Governo francês aponta culpados no escândalo da carne de cavalo
O governo francês acusou o grupo alimentar Spanghero de ser o principal responsável pela fraude da carne de cavalo, vendida como se fosse vaca, em vários países europeus. Paris suspendeu de imediato a licença desta companhia, localizada no sudoeste da França, e prometeu perseguir judicialmente os responsáveis. Outra companhia francesa, a Comigel, que fabricava as lasanhas que estão na origem do escândalo, é acusada de negligencia, por ter omitido alguns dos controles necessários .
O ministro francês responsável pelo Consumo, Benoit Hamon, disse que os responsáveis da Spanghero tinham plena consciência que a carne estava falsamente etiquetada.
De acordo com este governante francês, a companhia tinha recebido um carregamento de carne de cavalo de um intermediário holandês e fez a mesma passar por carne de vaca, quando a vendeu à companhia de processamento de ultra-congelados Comigel .
"Tráfico durava há vários meses"
Segundo Benoit Hamon, “este tráfico durava há vários meses” e envolveu 750 toneladas de carne de cavalo, das quais 550 foram entregues ao grupo Comigel, através da sociedade Távola, uma subsidiária situada no Luxemburgo, que fabrica pratos pré-preparados.
Hamon reconhece que a Comigel foi enganada: “ Para a Comigel tratava-se de carne de vaca”. No entanto, o ministro não isenta esta companhia de responsabilidades, considerando-a responsável por “duas negligencias” uma delas relacionada com a documentação que acompanhava a mercadoria e a outra com a subsidiária luxemburguesa .
Negligência
“Por um lado, a etiqueta não estava conforme à legislação francesa” uma vez que apenas declarava “carne originária da UE”, quando devia revelar a origem geográfica exata dos locais de criação e de abate”, disse.
“Por outro lado, aquando da descongelação, ela [a Comigel] devia ter-se dado conta de que a carne não era da mesma cor e não tinha o mesmo cheiro que a carne de vaca”, afirmou o ministro.
Benoit Hamon acusa a sociedade Spanghero de “fraude económica” pois “sabia que estava a revender como carne de bovino a carne de equídeo que lhe tinha chegado às mãos com a etiqueta aduaneira correspondente” .
Ministro: "Spanghero sabia". Companhia nega.
“A Spanghero sabia. Uma coisa que devia ter atraído a atenção da Spanghero? O preço” disse Hamon, explicando que a carne de cavalo da Roménia estava muito abaixo da tabela de mercado para a carne de vaca.
O grupo Spanghero enviou entretanto à Reuters uma declaração por email, em que se declara inocente da fraude.
“A Spanghero confirma que colocou uma encomenda para carne de vaca, e foi levada a crer que tinha recebido carne de vaca, e revendeu o que julgava ser carne de vaca, etiquetada como tal, em linha com os regulamentos europeus e franceses”, lê-se na declaração.
Para já o governo francês suspendeu a licença de funcionamento da Spanghero e vai enviar veterinários às instalações da empresa situada no sudoeste de França.
Segundo o ministro francês da Agricultura, Stéphane Le Foll, o governo decidirá, à luz dos resultados, tornar ou não definitiva a interdição da empresa.
Carne contaminada com medicamento veterinário "entrou na cadeia alimentar"
Entretanto a autoridade alimentar da Grã-Bretanha revelou que oito de 206 carcaças de cavalo que testou acusaram a presença de Fenilbutazona, um anti-inflamatório e analgésico veterinário que pode causar problemas de saúde em seres humanos. Seis delas, abatidas por uma firma localizada no sudoeste de Inglaterra, foram enviadas para França e podem ter entrado na cadeia alimentar, sendo que essa carne contaminada pode ter sido vendida aos consumidores “durante algum tempo”.
Em contrapartida, este medicamento utilizado para cavalos e que torna a carne imprópria para consumo, não foi detetado nos produtos das marcas Findus testados no Reino Unido, que estiveram na origem do escândalo europeu da fraude da carne de cavalo.
