Terça-feira, 24 de Maio de 2011
Por quem o sino dobra?
Afinal de contas, o governo comprometeu-se a efectuar um “corte significativo” nas contribuições patronais para a segurança social, o que implicará aumentar o IVA, num dos países europeus onde este imposto regressivo mais pesa na estrutura de impostos. Assim se intensifica a transferência de rendimentos e de activos para certas fracções do capital, sem garantir investimento ou ganhos de competitividade. Entretanto, deixo um excerto de uma crónica que escrevi há um ano, quando colaborava com o i:
Uma imagem diz muito sobre os sombrios tempos que correm: Teixeira dos Santos, rodeado de alguns dos milionários gestores dos grandes grupos económicos com poder político e de mercado em Portugal, onde se destacam os banqueiros do costume, toca o sino que abre o dia de negócios em Wall Street: é “dia de Portugal” na praça norte-americana. O governo age cada vez mais como se fosse o comité executivo dos negócios do capital financeiro, para retomar e adaptar a caracterização de Marx e Engels. Privatizações maciças e austeridade orçamental socialmente selectiva, que atinge sobretudo as classes populares, fazem agora parte do esforço para seduzir precisamente os que causaram a última crise global.
Na ausência de movimentos sociais de contestação significativos, o poder da finança garante que, ao contrário do que aconteceu no contexto da Grande Depressão dos anos trinta, a actual crise, que também começou num sistema financeiro inspirado pelo liberalismo económico, não dará origem a reformas significativas, mas apenas a meros toques de regulação que deixam as destrutivas estruturas da finança de mercado intocadas. Novas, e mais violentas, crises financeiras, acompanhadas de destruição de emprego, no contexto de desigualdades sociais abissais, resultarão desta estranha miopia política. Se tudo correr mal, se assistirmos impávidos à destruição do Estado social e da esfera pública, bem como à erosão dos direitos laborais, arriscamo-nos a regressar, em novos moldes, aos padrões identificados pela economia política crítica no século XIX.
Uma imagem diz muito sobre os sombrios tempos que correm: Teixeira dos Santos, rodeado de alguns dos milionários gestores dos grandes grupos económicos com poder político e de mercado em Portugal, onde se destacam os banqueiros do costume, toca o sino que abre o dia de negócios em Wall Street: é “dia de Portugal” na praça norte-americana. O governo age cada vez mais como se fosse o comité executivo dos negócios do capital financeiro, para retomar e adaptar a caracterização de Marx e Engels. Privatizações maciças e austeridade orçamental socialmente selectiva, que atinge sobretudo as classes populares, fazem agora parte do esforço para seduzir precisamente os que causaram a última crise global.
Na ausência de movimentos sociais de contestação significativos, o poder da finança garante que, ao contrário do que aconteceu no contexto da Grande Depressão dos anos trinta, a actual crise, que também começou num sistema financeiro inspirado pelo liberalismo económico, não dará origem a reformas significativas, mas apenas a meros toques de regulação que deixam as destrutivas estruturas da finança de mercado intocadas. Novas, e mais violentas, crises financeiras, acompanhadas de destruição de emprego, no contexto de desigualdades sociais abissais, resultarão desta estranha miopia política. Se tudo correr mal, se assistirmos impávidos à destruição do Estado social e da esfera pública, bem como à erosão dos direitos laborais, arriscamo-nos a regressar, em novos moldes, aos padrões identificados pela economia política crítica no século XIX.
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