Miguel Viegas, deputado do PCP no Parlamento Europeu, esteve na semana passada em Liège de visita a um dos armazéns usados pela Comissão Europeia para guardar o leite em pó comprado nas diversas intervenções previstas na PAC para evitar a derrocada dos preços.
Na sequência do fim das quotas leiteiras, a compra e o armazenamento de leite em pó representa o único instrumento disponível para regular o mercado. Mas como ficou provado este instrumento mostrou-se totalmente inoperante. Existem hoje 380 mil toneladas de leite em pó armazenado, grande parte dos quais resultante de compras entre 2015 e 2016.
Esta situação coloca dois problemas de grande relevância: em primeiro lugar, futuras compras estão neste momento vedadas tendo em conta que o limite máximo de armazenamento está esgotado; em segundo lugar, e tendo em conta que o prazo de validade de três anos estará quase esgotado para uma parte significativa do leite em pó armazenado, coloca-se a questão sobre o destino a dar-lhe. As ofertas de leite em pó a 119 euros/ton não têm suscitado o interesse da indústria. Ou seja, estamos na eminência de ter de destruir milhares de toneladas de leite, quando milhões de pessoas são afectadas pela fome e sub-nutrição.
Esta situação demonstra a completa falência da estratégia liberalizadora da PAC e do erro que foi a eliminação das quotas leiteiras. A atual situação, para além de completamente insustentável e ineficaz, representa um desperdício de recursos para as finanças da UE que compraram o leite a 160-170 euros/t e continuam a custear a armazenagem, vendo-se agora sem soluções para escoar as 380 mil toneladas armazenadas.
O PCP, através do deputado Miguel Viegas, dirigiu uma questão à Comissão Europeia (em anexo) sobre o assunto. O PCP reclama uma intervenção urgente que evite o desperdício de todo o leite cujo prazo de validade está a chegar ao fim, que poderá passar pelo seu escoamento através do Programa Alimentar Mundial e do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados. Reclama também a reposição dos instrumentos públicos de regulação da oferta por forma a evitar excedente e salvaguardar a produção em cada estado.
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