A ganância dos ricos é uma coisa que nunca deixa de me surpreender.Um destes dias voltando para casa de mais um dia atribulado, vi uma daquelas pinchagens feitas nos muros da cidade. A pinchagem não tinha nada que deixasse a estética kantiana admirada.
Nela, uma frase "O que fere mais, a ilusão ou o desamor?".
As letras incertas debruçavam-se tingindo de negro o fundo branco da parede.
A princípio, a frase despertou minha curiosidade.
O que queria dizer o autor com tal frase?
Passei alguns momentos "matutando" a respeito da frase, mas isso não durou muito, pois, no mundo moderno, tempo é dinheiro e eu não podia desperdiçar o meu pensando com tolices.
Deixando a frase de lado, voltei à minha vidinha. Dias depois do episódio com a tal frase, vi um documentário que me deixou estarrecido. O documentário mostrava os ricos que tinham por endereço casas de grande ostentação. Depois de vê-lo, passei aquestionar-me sobre como podiam, os ricos, morar tranquilamente nas suas casas de luxo e não se importar com toda a pobreza que os rodeava. Ao questionar-me, fui remetido à lembrança da tal frase, que jazia em repouso nos recônditos esquecidos da minha memória, e obtive uma resposta.
Os ricos moram em suas casas de luxo e ostentação sem se importar com a pobreza que os rodeia porque estão envolvidos ternamente por sua ganância.
É esta que os impede de enxergar a miséria na qual os seus pés estão atolados quando descem de suas moradias e palácios e têm de andar pelas ruas da cidade. É essa mesma ganância que os acompanha, nos seus carros de luxo, no trajeto até os seus escritórios, também de luxo. Para se verem livres da pobreza que turva as suas caras , os ricos, moram em palácios, jantam em limusines, vestem as mais belas roupas, andam nos carros mais luxuosos e blindados. Enquanto isso, a pobreza, não tem onde morar, o que comer, o que vestir e nem mesmo o dinheiro para o autocarro. Mas o que os ricos não conseguem ver é a pobreza.
Parada, nos semáforos tentando limpar os vidros ou estacionar os carros dos ricos, a pobreza espera. A pobreza espera que a iludam com um pouco de amor. Mas os ricos, estes, tão inebriados pelo amor à sua ganância, só têm mesmo o desamor para ofertar.Nos seus apartamentos, vivendas de luxo, a muitos andares afastadas do inferno da pobreza, os ricos esquecem que todos, mesmo eles, permanecem abaixo do céu.
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