimentos de alguns agentes da PSP quando capturaram os três supostos meliantes. Para já a fuga possível e concretizada foi a mostra do reflexo da bagunça que rodeou o caso em que os operacionais com responsabilidades não se entenderam e propiciaram o “ás de vila Diogo” dos supostos criminosos. Só por isso a nódoa ficou escarrapachada no profissionalismo dos que não acautelaram a dita fuga. Foi a PSP, foi a GNR, foi a Guarda Prisional? Alguém foi. E foi um “deslize” que até sem fotografia faz os respetivos responsáveis ficarem muito feios.
Até aí foi só isso. Depois a operação de recaptura dos fugitivos. Por informação chegaram até eles. Pronto, missão cumprida. A população agradece e até talvez desculpe o “deslize” e a bagunça por terem permitido a fuga.
O que estraga tudo é a “reportagem” da captura de forma vilã e inconstitucional. “Reportagem” de polícias felizes por finalmente cumprirem a missão que lhes compete. E vai daí os prováveis criminosos (ainda não foram julgados, nem condenados) surgem postados, algemados, recapturados num parque de campismo lá para o norte. E são agentes da PSP (foi?) que exibem publicamente as fotos que tiraram dos cidadãos fugitivos. Acrescente-se que sem respeito pela dignidade dos cidadãos, aqueles ou qualquer um que lhes caia nas mãos. E a Constituição que se lixe!
Abreviando. Dos sindicatos acham bem expor as fotos da “reportagem”. A GNR, do seu sindicato “independente” (talvez dos preceitos constitucionais), veiculou por um porta voz que sim, que não tem mal fazerem a “reportagem” e exibi-la. Um comandante da PSP veio enaltecer os agentes que fizeram aquele belo trabalho e toda a carga negativa contida na “reportagem” publicitada…
Entretanto, o ministro Cabrita, das polícias, mostrou o evidente desagrado e desaprovação pela “reportagem” e respetiva exibição pública por parte dos agentes de autoridade mandatados pela República e respetiva Constituição. Também o Presidente da República fez o mesmo e falou do respeito pela dignidade que contempla constitucionalmente todos os portugueses. É o razoável, é o disposto e lei: respeito pela dignidade. Até mesmo dos que não a respeitam e cometem crimes. Supostamente ou de facto.
Mas não. O ministro não sabe nada disto. O Presidente da República também não. Os que bramem a Constituição da República também não. Os que lembram os Direitos Humanos – de que Portugal é signatário – também estão errados. Certos estão os da PSP e da GNR que pisoteiam regras de ouro, desconhecem a Constituição, as leis… Ou não as desconhecem mas estão-se borrifando para elas. Daqui até um estado policial militarizado vai um passo que pode ser curto se deixarmos tais mentalidades avançarem e destruírem a sociedade democrática e de direitos democraticamente estabelecidos por representantes das populações. Os que legislam. Concorde-se ou não se concorde individualmente é a lei. E “dura lex sed lex”, a lei é dura mas é lei. Também é assim para as forças de segurança. Evidentemente.
O trabalho da PSP, da GNR e de outras forças de segurança é imprescindível, meritório e quase sempre louvável, mas não o foi neste caso. Assim como noutros que vêm a público, fora os que não sabemos que acontecem e é prática de uns quantos que abusam da autoridade e baias democraticamente estabelecidas. Afinal tão incumpridores da lei da democracia como qualquer outro cidadão. Com maior ou menor gravidade, mas apesar de tudo faltosos.
Acresce: Que se “limem” as saliências negativas. Pelo esforço, denodo e pelo desempenho positivo muito obrigado. Obrigado.
Uf. Adiante está o Curto. Avancem, que por aqui já tivemos a nossa “doze”. (MM | PG)
Bom dia este é o seu Expresso Curto
Prometer sem comprometer
Pedro Santos Guerreiro | Expresso
Sente um “desconhecimento profundo”? Não é uma questão filosófica, é uma pergunta... orçamental.
Foi o irritado presidente do Eurogrupo, perdão, ministro das Finanças que ontem no Parlamento acusou os deputados de “desconhecimento profundo” sobre matérias orçamentais, o que aliás o “deixa preocupado”. São pois ignorantes, o que está certo, porque ignoram (ou ignoravam) por que razão estão quase 600 milhões de euros no Orçamento que afinal não estão.
