Domingo, 22 de Maio de 2011
Festival Cantar Abril – Miguel Calhaz
O meu contrato com a Câmara de Almada é simples. De dois em dois anos a autarquia organiza o “Festival Cantar Abril”, para premiar a melhor recriação de uma das canções já conhecidas da resistência e do pós 25 de Abril, para promover a criação de canções originais que, de alguma forma, prolonguem essa maneira de estar na música e na vida. Em contrapartida, eu e os demais membros do júri (Amélia Muge, João Afonso, André Santos e António David) fazemos o melhor para que sejam premiadas exatamente a melhor recriação (Prémio Adriano Correia de Oliveira), a melhor canção original (Prémio José Afonso) e a melhor letra (Prémio Ary dos Santos).
Este ano, porém, alguém na organização resolveu “extrapolar” e, horas antes da final, fui avisado de que iria receber o “Prémio Carlos Paredes”, um prémio de carreira. Alguém devia ter informado os responsáveis da Câmara de que estes prémios são dados, normalmente, a pessoas que, a serem “cantautores” como eu, têm muitos discos no mercado, vão muito à televisão, dão muitas entrevistas, passam muito na rádio, são muito fotografadas em festas... mas, pelos vistos, os critérios devem ter sido outros.
Ao “prémio carreira” não corresponde nenhuma quantia em dinheiro. Apenas o “embaraço” de, já estando no palco como membro do júri e na presença dos “julgados”, ter que ir à frente receber o prémio e “discursar” um agradecimento... o que fiz, durante cerca de vinte segundos. Obrigado! Soube muito, muito bem!
A carga de nervoso miudinho foi largamente compensada por ter contribuído para a vitória desta cantiga que hoje vos proponho. Chama-se “Estas palavras” e foi inventada pelo intérprete, o jovem Miguel Calhaz, vindo da Sertã, trazendo na bagagem muito talento, um contrabaixo e o seu amigo e conterrâneo Marco Figueiredo, para o acompanhar (muito bem!) ao piano.
Segundo uma sua curta nota biográfica, Miguel Calhaz é um músico freelancer, cantautor e contrabaixista. Mantém projectos musicais nas áreas do Jazz, da WorldMusic e da Música Portuguesa.
É licenciado em Educação Musical e Professor das Unidades Curriculares de Seminário e Projeto, e Ateliê de Coro e Música de Conjunto, do Curso de Professores de Educação Musical do Instituto Piaget (Viseu). Estudou no curso de Contrabaixo/Jazz da Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto.
Resumindo: Fiquei (ficamos todos) muito feliz por mais uma vez nos ter aparecido ali um destes artistas que o “país oficial” quase faz gala em não conhecer. Mais uma vez fiquei muito feliz por ter assistido a um espetáculo em que outros dos concorrentes, com igual justiça, poderiam ter ganho os prémios a concurso. Em 2013 haverá mais.
Bom domingo!
“Estas palavras” – Miguel Calhaz
(Miguel Calhaz)
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