Indicação de Condoleezza Rice para a diretoria do Dropbox revolta usuários
A ex-secretária de estado de George W. Bush é acusada de ser uma das responsáveis por autorizar programas de espionagem contra cidadãos comuns
A ex-secretária de estado americana Condoleezza Rice (David Cannon/Getty Images)
Usuários da ferramenta on-line Dropbox, utilizada para armazenagem e compartilhamento de arquivos na internet, iniciaram nesta sexta-feira uma série de petições para tentar reverter a indicação de Condoleezza Rice para a diretoria da empresa. A ex-secretária de Estado americana, que exerceu o cargo entre 2005 e 2009 na administração do presidente George W. Bush, é acusada pelos internautas de ser uma das responsáveis pelos programas de espionagem de cidadãos que não são suspeitos de terrorismo. As denúncias contra os altos funcionários das gestões de Bush e Barack Obama se tornaram frequentes após o ex-analista de inteligência Edward Snowden vazar arquivos sobre os métodos de monitoramento de dados empregados pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) dos Estados Unidos.
Segundo a empresa, a escolha de Condoleezza para o cargo tem o objetivo de expandir a marca pelo mundo. Os usuários, no entanto, alegam que ter a imagem da ex-secretária representando a marca não é condizente com as garantias de privacidade que a empresa diz oferecer em sua política de compartilhamento de arquivos. “Isso é preocupante. Qualquer pessoa – ou qualquer negócio – que valoriza a ética deveria estar receosa”, disse um dos portais que convocaram um boicote contra o site, conforme reportou a rede britânica BBC.
No Twitter, usuários lançaram uma campanha com a hashtag #DropDropbox (abandonem o DropBox, em tradução livre), que ironiza o nome da empresa. Uma petição contra a escolha de Condoleezza também reuniu aproximadamente 3.000 assinaturas nas primeiras horas em que esteve no ar. Além de condenarem o envolvimento da ex-secretária com a espionagem da NSA, os usuários criticam o papel exercido por ela durante a ofensiva dos Estados Unidos contra o regime ditatorial de Saddam Hussein no Iraque.
Especialistas, contudo, preveem que as campanhas não deverão durar por muito tempo. Chris Green, analista tecnológico do grupo Davies Murphy, afirmou que a diretoria da empresa não deverá se preocupar com o protesto de alguns milhares de usuários, mas, sim, com a constanteameaça dos concorrentes no mercado, que incluem plataformas das gigantes Microsoft, Google e Amazon. “A ampla maioria dos 275 milhões de usuários da companhia não deve se preocupar com curta campanha negativa que a indicação de Condoleezza Rice está trazendo ao Dropbox. A revolta está muito mais ligada à insatisfação com o seu papel no governo do que com uma preocupação genuína com a segurança dos dados armazenados pela empresa". A empresa Dropbox ainda não se manifestou sobre as críticas à contratação de Condoleezza, mas se disse "honrada" por tê-la na diretoria.
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