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quarta-feira, 20 de julho de 2011

A crise do capitalismo e o acentuar das desigualdades e da exploração -A crise que vivemos expôs a fragilidade estrutural do sistema capitalista, confirmou as tendências da concentração e a centralização do capital, a financeirização da economia, desfaz o mito da superioridade do capitalismo, da economia de mercado e do neoliberalismo.

Quarta-feira, 20 de Julho de 2011


Um mundo em mudança

A crise do capitalismo e o acentuar das desigualdades e da exploração

É com preocupação que assistimos às notícias sobre o estado do mundo em que vivemos. Os textos aqui escritos há dias, são um insignificante exemplo do que se desenha neste mundo em transformação acelerada. 


O estrebuchar do sistema capitalista neo-liberal

A crise que vivemos expôs a fragilidade estrutural do sistema capitalista, confirmou as tendências da concentração e a centralização do capital, a financeirização da economia, desfaz o mito da superioridade do capitalismo, da economia de mercado e do neoliberalismo.

É hoje indesmentível que este sistema mergulha nas suas contradições, agrava o desemprego, a exclusão social e a vida dos trabalhadores. Regrediram os sistemas públicos de Saúde, de Educação, de Previdência, os direitos dos trabalhadores e aumentou a precarização do trabalho.
 
 
O capitalismo já não esconde que piora as condições de vida da maioria da população e aumenta a riqueza de uma pequena minoria, acentuando as desigualdades sociais.
A lógica deste sistema em que o lucro de alguns é a lei, põe em causa o equilíbrio do planeta do ponto de vista económico, social e ambiental que, a continuar, extinguirá a vida na Terra.

A esperança da humanidade continua a residir, e agora mais que nunca, na libertação da sociedade deste sistema injusto e nos ideais do Socialismo.

Conhecer as razões e aprender com os erros

Passados 20 anos da derrota da URSS, trabalhadores , intelectuais e muitos que não se conformam com o estado a que chegou a sociedade, fazem um balanço das experiências concretas de construção do socialismo.

Há que analisar por que foi derrotada, naquele período histórico, a hegemonia política e cultural que prosseguia rumo ao socialismo. Houve avanços significativos, económicos sociais e culturais, grandes conquistas da classe trabalhadora, mas, apesar disso, a consciência ideológica e participação não cresceram o suficiente para consolidar os avanços sociais. É um facto que a "Guerra Fria", a constante ameaça militar, o boicote económico e o permanente ataque ideológico dos países capitalistas, explorando as debilidades, os preconceitos e valores burgueses, foram factores poderosos que obrigaram os países socialistas a grandes perdas de energias, numa luta em muitos casos desigual.


Dificuldades vencidas


Não era desconhecida a dificuldade de construção do socialismo num só país, em confronto com um sistema implantado em quase todo o mundo, mas mantinha-se a perspectiva de expansão mundial da revolução socialista. A Guerra e a ameaça do Nazi-fascismo, obrigou a medidas muito duras, como o desvio de meios da agricultura para a indústria e a colectivização forçada dos campos, que aumentaram as tensões internas na URSS.

 
A guerra foi ganha com elevadíssimos sacrifícios, humanos e materiais. O grande parte do território, das infraestruturas e meios de produção foram destruídos. Mais de 20 milhões de soviéticos foram mortos, entre os quais jovens e os melhores quadros do Partido Comunista.

As potencialidades do socialismo

Apesar disso, o desenvolvimento da União Soviética e dos países do Leste europeu nas décadas do pós Guerra, foi intenso. Em meados dos anos 50, a URSS e os países socialistas europeus estavam reconstruídos. Os problemas prioritários - a fome, a habitação e o desemprego - foram resolvidos e, nas décadas seguintes, o bloco Socialista europeu atingiu níveis de desenvolvimento por vezes mais elevados - como na educação, saúde, desporto, cultura e apoio social - que os dos países capitalistas mais desenvolvidos.

Avanço civilizacional 


Alguns números evidenciam o carácter de justiça social e de distribuição dos rendimentos, do nível das conquistas sociais alcançadas: o desemprego foi eliminado, a diferença entre o maior e o menor salário era de no máximo 5 vezes; o número de aparelhos de rádios e televisão, frigoríficos, fogões e outros bens de consumo duráveis prioritários, equivalia ao número de domicílios; eram garantidos, em média, 2 anos de licença maternidade; a compra ou aluguer da casa própria exigia um esforço de 7 a 10% do salário; os alimentos e transporte públicos eram de muito baixo preço; a escolaridade era de 9 anos já na década de 60; todos tinham direito ao desporto, à cultura organizada, ao lazer, ao estudo nas Universidades e instituições de ensino superior, que ofereciam formação de alta qualidade; livrarias e editoras seguiam a mesma política, disponibilizando livros e materiais diversos a baixo preço para toda a população.