A British Food Standards Agency diz que está a trabalhar com as autoridades francesas para localizar a carne contaminada.
Detenções no Reino Unido
O caso não deve ficar por aqui, no que respeita ao apuramento de responsabilidades.
De acordo com o ministro francês do Consumo, Benoit Hamon, “ a maior parte das culpas residem na Spanghero “ mas “há mais culpas para distribuir”. Segundo ele, uma investigação francesa descobriu que o escândalo da carne de cavalo envolve 13 países e 28 companhias.
Esta quinta-feira, três homens foram detidos no Reino Unido sob suspeita de fraude relacionada com o escândalo. As detenções ocorreram numa fábrica inglesa e num matadouro do país de Gales, que tinham sido investigados na terça-feira.Comissão Europeia pediu aos 27 que realizem testes de ADN
O Comissário Europeu encarregado da Saúde e dos Consumidores, Tónio Borg tinha ontem dito que “todos os países por onde a carne passou são suspeitos”.
“Por países, quero dizer as companhias nesses países que lidaram com este produto de carne”, precisou.
Quarta-feira, a Comissão europeia apelou a todos os membros da UE para que realizem testes de ADN aos produtos processados de carne de vaca vendidos localmente. Portugal é um dos países que já se declarou pronto a implementar a medida.
Percurso complexo
As investigações deste caso puseram à luz do dia o tortuoso percurso que estes produtos fazem no seio dos 27.
Exemplo disso é a multinacional Findus, uma das empresas que mais viu a sua reputação afetada pelo escândalo. Em alguns dos produtos ultracongelados à venda no Reino Unido foram identificados teores elevados de carne de cavalo.
A Findus comprou a carne à Comigel, baseada no nordeste de França, que abastece fornecedores em 16 países com produtos semelhantes. Os produtos identificados nas Ilhas Britânicas vinham da sociedade Távola, a subsidiária da Comigel no Luxemburgo.
A Comigel tinha adquirido a carne à Spanghero, sediada no sudoeste de França, que por sua vez é uma subsidiária de outra firma chamada Poujol.
A Poujol, adquiriu a carne congelada a um comerciante em Chipre, que por sua vez subcontratou a ordem a um intermediário na Holanda, o qual foi abastecer-se a dois matadouros situados na Roménia.
De acordo com este governante francês, a companhia tinha recebido um carregamento de carne de cavalo de um intermediário holandês e fez a mesma passar por carne de vaca, quando a vendeu à companhia de processamento de ultra-congelados Comigel .
"Tráfico durava há vários meses"
Segundo Benoit Hamon, “este tráfico durava há vários meses” e envolveu 750 toneladas de carne de cavalo, das quais 550 foram entregues ao grupo Comigel, através da sociedade Távola, uma subsidiária situada no Luxemburgo, que fabrica pratos pré-preparados.
Hamon reconhece que a Comigel foi enganada: “ Para a Comigel tratava-se de carne de vaca”. No entanto, o ministro não isenta esta companhia de responsabilidades, considerando-a responsável por “duas negligencias” uma delas relacionada com a documentação que acompanhava a mercadoria e a outra com a subsidiária luxemburguesa .
Negligência
“Por um lado, a etiqueta não estava conforme à legislação francesa” uma vez que apenas declarava “carne originária da UE”, quando devia revelar a origem geográfica exata dos locais de criação e de abate”, disse.
“Por outro lado, aquando da descongelação, ela [a Comigel] devia ter-se dado conta de que a carne não era da mesma cor e não tinha o mesmo cheiro que a carne de vaca”, afirmou o ministro.
Benoit Hamon acusa a sociedade Spanghero de “fraude económica” pois “sabia que estava a revender como carne de bovino a carne de equídeo que lhe tinha chegado às mãos com a etiqueta aduaneira correspondente” .
Ministro: "Spanghero sabia". Companhia nega.
