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sábado, 16 de fevereiro de 2013


adivinhando chuva


acordei neste sábado ao som da flauta do amola-tesouras
adivinha chuva, dizem 
e geralmente é em dias  assim, escuros, como o de hoje, que aparece 
deve ser das poucas alturas em que tem trabalho

ali está, em frente aos cabeleireiros glória, na rua vasco da gama
 aquele homem, ainda jovem, magro, com ar de mau passadio
na sua bicicleta, amolando as tesouras da glória

pergunto-me como pode sobreviver esta pessoa, amolando tesouras, facas...mas quem é que amola facas, ou amanha guarda-chuvas, se os chineses os vendem por meio tostão?!

deve ter família

andando por aí, de terra em terra

um tendeiro, "uma espécie de cigano", dizia-se lá no alentejo com um misto de temor
ou inveja
 sinónimo de gente que, sem ser marginal, vivia, por sua livre escolha, à margem da sociedade


a sua profissão é um perfeito anacronismo histórico neste tempo digital


eu não desejo mal ao tendeiro
mas gostava que hoje o sol brilhasse

enquanto o sol não chega, vou preparar-me para a manifestação

Só planície. RC.


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