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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Idiotismos 13


Algo documentada, desde há muito, em obras literárias, a expressão ir bugiar ou mandar bugiar significa mandar à fava ou, mais literalmente, mandar pentear macacos, como refere Alexandre de Carvalho Costa, na sua obra já aqui referida. No fundo, uma forma mais extremada de dizer: Não me aborreças!
Parece que a expressão terá tido origem em Bugie (Argélia), onde os espanhóis, quando lá aportaram teriam visto muitos macacos. Foi esta terra do norte de África que Teixeira Gomes escolheu para exílio, e lá acabou por morrer.
Mas, e voltando ao princípio, a expressão já aparece na Ulysipo, de Jorge Ferreira de Vasconcelos:
Vai, vai Joana bugiar,
não andes no alparvado.

E Gil Vicente usou-a também, no Auto de Mofina Mendes:

Senhora não monta mais
semear milho nos rios.
Que queremos por sinais
meter coisas divinais
na cabeça dos bugios.

Porque, classicamente, bugio é uma classe de macacos. Muito embora já tenha visto o vocábulo utilizado para significar rochedo, no meio das águas. E no feminino (bugia) valha, também, por pequena vela de cera, ou griseta.
Antenor Nascentes lembra que o étimo do nosso bugiar talvez possa ter origem comum ao do verbo italianobugiare - dizer mentiras. Custa-me a aceitar. Mas seja como for a expressão está ligada a macacos e, sobre isso, não há dúvidas.
A propósito, já agora, pergunta-se porque chamaremos nós, Forte do Bugio, à pequena fortaleza, com farol, na Barra do Tejo? Com planos mandados fazer, ainda no reinado de D. Sebastião, mas só edificada no tempo de Filipe I, foi instalada na ilhota de Cabeça Seca. Inicialmente denominado por Forte de S. Lourenço, o povo crismou-o, para sempre, como Forte do Bugio (do macaco?).

Arpose

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