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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


Cáritas Europa: Austeridade atira um terço das crianças portuguesas para a pobreza

Relatório da Cáritas Europa alerta para consequências da austeridade junto da população mais carenciada, destacando a situação dramática vivida por muitas crianças e jovens. Segundo esta organização, “a prioridade das políticas de austeridade não está a funcionar e será necessário procurar alternativas”.
Foto de Paulete Matos.
Esta quinta feira, a Cáritas Europa apresentou, em Dublin, um relatóriointitulado “O Impacto da Crise Europeia – A Resposta da Cáritas à Austeridade” sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade implementadas nos chamados “países intervencionados”.
Segundo adianta a Cáritas Portuguesa em comunicado, a principal conclusão deste relatório “resulta num alerta desta Organização para o facto de as medidas de austeridade, como solução principal para o combate à crise, estarem a provocar efeitos negativos junto da população, arrastando muitas famílias para novas situações de pobreza”, e de ser necessário “encontrar-se medidas alternativas à austeridade”. No documento, são salientados os “efeitos negativos junto da população mais carenciada”, dentro da qual se destacam as crianças.
Austeridade atira crianças portuguesas para pobreza
Mediante a análise das estatísticas oficiais da Comissão Europeia, a Cáritas Europa concluiu que Espanha, Itália, Grécia, Irlanda e Portugal são os países onde os riscos de pobreza ou exclusão das crianças mais aumentaram nos últimos quatro anos.
As Cáritas destes países "confrontam-se diariamente com cada vez mais pedidos de apoio de pessoas que ficaram numa situação de vulnerabilidade devido ao impacto da crise, das medidas de austeridade e das medidas estruturais" implementadas, adianta a organização, destacando a situação dramática em que se encontram muitas crianças e jovens.
Conforme é referido no documento, em Portugal, a taxa de pobreza infantil encontra-se, pelo menos desde 2005, acima da taxa média de 27 Estados-membros da União Europeia, atingindo, em 2010, 22,4%. Em 2011, 28,6% das crianças portuguesas estavam em situação de risco de pobreza ou de exclusão.
“A austeridade não está a funcionar”
“As evidências apresentadas neste relatório mostram que a prioridade das políticas de austeridade não está a funcionar e será necessário procurar alternativas”, sublinha a Cáritas Europa, lamentando que “as pessoas que atualmente pagam o preço mais alto não participaram nas decisões que levaram à crise”.
“Ao mesmo tempo está a colocar-se em causa a coesão social da Europa e a legitimidade política da União Europeia”, alerta a organização no documento.
No relatório é também salientado o facto de, em quatro dos cinco países em análise, a taxa de desemprego situar-se “bem acima da média da União Europeia”, sendo que o desemprego entre os jovens e o desemprego de longa duração atinge todos os Estados e está a tornar-se estrutural. A Cáritas denuncia ainda o “aumento da pobreza na maioria dos países” e a generalização a todos os países das carências ao nível da infância.
Proteção social não abrange os “grupos em extrema dificuldade”
A Cáritas considera que as medidas previstas no Programa de Emergência Social (PES), apresentado pelo governo português a 5 de agosto de 2011, não resolvem “as necessidades imediatas das famílias” e alerta para o facto de a proteção social não abranger os “grupos em extrema dificuldade”, entre os quais os desempregados que ultrapassam o limite temporal imposto para a atribuição das prestações.
“As políticas económicas aplicadas estão a criar imensos problemas sociais com os quais será muito difícil de lidar no futuro”, alertou a responsável pelas políticas sociais da Cáritas Europa, Deirdre de Burca, em declarações ao jornal Público.
Em Portugal, “a economia encolheu. Perderam-se os empregos e não se criaram novas oportunidades”, constatou Deirdre, salientando que “numa economia que se contrai assim, é difícil ver como recomeçará a crescer, quando nenhuma das políticas cria emprego”.
“Os jovens estão a ficar desesperados. Estão sem esperança de encontrar trabalho nos próximos anos, e sem vontade de emigrar por também terem perdido a esperança de encontrar trabalho noutros países”, alertou.
A responsável pelas políticas sociais da Cáritas Europa evocou, inclusive, o “risco de uma ou várias gerações perdidas”.
“Às políticas económicas e sociais tem de ser dado o mesmo peso. E não está a ser. A União Europeia tem de mostrar liderança e reequilibrar o peso entre políticas económicas e sociais”, defendeu.

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