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Gregório Lourenço Bezerra nasceu no dia 13 de março de 1900, em Panelas de Miranda, hoje Panelas (PE), filho de Lourenço Bezerra e de Belarmina Conceição.
Operário da construção civil, foi preso pela primeira vez em 1917, quando participava de uma passeata em Recife. Libertado em 1922, nesse mesmo ano apresentou-se ao Exército para prestar serviço militar. Reservista em 1924, ao longo desse ano, dedicou-se, como autodidata, à sua própria alfabetização. Cursou a Escola de Sargentos de Infantaria, no Rio de Janeiro, entre 1925 e 1926. Transferido para Recife, já como sargento, em 1930 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). Ainda em 1930, transferiu-se para o Rio de Janeiro, por ter conseguido matrícula na Escola de Educação Física do Exército. Em outubro, por ocasião da campanha militar da revolução, lutou ao lado das forças revolucionárias.
Designado instrutor de educação física do Colégio Militar de Fortaleza no início de 1932, organizou na capital cearense, contrariando a orientação do partido, uma célula comunista. Em dezembro de 1934, foi denunciado como comunista e transferido para o Rio de Janeiro. A caminho da capital federal, contudo, apresentou-se em Recife à 7ª Região Militar. Sua viagem ao Rio de Janeiro foi então sustada, permanecendo na capital pernambucana. Nesta época, a Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização de massas orientada pelo PCB, encontrava-se em pleno crescimento.
Gregório Bezerra trabalhou no recrutamento de novos militantes para a organização, especialmente nos meios militares. Com o fechamento da ANL pelo governo federal (11/7/1935), a organização passou a funcionar na clandestinidade. Ao mesmo tempo, Gregório Bezerra foi encarregado de participar da preparação de uma insurreição militar em Recife. Quando eclodiu o levante em Natal, em 23 de novembro de 1935, Gregório recebeu ordens para desencadear a luta em Recife no dia seguinte. Contudo, avisadas dos acontecimentos em Natal e desconfiadas da possibilidade de eclosão de movimento semelhante em Recife, as autoridades militares locais conseguiram desarticulá-lo. Preso, Gregório foi submetido a severas torturas. Em 1937 foi condenado a 27 anos e meio de prisão, sendo anistiado em abril de 1945.
Com a legalização do PCB ainda em 1945, foi o principal candidato do partido a deputado por Pernambuco à Assembléia Nacional Constituinte. Eleito em dezembro de 1945, só permaneceu na Câmara até janeiro de 1948, quando os parlamentares eleitos pelo PCB tiveram seus mandatos cassados. Antes disso, em maio de 1947, o registro do partido fora cancelado pelo Superior Tribunal Eleitoral. Uma semana depois de ter deixado a Câmara, Gregório Bezerra foi preso sob a acusação de ter incendiado um quartel em João Pessoa. Absolvido por falta de provas, ainda assim viveu na clandestinidade durante nove anos. Em setembro de 1957, foi preso em Serra Talhada (PE), tendo sido solto dias depois.
Novamente preso por ocasião do golpe militar que depôs o presidente João Goulart, em 31 de março de 1964, foi submetido a violências no ato da prisão. Ficou famosa a sua fotografia amarrado pelo pescoço, sendo arrastado pelas ruas do Recife. Em abril, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, com base no Ato Institucional nº 1, editado naquele mês. Em 1967, foi condenado a 19 anos de prisão. Em 1969, foi solto em troca do embaixador americano Charles Elbrick, seqüestrado por um grupo de oposição armada. Ficou cerca de dez anos exilado na União Soviética, depois de passar um curto período em Cuba. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil.
Nas eleições de 1982, candidatou-se à Câmara dos Deputados por Pernambuco, na legenda do Partido do Movimento Democrático Brasileiro obtendo apenas uma suplência.
Faleceu no dia 21 de outubro de 1983, em São Paulo.
Era casado com Maria da Silva Bezerra, com quem teve dois filhos.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
cpdoc.fgv.br
História de um valente
“Valentes, conheci muito
e valentões, muito mais
uns só valente no nome
uns outros só de cartaz
uns valentes pela fome
outros para comer demais
sem falar dos que são homens
só com capangas atrás.
Mas existe nesta terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar gente
mas não teme matador
que gosta da sua gente
e que luta ao seu favor
como Gregório Bezerra
feito de ferro e de flor”
e valentões, muito mais
uns só valente no nome
uns outros só de cartaz
uns valentes pela fome
outros para comer demais
sem falar dos que são homens
só com capangas atrás.
Mas existe nesta terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar gente
mas não teme matador
que gosta da sua gente
e que luta ao seu favor
como Gregório Bezerra
feito de ferro e de flor”
Ferreira Gullar, poeta maranhense.
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