Quarta-feira, 25 de Maio de 2011
O TER É DA CARCAÇA, É DO EFÉMERO...
Um animal dito humano e um animal não humano têm de comum as mesmas necessidades: comer, beber, dormir, acasalar.
As mesmas ameaças: fogo, água, ventos, terramotos, doenças. E exactamente os mesmos sofrimentos físicos, e a dor moral da perda de um ser querido, do abandono, da indiferença. Sim, um é falante. O outro não. E depois? Tal aparente superioridade nunca protegeu o corpo de um indivíduo, dito humano, abonado com o dom da palavra, de ser devorado por um verme, com a igual sofreguidão com que um verme devora o cadáver de um porco, de um rato do campo ou de um pé de couve.
Diante do inevitável, homem, porco, rato do campo e pé de couve perecem como todas as coisas que são perecíveis. Já dizia um outro Zaratustra do mundo que somos a acumulação do que fomos antes, e seremos a acumulação do que hoje somos mais o que já fomos, e assim sucessivamente, para, no final, nos transformarmos todos em matéria putrefacta.
Resta-nos o espírito. E o espírito, esse sim, tem de ser imortal, de outro modo, a vida não faria qualquer sentido. Daí ser lógico cultivar mais o ser do que o ter. O ser é do espírito, é da imortalidade... O ter é da carcaça, é do efémero…
Oskar Kapriolo in «A Hora do Lobo»
Diante do inevitável, homem, porco, rato do campo e pé de couve perecem como todas as coisas que são perecíveis. Já dizia um outro Zaratustra do mundo que somos a acumulação do que fomos antes, e seremos a acumulação do que hoje somos mais o que já fomos, e assim sucessivamente, para, no final, nos transformarmos todos em matéria putrefacta.
Resta-nos o espírito. E o espírito, esse sim, tem de ser imortal, de outro modo, a vida não faria qualquer sentido. Daí ser lógico cultivar mais o ser do que o ter. O ser é do espírito, é da imortalidade... O ter é da carcaça, é do efémero…
Oskar Kapriolo in «A Hora do Lobo»
Galatea e Triton
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