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sábado, 18 de junho de 2011

HISTÓRIA DAS SETE SAIAS DA NAZARÉ

    O Traje da mulher nazarena é de extrema riqueza, quer pela sua história, quer pela sua harmonia estética. Rico ou pobre, de festa ou de trabalho, o traje feminino da Nazaré ainda é bastante usado no dia a dia desta terra de pescadores, cheia de lendas, mitos e tradições.
    As sete saias fazem parte da tradição, do mito e das lendas desta terra tão intimamente ligada ao mar. Diz o povo que representam as sete virtudes; os sete dias da semana; as sete cores do arco-íris; as sete ondas do mar, entre outras atribuições bíblicas, míticas e mágicas que envolvem o número sete. A sua origem não é simples explicação e a opinião dos estudiosos e conhecedores da matéria sobre o uso deste saias não é coincidente nem conclusiva. No entanto, num ponto todos parecem estar de acordo: as várias saias (sete ou não) da mulher da Nazaré estão sempre relacionadas com a vida do mar. As nazarenas tinham o hábito de esperar os maridos e filhos, da volta da pesca, na praia, sentadas no areal, passando aí muitas horas de vigília. Usavam as várias saias para se cobrirem, as de cima para protegerem a cabeça e ombros do frio e da maresia e as restantes a taparem as pernas, estando desse modo sempre "compostas". A introdução do uso das sete saias foi feito segundo uns pelo Rancho Folclórico Tá-Mar nos anos 30/40, segundo outros pelo comércio local nos anos 50/60 e ainda, de acordo com outras opiniões, as mulheres usariam sete saias para as ajudar a contar as ondas do mar (isto porque "o barco só encalhava quando viesse raso, ora as mulheres sabiam que de sete em sete ondas alterosas o mar acalmava; para não se enganarem nas contas elas desfiavam as saias e quando chegavam à última, vinha o raso e o barco encalhava"). O uso de várias saias pelas mulheres da Nazaré também está ligada a razões estéticas e de beleza e harmonia das linhas femininas – cintura fina e ancas arredondadas, podendo as mulheres usarem sete ou mais saias de acordo com a sua própria silhueta. Certo é que a mulher foi adoptando o uso das sete saias nos dias de festa e a tradição começou e continua até ao presente. No entanto, no traje de trabalho são usadas, normalmente, um menor número de saias (3 a 5).
    No traje de festa as saias interiores são brancas, sobre essas duas ou três ou mesmo mais de flanela colorida, debruadas a renda ou crochet de várias cores, cobrindo-as, a saia de cima de escocês plissada ou de chita azul com barra de veludo preto, cobertas por um avental de cetim artisticamente bordado; casaco florido com mangas de renda ou de veludo bordado na gola e nos punhos; cachené (lenço) e, por vezes, chapéu; capa preta; chinelas de verniz; cordão e pesados brincos ou argolas de ouro. A nazarena mostra assim, com orgulho, a riqueza da família através do traje.
    O traje de trabalho é mais pobre em cor e em tecidos, com duas ou três saias de baixo, que variam consoante a época do ano (inverno/verão); saia de cima simples e avental sem bordados, mas com uma renda aplicada e com bolso; cachené e xaile traçado. Existe ainda um terceiro traje – o das viúvas, todo preto e sem rendas ou bordados, com as saias de baixo brancas; sendo este usado actualmente apenas pelas mulheres mais idosas.
    O traje nazareno feminino continua a ser usado no dia pelas mulheres de mais idade, sobretudo as mais ligadas ao mar e à venda de peixe. O traje de festa é normalmente usado por todas na época de Carnaval (de 3 de Fevereiro – São Brás – até 3ª Feira de Carnaval), Domingo de Páscoa e também pelos Ranchos Folclóricos da Nazaré.
    É importante salientar que o traje nazareno feminino não parou no tempo, nem se tornou uma peça museológica; pelo contrário, tem acompanhado as variações da moda – saias mais curtas ou mais compridas ; novos tecidos, cores e padrões. É um traje que renasce cada ano, tornando a Nazaré na única entre as demais.

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Traje

Marca cultural de um povo e da sua forma de estar, o traje ilustra, a vivência do mar e da pesca, evoluindo ao longo dos anos, transformando-se e adaptando-se ás necessidades da vida. É prático, funcional e protector do frio e da maresia, o modo de vestir reflecte assim a personalidade dos nazarenos.

FEMININO - O traje da mulher nazarena é de extrema riqueza, quer pela sua história, quer pela sua harmonia estética. Rico ou pobre, de festa ou de trabalho, o traje feminino da Nazaré ainda é bastante usado no dia a dia desta terra de pescadores, cheia de lendas, mitos e tradições.
As sete saias fazem parte da tradição desta terra tão intimamente ligada ao mar. Diz o povo que representam as sete virtudes, os sete dias da semana, as sete cores do arco-íris, as sete ondas do mar. A sua origem não é de simples explicação, no entanto é conclusiva: as sete saias da mulher da Nazaré estão sempre relacionadas com a vida do mar.
As nazarenas tinham o hábito de esperar os maridos e os filhos da volta da pesca na praia, sentadas no areal, passando aí muitas horas de vigília. Usavam as várias saias para se cobrirem, as de cima para protegerem a cabeça e ombros da maresia e as restantes a tapar as pernas, estando deste modo sempre “compostas”. Dizem os antigos que as mulheres usariam as sete saias para ajudar a contar as ondas do mar (isto porque “o barco só encalhava quando viesse raso, ora as mulheres sabiam que de sete em sete ondas alterosas o mar acalmava; para não se enganarem nas contas elas desfiavam as saias e quando chegavam à última, vinha o raso e o barco encalhava”).

