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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Conheça a história e as incríveis invenções de Santos Dumont (o pai da aviação)


Conhecido como o Pai da Aviação por ter sido o primeiro a realizar um vôo a bordo de um avião a motor, sem a necessidade de rampas de lançamento. Alberto Santos Dumont é um dos principais nomes da história brasileira e suas proezas são consideradas orgulho nacional.
Mas apesar de seu foco principal ter sido a aviação, a mente inquieta do inventor ainda criou outros utensílios muito importantes para a humanidade.
As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso.
Santos Dumont

O mineiro teimoso

Alberto Santos Dumont

Eu sempre brincava de imaginar e construir pequenos engenhos mecânicos, que me distraíam e me valiam grande consideração na família. Minha maior alegria era me ocupar das instalações mecânicas de meu pai. Esse era o meu departamento, o que me deixava muito orgulhoso.
Nasceu em 20 de julho de 1873, na cidade de Palmira, em Minas Gerais. Santos Dumont desde cedo demonstrou interesse pelo funcionamento de máquinas e sua construção. Filho de Henrique Dumont e Francisca de Paula Santos Dumont, viveu sua infância na fazenda de plantio e beneficiamento de café da família em Ribeirão Preto. Lá divertia-se construindo pipas e pequenos aeroplanos movidos a hélice. Desde os 7 anos aprendeu a dirigir as locomotivas da propriedade e, aos 12 anos, era considerado um maquinista hábil.

Ao ler as obras de Julio Verne, nas quais são descritas viagens em submarinos e relatadas longas aventuras em balões, o seu fascínio pela aeronáutica cresceu. Passou a estudar a história da navegação aérea e ao descobrir que grande parte dos avanços nesta área haviam acontecido na França, ficou cada vez mais interessado em conhecer o país.
Estimulado pelo pai, começou a estudar mecânica. Com 18 anos, realizou uma viagem à Inglaterra, para aprimorar o inglês. Depois seguiu para a França, onde escalou o Monte Branco e reforçou sua paixão pelas alturas. Um ano mais tarde foi emancipado pelo pai e voltou à França para se dedicar ao automobilismo e aos estudos de ciências, engenharia, mecânica, eletricidade e aeronáutica.
Após a morte do pai, Santos Dumont volta mais uma vez à França em 1897, aos 24 anos, desta vez de forma definitiva e passa a se dedicar ao balonismo.

As máquinas de voar

Balão e dirigível
O balão "Brésil" e o dirigível N-4
A primeira criação de Santos Dumont foi o balão chamado “Brésil” (“Brasil”, em francês) . Este foi o menor balão criado até então e, se diferenciava dos demais balões por ser inflado com hidrogênio, ao invés de ar quente.
O dirigível N-1 foi o primeiro balão motorizado da história, mas o primeiro dirigível criado por Dumont não foi bem-sucedido. Em 1898, o vôo de estreia só ocorreu dias depois do planejado, pois no dia marcado o balão rasgou-se devido a uma manobra mal-feita ainda em terra. Dois dias depois, o dirigível subiu e apresentou as manobras idealizadas, porém um imprevisto fez com que caísse de uma distância de 400 metros do chão.
A descida efetuava-se com a velocidade de 4 a 5 m/s. Ter-me-ia sido fatal, se eu não tivesse tido a presença de espírito de dizer aos passantes espontaneamente suspensos ao cabo pendente como um verdadeiro cacho humano, que puxassem o cabo na direção oposta à do vento. Graças a essa manobra, diminuiu a velocidade da queda, evitando assim a maior violência do choque. Variei desse modo o meu divertimento: subi num balão e desci numa pipa.
Santos Dumon

Dumont busca aprimorar a sua invenção e cria o dirigível N-2, que também cai em sua fase de testes. Cria então o N-3, com o qual contornou a Torre Eiffel pela primeira vez. Aterrissou no mesmo local onde o N-1 havia caído, mas desta vez em total segurança.
Em 1900, foi criado o prêmio Deutsch. Para vencê-lo, uma aeronave deveria contornar a Torre Eiffel e retornar ao seu local de origem em até 30 minutos. Ato que nenhuma das invenções criadas até então eram capazes de realizar.
Instigado pelo desafio, Dumont passa a trabalhar para aumentar a velocidade dos seus dirigíveis. Cria assim os N-4, N-5 e N-6, levando o cobiçado prêmio de 129 mil francos com este último modelo.
Santos Dumont foi então reconhecido internacionalmente como o inventor do dirigível e o maior aeronauta do mundo. O que resultou em condecorações enviadas pelo então presidente do Brasil, Campos Salles, convites de viagens aos Estados Unidos e outros países e, também, a oferta do príncipe de Mônaco, Alberto I, de construir um hangar para que passasse a realizar as suas experimentações no principado.
A partir de então, Dumont passa a criar dirigíveis com objetivos específicos. O N-7 é projetado para corridas, enquanto o N-8 é uma cópia do N-6 criada por encomenda para um colecionador dos Estados Unidos. O N-9 é um dirigível para passeio, já o N-10 foi criado para servir de ônibus coletivo, mas nunca foi finalizado. O N-11 era uma versão reduzida do N-10. O N-12 foi outra réplica, desta vez do N-9 e, por fim, o N-13era um balão duplo de ar quente e hidrogênio capaz de ficar semanas suspenso no ar, mas infelizmente foi destruído por uma tempestade antes mesmo de ser testado.

14-bis, a ave de rapina

14-bis
O primeiro vôo a bordo do 14-bis
Em 1904 haviam três prêmios de aviação em andamento na França (o Prêmio Archdeacon, o Prêmio do Aeroclube da França e o Prêmio Deutsch-Archdeacon). O mais cobiçado por Dumont era o Prêmio Deutsch-Archdeacon que pedia que a aeronave voasse 1.000 metros em circuito fechado, sem o auxílio de balões ou catapultas para a decolagem e oferecia 50.000 francos ao vencedor.
O inventor começou assim a trabalhar na sua criação mais famosa, o 14-Bis, também chamado de “Oiseau de Proie” (“Ave de Rapina”, em francês).
Inspirado em um protótipo criado pelo cientista inglês George Cayley 100 anos antes, Santos Dumont construiu uma espécie de aeroplano híbrido, um avião juntamente com um balão de hidrogênio. Esta primeira versão foi descartada por ser considerada impura pelo aviador e seus amigos. A partir daí, focou-se em construir uma máquina que pudesse se sustentar no ar sem o auxílio de balões.

Após realizar uma série de testes e ajustes, no dia 23 de outubro de 1906 no campo de Bagatelle, em Paris, Santos Dumont realizou o primeiro vôo a bordo do 14-bis para uma plateia de cerca de 1.000 pessoas e na presença da Comissão Oficial do Aeroclube da França. A aeronave percorreu 60 metros em 7 segundos, a uma altura de 3 metros. O entusiasmo dos presentes foi imenso e até os juízes ficaram emocionados. Por este feito, Santos Dumont se tornou conhecido como o Pai da Aviação.O 14-Bis tinha 10 metros de comprimento, 4 metros de altura e 12 metros de envergadura, atingindo 30 km/h. Pesava 205 quilos. As asas eram fixas a uma viga, logo a frente ficava o leme e, na outra extremidade eram posicionados a hélice e o motor de 24 cavalos. O piloto conduzia a aeronave em pé.

Outras invenções de Santos Dumont

Hangar
Dumont no hangar de Neuilly (Paris, França)
Além das máquinas voadoras, o inventor brasileiro criou o primeiro hangar em 1900 justamente para guardar os seus equipamentos e invenções. Ele criou portões com rolamentos para facilitar o deslocamento das aeronaves.
Com a intenção de controlar o tempo dos seus vôos, ele também pediu ao amigo Louis Cartier que desenvolvesse o primeiro relógio de pulso.
Mais tarde, criou o primeiro chuveiro de água quente quando vivia em seu chalé “A Encantada” em Petrópolis. A invenção funcionava através do uso de um balde perfurado e dividido ao meio, que levava água quente de um lado e fria do outro.
Criou ainda um motor portátil para ser utilizado por esquiadores.

E os irmãos Wright?

Wright Brothers
Wilbur e Orville Wright
No início do século XX, Dumont não era o único a se aventurar na criação de máquinas voadoras. Os Irmãos Wright desenvolviam as suas criações e experimentações nos Estados Unidos. Em 17 de Dezembro de 1903, realizaram o primeiro vôo com o seu Flyer I com o auxílio de trilhos para a decolagem, na cidade de Kill Devil Hills.
Porém, os irmãos não realizavam demonstrações públicas com receio de ter as suas técnicas copiadas e o vôo teve poucas testemunhas. Somente em 1908 foram à França para realizar uma demonstração dos seus inventos e deixaram todos abismados com os resultados avançados de sua aeronave.
Diferente do 14-bis que voava em círculos como um balão, com o Flyer era possível realizar manobras muito mais controladas devido ao sistema do controle em 3 eixos. A partir de então, o vôo realizado em 1903 pelos irmãos passou a ser considerado como o primeiro vôo de uma máquina voadora mais pesada que o ar.

A guerra e a destruição do sonho

Santos Dumont
inventor passa por diferentes centros de saúde na Europa e acaba por retornar ao Brasil na companhia do sobrinho. Em 1932, aos 59 anos, Santos Dumond suicidou-se no quarto do Grand Hôtel La Plage, no Guarujá, onde vivia.

Algumas homenagens

Casa Museu Santos Dumont
Museu Casa de Santos Dumont
Por ser um pioneiro da aviação e um dos seus principais entusiastas, a obra de Santos Dumont foi amplamente reconhecida e o inventor recebeu diversas homenagens.
Há uma estátua em sua honra no campo de Bagatelle, onde realizou o primeiro vôo com o 14-bis. A cidade de Palmira, onde nasceu, hoje é chamada Santos Dumont. Em 2006, o governo brasileiro declarou-o herói nacional. Em 1976, a União Astronômica Internacional deu o seu nome a uma das crateras lunares.
O primeiro aeroporto do Rio de Janeiro leva o nome de Santos Dumont. Diversas ruas e praças das cidades brasileiras também foram nomeadas em homenagem ao inventor. O seu chalé em Petropólis foi transformado em museu, sendo que as invenções desenvolvidas ali foram preservadas e estão expostas ao público.

Quem inventou o avião? Santos Dumont ou os Irmãos Wright?

O início do século XX foi marcado por uma revolução tecnológica sem precedentes. Entre as novas áreas de desenvolvimento científico, estava a aeronáutica. Diversos inventores estavam em uma corrida contra o tempo para serem os responsáveis pela criação da primeira máquina voadora mais pesada que o ar. O avião é o resultado da combinação do trabalho desses idealizadores.
Mas não se pode negar que o brasileiro Santos Dumont e os irmãos norte-americanos, Wilbur e Orville Wright, são dos pioneiros da aviação que receberam mais notoriedade nesta disputa. E, até hoje, geram controvérsias sobre quem afinal foi o primeiro a ter sucesso na criação de uma máquina voadora mais pesada que o ar.

A corrida contra o tempo

Em 23 de outubro de 1906 em Paris, Santos Dumont realizou o primeiro voo com o 14-bis documentado pela Comissão Oficial do Aeroclube da França. Na presença de uma plateia de cerca de 1.000 pessoas, a aeronave percorreu 60 metros em 7 segundos, a 3 metros de altura e com velocidade de 30 km/h. Este feito lhe rendeu o título de Pai da Aviação e tornou-o célebre no mundo todo.
Santos Dumont
Alberto Santos Dumont
Entretanto, anteriormente em 17 de Dezembro de 1903, os irmãos Wright haviam realizado em sigilo o primeiro voo com o Flyer I. Na presença de poucas testemunhas, o avião percorreu 37 metros em 12 segundos, a uma velocidade de 10,9 km/h e teve a decolagem auxiliada por um sistema de trilhos.

O encontro somente aconteceu em 1908, quando os irmãos finalmente viajaram à Paris com o objetivo de participar de uma festa aérea promovida pelo Aeroclube da França. Nesta ocasião, o trabalho de Santos Dumont e dos Irmãos Wright finalmente puderam ser comparados.Foram realizados ainda outros voos que acabaram por danificar a aeronave, a qual não pôde mais ser utilizada. Os inventores informaram à imprensa a sua realização, porém não foram levados à sério, pois até aquele momento ninguém os conhecia.
Wright Brothers
Wilbur e Orville Wright
Enquanto o 14-bis realizava voos em círculos como um balão, o Flyer III possuía um sistema de 3 eixos que permitia a realização de curvas mais controladas, realizando manobras no formato de um oito. Além disso, o Flyer conseguia se manter em pleno voo por horas. Era evidente que o trabalho dos irmãos já vinha de muitos anos.
Esta aparição pública rendeu aos irmãos Wright o reconhecimento de seu trabalho. Posteriormente, o voo de 1903 com o Flyer I passou a ser reconhecido pela Federação Aeronáutica Internacional como o primeiro voo realizado com com uma máquina voadora controlada mais pesada que o ar.

A grande controvérsia

Pelas regras estabelecidas pelo Aeroclube da França, que naquela época era a instituição aeronáutica de maior prestígio do mundo, só seriam consideradas para as competições dos prêmios as invenções de máquinas que:
  • pudessem decolar de forma autônoma
  • fossem completamente controladas pelo piloto
  • cujas demonstrações fossem supervisionadas pela comissão da instituição, o que só poderia acontecer na França.
Levando isto em conta, Santos Dumont foi sim o autor do primeiro voo com uma máquina voadora mais pesada do que o ar de forma autônoma e com a presença da Comissão Avaliadora do Aeroclube da França.
O problema é que alguns historiadores da aeronáutica questionam bastante o fato do 14-bis ser uma máquina efetivamente controlada, com as suas inúmeras alavancas e comandos a aeronave funcionava muito como um balão.
Já no caso dos Irmãos Wright, o Flyer podia ser controlado com mais eficiência, porém não era capaz de levantar voo sozinho. Primeiro foram usados trilhos para impulsionar a aeronave, depois passou-se a utilizar uma torre que lançava um peso de 700 quilos capaz de impulsionar o Flyer, funcionando como uma catapulta.
Deste modo, as duas máquinas apresentavam pontos questionáveis e não completamente dentro das regras estabelecidas pelo Aeroclube da França. De qualquer forma os seus resultados eram inquestionáveis e pioneiros, contribuindo intensamente para o avanço da aeronáutica.

Comparações entre o Flyer e o 14-bis

As duas máquinas tinham pesos e tamanho parecidos, com cerca de 200 quilos, 10 metros de comprimento e 12 metros de envergadura. Porém, enquanto que o 14-bis era pilotado em pé com um sistema de arnês ligado ao corpo, respeitando a origem de balonista de Santos Dumont, o Flyer pilotava-se deitado de bruços sendo controlado por duas alavancas.
Primeiro vôo Flyer
Primeiro voo do Flyer I na cidade de Kill Devil Hills, nos Estados Unidos
Comparando a aerodinâmica, a estrutura de planador do Flyer lhe dava um melhor desempenho em relação ao design baseado no conceito das células de Hargrave do 14-bis, que funcionava como uma pipa.
Mas a principal diferença estava na própria conduta dos seus criadores. Os americanos estavam convencidos de que o melhor a fazer era manter o seu trabalho em segredo, longe dos olhos de seus concorrentes para evitar que suas ideias fossem copiadas, pois tinham um forte interesse comercial na venda do Flyer.
14 bis
Primeiro voo do 14-bis no campo de Bagatelle, em Paris
Já o brasileiro era um entusiasta da aviação e divulgava todos os seus feitos. Realizava demonstrações públicas, publicava os seus projetos e desenvolvia outras criações como os dirigíveis e até um helicóptero, que nunca chegou a ser testado. Atitude que ajudou a outros inventores a evoluir em suas próprias pesquisas e aprimorarem o trabalho.

Os outros pioneiros

A criação do avião aconteceu graças aos esforços de diferentes inventores com o sonho de voar. Antes de Dumont e os Irmãos Wright, em 1890, o francês Clément Ader percorreu 50 metros à 20 cm de altura com o seu aeroplano em forma de morcego. Em 1896, o principal rival dos Irmão Wright, Samuel Langley, fez voar um avião a vapor sem tripulação. O alemão Otto Lilienthal desenvolveu diversos planadores entre 1891 e 1896. Em 1909, Louis Blériot atravessou os 36 quilômetros do Canal da Mancha em meia hora.
Todos estes inventores foram responsáveis pela criação da aeronáutica e, cada um a seu modo, deixou um legado indispensável para a aviação dos dias de hoje.

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