EDUARDO GAGEIRO
Sophia de Mello Breyner Andresen na casa da Travessa das Mónicas, 1964. Fotos encontradas em diariosdemarie.blogspot.pt |
"Já conhecia a Sophia de quando trabalhava na revista "Eva" e ela simpatizou comigo. Estava muito à vontade. Era quase da família. Naquele caso ela estava em casa assim e limitei-me a disparar. Era uma mulher com uma postura corporal fantástica, elegante, muito educada, e confiava em mim."(*)
Um Artista Português
Fotógrafo português nascido a 16 de Fevereiro de 1935, em Sacavém. Durante os anos 40 e 50 foi empregado de escritório na Fábrica de Loiça de Sacavém (1947-1957). Convivia diariamente com artistas plásticos que tiveram grande influência na sua decisão de se tornar fotojornalista.Com 12 anos publicou, com honras de primeira página, a sua primeira fotografia no Diário de Notícias. Mais tarde, com 20 anos, começou a sua actividade de repórter fotográfico no Diário Ilustrado. A partir desta altura começa a colaborar com publicações como O Século Ilustrado, Eva, Match Magazine, Sábado (da qual era editor), entre outras. Torna-se também fotógrafo de instituições como a Companhia Nacional de Bailado, Presidência da República e Assembleia da República. É membro de honra de várias organizações fotográficas internacionais e detentor de vários prémios. Vive em Lisboa onde mantém a actividade como free lancer.
(In, Infopédia. Porto Editora, 2012)
(In, Infopédia. Porto Editora, 2012)
Bairro Alto, Lisboa, 1969. Foto encontrada em imagespwr.blogspot.pt |
Ericeira, 1973. Foto encontrada em 2.bp.blogspot.com |
Orson Welles no Hotel do Guincho. Foto sem data
(talvez do fim dos anos 60) encontrada na net.
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"Ele era inacessível. Esteve em Portugal, mas só o apanhávamos a entrar e a sair do Hotel do Guincho. Como eu era amigo do dono do hotel pedi-lhe que intercedesse por mim. O sr. Wells lá condescendeu, mas avisaram-me: 'Tens de ser rápido." A única coisa que lhe pedi foi que se aproximasse da janela. Fiz duas fotografias. Num retrato é importante que haja uma empatia entre fotógrafo e fotografado. Se não existe, isso reflecte-se nos olhos do retratado. Vê-se que Orson Wells estava ali a aturar-me."(*)
" a do Raul Solnado é inusitada. Tinha combinado uma reportagem com ele e como estava para breve a inauguração da ponte sobre o Tejo sugeri irmos para lá. Ele era um tipo fantástico, das melhores pessoas que conheci. Fizemos coisas malucas, como a fotografia dele no esgoto."(*)
Miguel Torga, 1985. Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt |
"Nessa altura eu era fotógrafo do presidente Eanes e andava a fazer um livro sobre o Alentejo, mas não tinha ninguém para escrever o texto. O Eanes pôs-me em contacto com o Torga. Ele aceitou, mas disse-me que cobrava cem contos. Um dinheirão em 1985. Quando conheci Torga, aproveitei para o fotografar, mas pensei: "Tramaste-me com os 100 contos, tramo-te com as meias." (Risos.) Não sou nada vingativo e aquilo ficou giro. Mas a história não termina aqui. Fui a Coimbra com o recibo do pagamento e ofereço-lhe umas fotos minhas do Alentejo. No meio da conversa, ele abre o armário e pergunta: "Já leu o meu último diário?" Respondi: "Não li, sr. doutor." Ele tinha montes de livros no armário, tinha acabado de receber 100 contos e responde-me: "Vendem aqui em baixo, na livraria." Não gostei, claro. Depois pedi-lhe um autógrafo e ele não achou graça.(*)
Gina Lollobrigida na Festa Patiño em Alcoitão, Cascais, 1968. Foto copiada de uma revista. |
"tinham um fotógrafo estrangeiro e um português, um bate-chapas de quem não vou dizer o nome. O resto ficava ao portão. De repente vejo um tipo que eu conhecia dentro de um carro e pedi-lhe que me deixasse esconder no banco de trás. Parecia uma criança numa loja de brinquedos. Aquilo era só vedetas. Fiz dez fotos e fui expulso. O fotógrafo português entregou-me à segurança."(*)
"Às cinco da manhã recebi um telefonema de um amigo: "Vai para o Terreiro do Paço que é hoje." Chego lá, mas um soldado não me deixa passar. Com uma grande lata, digo que sou amigo do comandante. Mentira, nem sabia quem era. Apresento-me e o Salgueiro Maia diz para eu andar com ele. Não tenho a mania que sou herói, mas a fotografar nem penso no medo. Ouvi três vezes "Fogo", quando o Salgueiro Maia estava na Avenida da Ribeira das Naus. Foi o primeiro confronto entre os militares e os fiéis do regime. Felizmente recusaram as ordens de disparar. Depois entra-se numa fase de negociação, o interlocutor era um homem chamado major Pato Anselmo, que me disse: "Se me fotografas, mato-te.". Fiquei no mesmo sítio. É nesse momento que se resolve a revolução, quando o major é preso. Tenho essa sequência toda. O Salgueiro Maia dizia que a minha fotografia era histórica. Ele vem a morder o lábio para não chorar, porque foi naquele momento que se decidiu o 25 de Abril. Foi o dia da minha vida."(*)
1º de Maio de 1974. Foto encontrada em largodamemoria.blogspot.pt |
Barbeiro, Santa Isabel, Lisboa, 1976. Foto do Arquivo Fotográfico da CML. |
"Sou autodidacta. Aprendi com os jornalistas, com os livros que li, com revistas como a "Life" e com os artistas da Fábrica de Louça de Sacavém. Trabalhei lá com 13 anos, como paquete. Passava a vida a conversar e a tirar fotografias. O pior empregado de escritório. Depois fui manga-de-alpaca. Mas foi óptimo, porque tive um contacto mais directo com os operários. Mostrava as fotografias ao escultor Urbano Mesquita e foi ele que me ensinou o lado estético."(*)
Salazar, 1962 (tal qual o Infante em Sagres sonhando com Áfricas).
Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt
Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt
Vendedor de banha da cobra, Lisboa, 1957.
Foto encontrada em biclaranja.blogs.sapo.pt
Foto encontrada em biclaranja.blogs.sapo.pt
Desfile do 25 de Abril, Lisboa, anos 80 (Eduardo Gageiro, et al.). Foto de Mario Bastos encontrada em flickr.com
*(excertos da entrevista de Vanda Marques a Eduardo Gageiro
para o jornal i, sá
de Janeirocitizengrave.blogspot.pt de 2011)
de Janeirocitizengrave.blogspot.pt de 2011)
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