No traje de festa as saias interiores são brancas, sobre estas há duas ou três ou mesmo mais de flanela colorida, debruadas a renda ou croché de várias cores, cobrindo-as, a saia de cima, de escocês plissada ou de chita azul com barra de veludo preto, cobertas por um avental de cetim artisticamente bordado: casaco florido com mangas de renda ou de veludo bordado na gola e nos punhos: cachené (lenço) e por vezes chapéu, capa preta, chinelas de verniz, cordão e pesados brincos ou argolas de ouro. A nazarena mostra assim, com orgulho, a riqueza da família através do traje.

O traje de trabalho é mais pobre em cor e em tecidos, com duas ou três saias de baixo, que variam consoante a época do ano ( Inverno/Verão ) saia de cima simples e avental sem bordados mas com bolsos, cachené e xaile traçado. Existe ainda um terceiro traje, o das viúvas, todo preto e sem rendas ou bordados, com as saias de baixo cinzentas, sendo este usado actualmente pelas mulheres mais idosas.

O traje nazareno feminino continua a ser usado no dia a dia pelas mulheres de mais idade, sobretudo as mais ligadas ao mar e à venda de peixe. O traje de festa é normalmente usado por todas no Carnaval (de 3 de Fevereiro – S. Brás – até 3ª feira de Carnaval), Domingo de Páscoa e também pelos Ranchos Folclóricos da Nazaré.

É importante salientar que o traje nazareno feminino não parou no tempo nem se tornou uma peça museológica: pelo contrário, tem acompanhado as variações da moda – saias mais curtas ou mais compridas, novos tecidos, cores e padrões.

MASCULINO - O traje do pescador era adaptado às condições da vida marítima oferecendo liberdade de movimentos sendo simultaneamente leve e agasalhador.

Os tecidos mais comuns para a confecção das camisas e ceroulas que usavam eram o escocês, a caxemira axadrezada e o surrobeco. Para completar o traje usavam barrete preto de lã e cinta preta enrolada à volta da cintura. No traje de trabalho, as ceroulas eram pregueadas e largas, com atilhos de lã na bainha para poderem ser usadas justas, soltas ou arregaçadas conforme as necessidades.

Em dias de frio usavam casaco de “retina” de cores escuras, golas de bico e bolsos chapados. Nem as ceroulas nem as camisas tinham bolsos e os objectos pessoais eram guardados no barrete. Normalmente o pescador andava descalço. Nos dias de festa o homem trocava as ceroulas por calças de surrobeco ajustadas atrás com presilha e fivela, vestia camisola de caxemira com preguinhas, pestanas e gola virada, decorada com três botões na diagonal e calçava tamancos. Como peças de agasalho e/ou luto usavam a samarra, mas sobretudo, Gabão ou varino.

Na voragem do tempo o traje masculino deixou de ser usado sendo cada vez mais raro ver pescadores envergando as tradicionais ceroulas, camisas ou barrete. Apenas na época de Carnaval as denominadas “camisas à pescador” voltam a ser usadas.

Actualmente são grupos folclóricos da vila que nos dão a conhecer este traje.

http://saiasdomundo.blogspot.pt

4 comentários:

Anónimo disse...

Lá, nos esquecíveis anos 30 e 40, António Ferro foi o ideólogo do regime que inventou novos padrões para o folclore do povo português, acrescentando 6 (seis!) saias às mulheres da Nazaré, ornamentando as minhotas com ouro, resumindo o fandango ao Ribatejo (ainda por cima só com homens, como se os ribatejanos fossem homossexuais!), pôs cintas com pontas caídas aos beirões, chapéus com borlas para ribeirinhos da Beira Litoral e, pasme-se!... as algarvias pacatas e púdicas, foram desafiadas para uma nova dança, chamada corridinho, onde levantariam a perna mostrando coxas envolvidas em coullotes acabados de importar da cosmopolita Paris. Tudo novo, em nome do folclore antigo, mas para viabilidade do regime e desgraça da cultura tradicional portuguesa.

Anónimo disse...

Há sempre alguém que só vê "cinzento" mesmo quando o arco-iris está visível - curiosamente com 7 cores - e não foi António Ferro nem nenhum designado "regime" (usando a terminologia do anónimo de 21 de Novembro de 2011).

Gramata disse...

Gostaria de saber se me podia facultar essa fotografia do Albamar (Arrastao de pesca) em
melhor resolução.
O meu Pai andou varios anos nesse navio e nesse porto.

Cumprimentos, Gramata.

Garrochinho disse...

infelizmente não posso ajudar. Já procurei na web mas não encontro imagens do arrastão. Um abraço