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Ainda fascinado com o show do Chico Buarque, que vi há poucos dias no Rio (vou escrever sobre ele), assisto assustado (não devia estar, né mesmo?) a trechos da farsa farsesca dos três patetas, ops!, desembargadores, plena de penduricalhos, juridiquês & outras pomposidades, encenada ontem em Porto Alegre. Foi quando me lembrei das aliterações de um de meus poemas e também da “Ode aos Ratos” do Chico: “Rato que rói a roupa/ Que rói a rapa do rei do morro/ Rato que rói o rato/ Roto que ri do roto/ Que rói o farrapo/ do esfarra-rapado/ Rato que rói o rato/ Tenaz roedor/ De toda esperança”. Pois é: por & pelo “desembargo/descargo de consciência”, tudo a ver.
“Ode aos Ratos”, parceria com Edu Lobo, foi composta para o musical “Cambaio”, de 2001. Anos e anos antes, 1968, eu escrevi o poema que vai em anexo, “Little King & Mickey Mouse in Wonderland”, publicado em meu primeiro livro, “Selva Selvaggia”, de 1976. Tempos depois, folheando o livro, uma namorada carioca me disse ter estudado o poema no colégio, numa aula de literatura. Foi quando perguntei: “Será que seus colegas analisaram ´o bicho´ direito, entenderam as metáforas, rerroeram as entrelinhas?”. Perguntas que deixo a vocês agora. De certa forma, meu poema de 1968 parece antecipar a letra do Chico. Meu Zeus! Lá se vão 50 anos e tudo ainda é tal e qual. “E, no entanto, nada igual”, diria Caetano. Ou não?
ouvir a canção do Chico na voz do próprio:
VÍDEO
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