14 de Julho de 2011
AS TAREFAS DOS COMUNISTAS
Governantes e propagandistas da política de direita dizem todos os dias que «isto está mau» e que «isto vai piorar» – verdades que dispensavam enunciação, tão conhecidas são, por experiência própria, da imensa maioria dos portugueses.
É claro que o que pretendem com isso é banalizar essa realidade, fazê-la aceitar como coisa natural, mais do que isso, inevitável e, portanto, sem remédio... – sabendo que essa é a melhor forma de preparar o terreno para prosseguirem a política que conduziu o País à situação actual e para aplicar as sinistras medidas decretadas pela troika ocupante e aceites de cócoras pela troika colaboracionista.
Não dizem, no entanto, por que é que «isto está mau» nem por que é que «isto vai piorar» – e, furtando-se a responder a essas questões ou inventando falsas respostas, é ainda e sempre no prosseguimento da política de direita que continuam a pensar.
E não dizem, sobretudo, que «isto está bom» e que «isto vai melhorar» – verdade incontestável esta, se pensarmos nos verdadeiros beneficiários da política de direita: os grandes grupos económicos e financeiros – e, naturalmente os seus staffs nucleares, onde avultam os governantes e políticos da política de direita que, em sucessivos governos, a têm vindo a aplicar ao longo de trinta e cinco anos e os propagandistas que, nos media propriedade do grande capital, sustentam ideologicamente essa política.
Portanto, resumindo e repetindo: «isto está mau», de facto, para os trabalhadores e para o povo, para os quais «isto vai piorar» se não for posto termo à política de direita que conduziu o País à dramática situação actual; mas «isto está bom» para os grandes grupos económicos e financeiros cujos interesses essa política serve – e «isto vai melhorar» para os mesmos se a dita política prosseguir.
Daí que pôr ponto final na política de direita e nos governos que a praticam se coloque como o primeiro grande objectivo dos trabalhadores, do povo e do País.
Como acima se disse, que «isto está mau», sabem-no melhor do que ninguém os que trabalham e vivem do seu trabalho – atormentados com salários que não chegam para comer, e com o desemprego, e com a ameaça de desemprego, e com as ameaças, chantagens e represálias nos locais de trabalho por exercerem direitos que a Constituição da República Portuguesa lhes confere, e com a anunciada ofensiva da legislação anti-laboral.
Que «isto está mau» sabem-no os que já trabalharam e descontaram e por isso têm direito a reformas e pensões dignas e não à miséria a que a política de direita os condenou; sabem-no centenas de milhares de jovens, condenados à insegurança e à exploração da precariedade, ou sem perspectivas de emprego, ou ameaçados pelo roubo da casa que compraram na base de um acordo que agora é alterado e subvertido; sabem-no três milhões de famílias às quais vai ser roubado metade do subsídio de Natal – que «isto está mau» sabe-o, enfim, a imensa maioria dos portugueses sobre a qual recai o essencial das consequências nefastas de trinta e cinco anos de política de direita, o roubo de direitos fundamentais, a pobreza, a miséria, a fome.
E sabendo que «isto está mau» há que impedir que isto vá para pior, o que só será conseguido derrotando a política geradora de todos esses males e substituindo-a por uma política e por um governo patrióticos e de esquerda que iniciem a resolução dos muitos e muito graves problemas existentes.
O caminho capaz de conduzir a essa mudança necessária é a luta de massas: a luta nas empresas e locais de trabalho, nos locais de residência, nas escolas, nos campos, em todo o lado onde as consequências da política de direita se fazem sentir flagelando direitos e interesses da imensa maioria dos portugueses – uma luta que hoje mesmo estará na rua, em Lisboa e no Porto, em acções inseridas na semana de luta convocada pela CGTP-IN; uma luta que no futuro assumirá, inevitavelmente, expressões de massas ainda mais relevantes.
Por isso, são tempos de luta os tempos que vivemos.
Luta difícil, sabemo-lo bem.
Mas luta que, sabemo-lo igualmente, é determinante para alcançar os objectivos traçados.
Luta que exige forte mobilização das massas trabalhadoras e populares através do esclarecimento e da consciencialização; da superação dos múltiplos obstáculos erguidos pelo poder dominante à acção organizada das massas; do combate à ofensiva ideológica que tem como linhas centrais o cacharolete das velhas teses da «resignação», do «conformismo, da «passividade», do «não vale a pena», das «inevitabilidades» – versões actualizadas de teses ainda mais antigas e que, hoje como ontem, a força organizada dos trabalhadores estilhaçará completamente.
Luta cuja preparação constitui, nas circunstâncias actuais, a tarefa fundamental e prioritária do grande colectivo partidário comunista.
E por tudo isso, são tempos difíceis os tempos que vivemos – como difíceis são de alcançar os objectivos pelos quais nos batemos.
Mas cá estamos. Com confiança.
Como sublinhou o camarada Jerónimo de Sousa , no comício da semana passada, em Lisboa, vivemos «tempos em que os comunistas são chamados a redobrar o trabalho para cumprir o seu insubstituível papel ao lado dos trabalhadores e do povo, combatendo a exploração, as injustiças, as desigualdades, mas também a resignação, dinamizando a resistência e a luta».
E assim será: os comunistas redobrarão o trabalho e cumprirão o seu papel histórico.
Como sempre fizeram ao longo dos noventa anos de vida do seu Partido.
Fonte: Jornal "Avante!"
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