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sexta-feira, 27 de maio de 2011

ESSE GRANDE SIMULACRO - Cada vez que nos dão lições de amnésia


ESSE GRANDE SIMULACRO

Cada vez que nos dão lições de amnésia
como se nunca houvesse existido
os ardentes olhos da alma
ou os lábios da pena órfã
cada vez que nos dão lições de amnésia
e nos obrigam a apagar
a embriaguez do sofrimento
convenço-me de que o meu território
não é a farândola de outros



Em meu território há martírios de ausência
resíduos de sucessos / subúrbios de luto
mas também singelezas de mosqueta
pianos que arrancam lágrimas
cadáveres que ainda olham de seus hortos
lembranças imóveis em um porão de colheitas
sentimentos insuportavelmente atuais
que se negam a morrer no escuro



O esquecimento está tão cheio de memória
que às vezes não cabem as lembranças
e rancores precisam ser jogados fora
no fundo o esquecimento é um grande simulacro
ninguém sabe nem pode / ainda que queira / esquecer
um grande simulacro abarrotado de fantasmas
esses romeiros que peregrinam pelo esquecimento
como se fosse o caminho de santiago



no dia ou noite em que o esquecimento estale
salte em pedaços ou crepite /
as recordações atrozes e as de maravilhamento
quebrarão as trancas de fogo
arrastarão afinal a verdade pelo mundo
e essa verdade será a de que não há esquecimento

Beneditti

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