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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013




Quem não quer ser urso não lhe veste a pele

Quando Miguel Relvas reagiu à manifestação enchendo o peito e cantando a Grândola não se ouviram comentários em defesa de qualquer forma de liberdade, António Barreto não se manifestou, o líder parlamentar do PSD não discursou e os fedelhos da JSD não guincharam. É evidente que Relvas tem todo o direito de cantar a “Grândola”, por enquanto não se pagam direitos de autor nem é necessário uma equivalência a cantor emitida pela Lusófona para a cantar.
  
Mas todos sabemos que Miguel Relva é mais dado a música folclórica de Tomar ou a música brasileira em réveillons no Copacabana Palace na companhia do Dias Loureiro do que a cantar a música imortalizada na madrugada do dia 25 de Abril. Cantar a Grândola Vila Morena não foi mais do que uma pequena resposta provocatória de Miguel Relvas a um grupo de manifestantes, o ministro doutor não corresponde à imagem de quem partilha os valores de Abril, é o cérebro político de um governo que tem uma verdadeira paranoia contra o que o país fez durante todos os anos que se seguiram a 1974.
  
Era mais do que óbvio que depois desta resposta provocatória o ministro mais odiado e desprezado deste governo dificilmente se safaria da próxima. Mas Relvas é um provocador e depois de ter sobrevivido no governo não se cansa de exibir um sorriso que vai de orelha a orelha, como se estivesse a gozar com todo um povo. Ir a uma sessão numa universidade onde os estudantes têm de estudar a sério se quiserem conseguir um diploma é uma provocação quase tão grande como uma prostitua entrar nua numa mesquita de Meca.
  
Como era óbvio os estudantes acharam que na sua casa os discursos de Relvas eram dispensados e manifestaram-se. Desta vez Relvas perdeu a vontade de cantar, despareceu o sorriso de orelha a orelha e o político que gosta de dar ares de dar o peito às balas saiu escondido por seguranças e nem tão cedo vai lembrar-se de entrar numa dessas universidades onde os estudantes vão estudar e não se limitam a entregar requerimentos.
  
Num país onde todas as conquistas sociais estão sendo devoradas em nome dos desvios colossais inventados ou criados premeditadamente por Gaspar a grandolada que foi dada a Relvas despertou vários lutadores pelas liberdades. Lutadores que não levantaram a voz contra a destruição grosseira de direitos sociais, mas vieram a público defender a liberdade de quem se faz acompanhar de segurança, de quem manda na televisão pública, de quem tem uma das vozes mais ouvidas deste país.
  
O que António Barreto e outros defenderam não foi a liberdade de expressão de Miguel Relvas, esse fala pelos cotovelos e tem uma televisão por sua conta, para não falar dos amigos da Ongoing, dos compadres do Dias Loureiro e do pessoal das secretas, ou dos patrões do DN ou da Cofina. O que ele defenderam foi que os portugueses deviam ser obrigados a ouvir Relvas.
  
A verdade é que não vamos perder a oportunidade de ouvir Relvas todos os dias até que nos livremos deste governo. Quem não ouvimos à muito tempo é a Maria José Oliveira? Não sabem quem é a Maria José Oliveira? É a jornalista que Miguel relvas perseguiu e acabou por se demitir do jornal Público. Será que António Barreto sabe o que é feito da jornalista? Ter-lhe-á dado emprego na sua fundação ou prefere os livrinhos escritos pelo José Manuel Fernandes?

Num país onde os jornalistas são perseguidos, onde os portugueses perdem os mais elementares direitos e são tratados como uns criminosos que ousaram pensar ter direitos, os nossos Toinos estão preocupados com a liberdade de expressão do falso doutor Relvas!

O Jumento

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