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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Governo deve "chamar à pedra" acionistas da central de Almaraz em Portugal


Para o Bloco, o Governo deve tomar uma posição junto dos acionistas da central que estão no mercado português. Estes têm algum papel em "40% da energia elétrica em Portugal"

O Bloco de Esquerda defendeu hoje que o Estado português deve "chamar à pedra" os acionistas da central nuclear de Almaraz, que são empresas protagonistas na economia portuguesa.
"Chamar os acionistas [da central de Almaraz] à pedra é obrigação do Governo português", afirmou hoje Jorge Costa, do Bloco de Esquerda (BE).
O deputado falava durante a audição do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, na comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, sobre o tema da central de Almaraz e construção do armazém para resíduos nucleares.
Para o BE, o Governo deve tomar uma posição junto dos acionistas da central -- Endesa, Iberdrola e Union Fenosa -- que estão no mercado português e têm algum papel em "40% da energia elétrica em Portugal".
O BE pediu, com caráter de urgência, uma audição dos representantes dos conselhos de administração das filiais portuguesas da Iberdrola, Endesa e Gas Nattural Fenosa sobre a situação da central nuclear de Almaraz.
Durante a audição, iniciativa do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), os partidos da oposição insistiram na necessidade de Portugal tomar uma atitude sobre o prolongamento da vida da central nuclear de Almaraz, criticando o ministro por se focar na construção do armazém e da falta de consulta a Portugal.
Heloísa Apolónia, do PEV, defendeu que o assunto da central requer uma "entrada em peso" da vertente diplomática, mas principalmente dos chefes de Governo dos dois países.
Para esta deputada, é necessário que a componente sustentabilidade seja realçada e defendida a segurança da população e o ambiente.
O ministro voltou a ser criticado, principalmente pelo PSD, através da deputada Berta Cabral, dizendo que "o Governo só tomou conhecimento do assunto com a aprovação do armazém de resíduos".
"Ministro não seguiu o básico princípio da precaução e limitou-se a desvalorizar", como fez com outros assuntos, salientou Berta Cabral.
"Não consigo comparar com o que fez o anterior governo [pois] uma comparação com zero é uma indeterminação, a conta não fecha", respondeu João Matos Fernandes.
"Não digo que o anterior Governo não fez nada, constato que o anterior Governo não fez nada", disse ainda o governante.
O ministro recordou que, assim como Portugal definiu a sua política energética, em que nuclear não existe e fez aposta nas renováveis, Espanha apostou no nuclear.
E "Espanha é soberana a definir a sua política energética", acrescentou.


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