Mário Centeno tratou-os como se fossem, digamos, estúpidos, quando os deputados o confrontavam com uma nota da UTAO - a unidade técnica do Parlamento que apoia... os deputados – que encontrou quase 600 milhões de despesa pública que está em tabelas mas não está nas contas. Confuso? É simples, explicou o ministro: é o costume.
O “costume” é, concluímos, prometer sem comprometer. O governo diz que vai gastar quase 600 milhões mas nem o próprio governo acredita nisso, pois esses 600 milhões não entram nas contas. É uma cativação antecipada, antes de o ser já o é.
O valor é elevado em termos absolutos mas é relativamente reduzido em termos relativos face ao défice, não é por estes 600 milhões que o Orçamento é “uma aldrabice”, como acusou o social-democrata Duarte Pacheco. A questão nem é bem essa: é a falta de transparência orçamental, é a ligeireza do “costume” – e é o facto de o governo mostrar tão pouco respeito pelas instituições criadas precisamente para por em causa governos, assim pressionando a ação governativa.
Ontem Mário Centeno fez o mesmo em relação à UTAO, optando por apoucá-la ao sublinhar os erros de previsão anteriores. Não é novidade: o Conselho de Finanças Públicas, organismo independente, tem sido também sistematicamente descredibilizado pelo governo. O mesmo governo que quis nomear um deputado do PS para a administração do regulador da energia, a ERSE, o que ontem mereceu um parecer desfavorável do Parlamento.
Os organismos de contra-poder são uma maçada para quem é poder. Mas a contestação, mesmo ganhando força política, ter de ser feita com base em argumentos e contra-argumentos. Fragilizá-las pela descredibilização genérica é não respeitar as autodefesas do sistema. É, se calhar, “um desconhecimento profundo sobre a matéria e que me deixa preocupado."
Foi o irritado presidente do Eurogrupo, perdão, ministro das Finanças que ontem no Parlamento acusou os deputados de “desconhecimento profundo” sobre matérias orçamentais, o que aliás o “deixa preocupado”. São pois ignorantes, o que está certo, porque ignoram (ou ignoravam) por que razão estão quase 600 milhões de euros no Orçamento que afinal não estão.
Mário Centeno tratou-os como se fossem, digamos, estúpidos, quando os deputados o confrontavam com uma nota da UTAO - a unidade técnica do Parlamento que apoia... os deputados – que encontrou quase 600 milhões de despesa pública que está em tabelas mas não está nas contas. Confuso? É simples, explicou o ministro: é o costume.
O “costume” é, concluímos, prometer sem comprometer. O governo diz que vai gastar quase 600 milhões mas nem o próprio governo acredita nisso, pois esses 600 milhões não entram nas contas. É uma cativação antecipada, antes de o ser já o é.
O valor é elevado em termos absolutos mas é relativamente reduzido em termos relativos face ao défice, não é por estes 600 milhões que o Orçamento é “uma aldrabice”, como acusou o social-democrata Duarte Pacheco. A questão nem é bem essa: é a falta de transparência orçamental, é a ligeireza do “costume” – e é o facto de o governo mostrar tão pouco respeito pelas instituições criadas precisamente para por em causa governos, assim pressionando a ação governativa.
Ontem Mário Centeno fez o mesmo em relação à UTAO, optando por apoucá-la ao sublinhar os erros de previsão anteriores. Não é novidade: o Conselho de Finanças Públicas, organismo independente, tem sido também sistematicamente descredibilizado pelo governo. O mesmo governo que quis nomear um deputado do PS para a administração do regulador da energia, a ERSE, o que ontem mereceu um parecer desfavorável do Parlamento.
Os organismos de contra-poder são uma maçada para quem é poder. Mas a contestação, mesmo ganhando força política, ter de ser feita com base em argumentos e contra-argumentos. Fragilizá-las pela descredibilização genérica é não respeitar as autodefesas do sistema. É, se calhar, “um desconhecimento profundo sobre a matéria e que me deixa preocupado."
https://paginaglobal.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário