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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

126.º Aniversário do nascimento de Bessie Coleman, pioneira da aviação


Conhecida como "Queen Bess" ou "Brave Bessie", Elizabeth “Bessie” Coleman enfrentou o duplo preconceito, racial e de género, por ser negra e mulher, nos Estados Unidos do início do século XX, mas venceu tudo isto, ao tornar-se a primeira aviadora negra dos EUA.

Elizabeth Coleman nasceu a 26 de Janeiro de 1892 em Atlanta, no Texas, filha de Susan e George Coleman. Foi uma das 13 crianças de uma mãe negra e de um pai mestiço de índio cherokee com negro.

Quando ainda era muito pequena, a sua família mudou-se para Waxahachie, também no Texas. Bessie cresceu lá, alternando entre o trabalho na colheita de algodão e na lavagem de roupas, com a sua mãe.

A sua família, como a maioria dos negros que viviam no sul dos EUA no início do século passado, enfrentava grandes dificuldades para sobreviver, devido à pobreza, segregação, preconceito e à violência racial.

Devido a tais problemas, o seu pai decidiu levar a família para o Oklahoma, para morar numa reserva indígena, onde ele acreditava que teriam mais probabilidades de levar uma vida melhor. Porém, a mãe de Bessie não aceitou acompanha-lo e permaneceu em  Waxahachie, com Bessie e algumas das suas irmãs.

Bessie era muito dedicada e incansável. Era autodidacta e estudava usando livros emprestados por uma biblioteca ambulante. Assim, apesar de faltar muito à escola devido ao trabalho, ela conseguiu aprovação nos exames  do ensino secundário.

Candidatou-se e foi aceite na Colored Agricultural and Normal University (actual Langston University), em Langston, no Oklahoma. Mas só estudou um semestre, pois a falta de dinheiro para sustentar-se fez com que tivesse que abandonar os estudos. Face aos problemas que enfrentava no sul, mudou-se para Chicago, onde já vivia o seu irmão Walter. Lá, estudou numa escola de beleza e passou a trabalhar como manicure no salão de uma barbearia.

Bessie começou a  interessar-se pela aviação ao ler notícias e artigos sobre o assunto. Mas parece que o que definiu mesmo a sua vocação foi uma conversa com o seu irmão, John.

John esteve na Europa, durante a I Guerra Mundial e enaltecia sempre as qualidades das mulheres francesas. Contou a Bessie que as francesas “pilotavam até aviões, coisa que Bessie nunca seria capaz de fazer”.


Isto funcionou em Bessie como uma motivação, e ela partiu à procura de escolas de pilotagem por todo o país, mas naquela época, sendo mulher, isto já seria difícil. Sendo mulher e negra, tornava-se impossível. E ela não encontrou nenhuma que a aceitasse.

Após esse fracasso, Bessie foi destaque no semanário Chicago Defender, voltado para a população negra, eleita como a melhor manicure da comunidade. Isto levou-a a conhecer Robert Abbott, redactor do jornal. Ele aconselhou-a a economizar dinheiro e mudar-se para a França, que ele acreditava ser a nação mais progressista do ponto de vista racial, e onde ela poderia conseguir a sua licença de piloto.

Bessie partiu para França e lá matriculou-se na conceituada Escola de Aviação dos Irmãos Caudron, em Le Crotoy, onde aprendeu a pilotar, voando em aviões Nieuport, de fabrico francês. E em 15 de Junho de 1921, com apenas sete meses de curso, recebeu a sua licença da mundialmente conceituada Fédération Aéronautique Internationale , sendo a primeira mulher americana a faze-lo.

Em Fevereiro de 1923, no seu primeiro voo, o motor do avião parou e ela sofreu um acidente. Retirada inconsciente da aeronave, ela partiu algumas costelas, uma perna e sofreu alguns cortes no rosto. Levou mais de um ano para  recuperar-se totalmente e só voltou a voar novamente em 1925.

No dia 19 de Junho desse ano, ela deixou milhares de pessoas extasiadas enquanto executava manobras radicais sobre um aeródromo em Houston. Era a sua primeira apresentação no seu estado natal do Texas, e brancos e negros compareceram em massa, porém as arquibancadas também eram segregadas.

Embora percebendo que teria que trabalhar dentro deste esquema de segregação, Bessie resolveu tentar usar a sua fama para desafiar as barreiras raciais.

Logo depois da exibição em Houston, ela retornou à sua cidade natal, Waxahachie, para uma nova exibição. Como em Houston, brancos e negros assistiriam à demonstração em sectores separados. Os promotores haviam inclusive preparado portões de entrada separados, com as inscrições “brancos” e “negros”, mas Bessie  recusou-se a fazer a sua apresentação, a não ser que todos entrassem pelo mesmo portão. Após algumas negociações, ela conseguiu o seu objectivo e brancos e negros entraram pelo mesmo portão, apesar de se acomodarem em sectores diferentes.


No dia 30 de Abril de 1926, ela voava no seu Jenny , em preparação para uma nova  exibição em Jacksonville, na Flórida. Saltos de para quedas  tinham sido incluídos na exibição, e ela procurava  locais onde poderiam ser feitos saltos de para quedas. Deixando o seu mecânico, o também piloto William Wills nos comandos, ela tirou o cinto de segurança e ficou de pé sobre o assento traseiro para ver melhor sobre a alta borda do cockpit. Subitamente, o avião baixou o nariz, e Bessie ficou sob a acção de uma força G negativa, sendo atirada para fora do avião, e morrendo ao bater no solo. Wills ainda tentou controlar a aeronave, mas também faleceu quando o avião se estatelou ao lado do aeródromo.

Bessie Coleman  deixou-nos a mensagem de que um sonho não tem raça, sexo nem classe social. E que, às vezes, pode até  tornar-se realidade.

File:Bessie Coleman, First African American Pilot - GPN-2004-00027.jpg
Bessie Coleman, c.1922
File:Bessie Coleman and her plane (1922).jpg

A Licença de aviação de Bessie Coleman
File:Coleman-licens.jpg
Homenagem Google a Bessie Coleman

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