Parábola da cana e do peixe...
Há uma parábola que é repetida ao lomgo dos anos, quando se fala da pobreza e dos meios de combater essa mesma pobreza. Essa parábola é aquela em que se diz que em vez de dar um peixe, se dê uma cana e se ensine a pescar.
Tomada à letra haveria muita gente que morreria à fome antes de sentir qualquer peixe a puxar a linha, mas é interessante analisar o que aconteceu e está a acontecer a Portugal neste situação de crise.
Nos idos de oitenta, Portugal tinha um sector primário talvez sobredimensionado para o nosso país, mas que mesmo assim ia produzindo muitos dos produtos agrícolas, pecuários ou da pesca. Tinhamos uma frota de pesca com uma dimensão interessante e muitas explorações agrícolas que produziam alguma coisa.
Com a entrada na Europa, essas "canas" que nós tinhamos, foram negociadas e trocadas pelo "peixe" que entrava em milhões ao minuto. Até aí tudo bem, ou pelo menos assim-assim...
Os milhões que entraram nessa altura deveriam ter sido utilizados na modernização do país, e aí a aposta foi nos quilómetros de betão e alcatrão que tornaram o nosso país atravessável de norte a sul em menos de 10 horas.
Mas esse dinheiro, e entrou muito através do FSE - Fundo Social Europeu, deveria ter servido para a formação de pessoas, e para o aumento das habilitações, e o que aconteceu é que qualquer entidade pública ou privada tinha o seu cursinho do FSE em que convidava meia dúzia de "formandos" e "formadores" e distribuia o dinheiro sob a forma de subsidios de formação e diplomas como se fossem folhas a cair de uma árvore no Outono.
Quando não era utilizado assim, os dinheiros do FSE foram utilizados para suprir as tesourarias e caixas de muitas empresas em dificuldade que utlilizaram essas verbas para pagar os salários dos funcionários, novamente sob a capa da formação.
Ou seja, nos idos de oitenta, tiraram por um lado as nossas "canas" e o que aconteceu é que as verbas que entraram se evaporaram em pseudo formação, automoveis de alta cilindrada, viagens e não sei o quê mais, e as qualificações ficaram na mesma, ou pior, pois o dinheiro fácil não serviu para nada a não ser fazer surgir uns novos ricos instantâneos.
Estamos agora a pagar com juros acrescidos a loucura dos anos oitenta e o desmantelamento de uma boa parte do aparelho produtivo português, e como se sabe um país que não produz, não é capaz de gerar riqueza....
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