“A Spanghero sabia. Uma coisa que devia ter atraído a atenção da Spanghero? O preço” disse Hamon, explicando que a carne de cavalo da Roménia estava muito abaixo da tabela de mercado para a carne de vaca.
O grupo Spanghero enviou entretanto à Reuters uma declaração por email, em que se declara inocente da fraude.
“A Spanghero confirma que colocou uma encomenda para carne de vaca, e foi levada a crer que tinha recebido carne de vaca, e revendeu o que julgava ser carne de vaca, etiquetada como tal, em linha com os regulamentos europeus e franceses”, lê-se na declaração.
Para já o governo francês suspendeu a licença de funcionamento da Spanghero e vai enviar veterinários às instalações da empresa situada no sudoeste de França.
Segundo o ministro francês da Agricultura, Stéphane Le Foll, o governo decidirá, à luz dos resultados, tornar ou não definitiva a interdição da empresa.
Carne contaminada com medicamento veterinário "entrou na cadeia alimentar"
Entretanto a autoridade alimentar da Grã-Bretanha revelou que oito de 206 carcaças de cavalo que testou acusaram a presença de Fenilbutazona, um anti-inflamatório e analgésico veterinário que pode causar problemas de saúde em seres humanos. Seis delas, abatidas por uma firma localizada no sudoeste de Inglaterra, foram enviadas para França e podem ter entrado na cadeia alimentar, sendo que essa carne contaminada pode ter sido vendida aos consumidores “durante algum tempo”.
Em contrapartida, este medicamento utilizado para cavalos e que torna a carne imprópria para consumo, não foi detetado nos produtos das marcas Findus testados no Reino Unido, que estiveram na origem do escândalo europeu da fraude da carne de cavalo.
A British Food Standards Agency diz que está a trabalhar com as autoridades francesas para localizar a carne contaminada.
Detenções no Reino Unido
O caso não deve ficar por aqui, no que respeita ao apuramento de responsabilidades.
De acordo com o ministro francês do Consumo, Benoit Hamon, “ a maior parte das culpas residem na Spanghero “ mas “há mais culpas para distribuir”. Segundo ele, uma investigação francesa descobriu que o escândalo da carne de cavalo envolve 13 países e 28 companhias.
Esta quinta-feira, três homens foram detidos no Reino Unido sob suspeita de fraude relacionada com o escândalo. As detenções ocorreram numa fábrica inglesa e num matadouro do país de Gales, que tinham sido investigados na terça-feira.Comissão Europeia pediu aos 27 que realizem testes de ADN
O Comissário Europeu encarregado da Saúde e dos Consumidores, Tónio Borg tinha ontem dito que “todos os países por onde a carne passou são suspeitos”.
“Por países, quero dizer as companhias nesses países que lidaram com este produto de carne”, precisou.
Quarta-feira, a Comissão europeia apelou a todos os membros da UE para que realizem testes de ADN aos produtos processados de carne de vaca vendidos localmente. Portugal é um dos países que já se declarou pronto a implementar a medida.
Percurso complexo
As investigações deste caso puseram à luz do dia o tortuoso percurso que estes produtos fazem no seio dos 27.
Exemplo disso é a multinacional Findus, uma das empresas que mais viu a sua reputação afetada pelo escândalo. Em alguns dos produtos ultracongelados à venda no Reino Unido foram identificados teores elevados de carne de cavalo.
A Findus comprou a carne à Comigel, baseada no nordeste de França, que abastece fornecedores em 16 países com produtos semelhantes. Os produtos identificados nas Ilhas Britânicas vinham da sociedade Távola, a subsidiária da Comigel no Luxemburgo.
A Comigel tinha adquirido a carne à Spanghero, sediada no sudoeste de França, que por sua vez é uma subsidiária de outra firma chamada Poujol.
A Poujol, adquiriu a carne congelada a um comerciante em Chipre, que por sua vez subcontratou a ordem a um intermediário na Holanda, o qual foi abastecer-se a dois matadouros situados na Roménia.
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