Democracia participativa


A participação dos trabalhadores foi estendida desde as empresas aos sindicatos e organizações de massas, que discutiam e opinavam sobre os grandes temas a serem decididos pelos órgãos deliberativos. As eleições, em geral, realizavam-se no sistema descentralizado, podendo ser apresentados candidatos lançados pelos partidos (Hungria, Polónia e Alemanha Oriental tinham mais de um partido), sindicatos, comissões locais, e organizações populares e de massas.

O apoio aos povos subjugados

A "Guerra Fria", impôs aos países socialistas elevados gastos militares e o desvio de muitos meios económicos, técnicos e humanos que faltaram na indústria e outras actividades. Exigiu ainda o fecho de fronteiras e grande rigor na segurança interna que provocaram descontentamentos e desgastes.

Mesmo assim, foram dadas substanciais ajudas a muitos povos e países que se libertavam da exploração capitalista e colonial. Esses exemplos de uma nova ordem social, económica e política mais justa, alastraram e permitiram que diversos países se desenvolvessem soberanamente. Hoje, os povos e trabalhadores de todo o mundo, teriam muito a ganhar com a presença da URSS no cenário mundial. Mesmo nos países capitalistas desenvolvidos, os trabalhadores conseguiriam reivindicar e obter muitos dos direitos obtidos nos países socialistas.

Erros a não repetir

Nesta luta de forças, da construção do socialismo, cometeram-se erros e descuidaram-se aspectos essenciais da vida política e social. Em especial afrouxou-se a participação dos trabalhadores e populações na vida local e nacional. A burocratização do exercício do poder cresceu erradamente.

Porventura a dinâmica da luta de classes, não foi bem acompanhada face ao capitalismo em desenvolvimento. Terá havido uma forma mecanicista de aplicado o Materialismo Histórico e Dialéctico, no decurso do processo e face às diferentes situações. As dificuldades e o facto de pela primeira vez na História, a classe operária assumir um papel de direcção e transformação da sociedade, levaram a erros que criaram algum afastamento entre o Partido e a massa trabalhadora, com a perda progressiva do papel interventivo e político do Partido e a redução da participação e controlo dos trabalhadores na política em todos os níveis. Tudo isso se estendeu aos sindicatos e estruturas representantes dos trabalhadores e do Poder Popular, que se desligaram das massas.



Aprender, revigorar a esperança e a luta


No momento conturbado que vivemos, é necessário reflectir e compreender, aprendendo com os erros, para se avançar na luta implementará o socialismo. Hoje, com a derrota da URSS e do Bloco de Leste, o capitalismo encontrou o campo aberto para aumentar a exploração e retirar os direitos que a evolução civilizacional permitiu. Acentua-se a luta de classes. 


Não ceder aos velhos preconceitos


Explorando a derrota da URSS, o capitalismo, com os poderosos meios comunicação nas suas mãos, desenvolve massivas campanhas de intoxicação de propaganda e Marketing apoiados na, ainda, muito forte cultura do pensamento liberal, dos valores burgueses, da lei da selva, da competição sem olhar a meios, do individualismo, da banalização da violência por interesses egoístas, da descrença nas estruturas participativas e colectivas, das ideias de que a política é para os políticos, da crença que os políticos e os partidos são todos iguais, e por isso do descrédito nas possibilidades de superação dos problemas sociais, da descrença na luta contra o sistema capitalista, fazendo crer que o socialismo morreu.

O futuro está nas nossas mãos

O sistema de "democracia" representativa, formal, limitada ao voto de quatro em quatro anos, que resulta na escolha dos mesmos, está concebido para manter o poder na burguesia e a submissão dos trabalhadores.
No actual enquadramento político e social, que limita fortemente a tomada de posição dos trabalhadores subjugados, é cinismo dizer que há liberdade de escolha. Não é sensato considerar que, por via eleitoral, se possa impor o socialismo. Nem no Chile, onde as eleições deram a vitória à opção socialista, o capitalismo aceitou a democracia do voto e impôs, pela força, uma ditadura (a de Pinochet).



Como superar este ciclo vicioso?

- O capitalismo está em crise e não terá muitas soluções para a resolver.
- Crescem a contestação ao capitalismo e os exemplos de países que se libertam progressivamente.
- É hoje mais evidente que se intensifica a luta de classes, com o grande capital a tentar ganhar tudo o que pode antes que a corda rebente.
- A luta, a solidariedade, a unidade, a organização e participação na vida política e social, nas empresas e organizações de classe, desenvolvem as consciências e permitirão que a balança penda para o lado da grande maioria, o dos trabalhadores.



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